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Papai Noel é o personagem mais procurado pelo público. Além dele, outras figuras natalinas garantem renda extra neste fim de ano. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

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Uma intepretação encantadora revigora o verdadeiro sentimento natalino, mesmo em um ambiente que estimula o consumismo. Sorridente, um duende utiliza expressões marcantes ao recepcionar crianças e adultos que se dividem entre compras e um rápido momento de experiência lúdica que desperta, até mesmo nos mais velhos, memórias do Natal. Davison Wescley Silva de Melo incorpora o personagem, conduz o papel admiravelmente e se envolve em uma atmosfera que não dá espaço à tristeza.

Há dez anos atuando como ator, Davison coleciona inúmeros papeis em espetáculos. Neste fim de ano, porém, ele se dedica a interpretar um duende no espaço natalino do Shopping RioMar, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, garantindo uma renda extra e despertando no público um momento lúdico. Caracterizado, o ator se apresenta devidamente maquiado, entretanto, o que maquiagem nenhuma garante é a permanente feição de felicidade e gentileza, que deve ser a marca de todos os 12 profissionais envolvidos na encenação. Nesse sentido, Davison não economiza sorrisos e garante a felicidade natalina dos consumidores do centro de compras.

“Sou o duende do Papai Noel que sempre ajuda ele a arrumar os presentes. Tento fazer da forma mais lúdica possível para não traumatizar as crianças, porque algumas nunca tiveram contato com o Natal, com os personagens. Estamos caracterizados, fantasiados, e elas podem de cara olhar para a gente, por isso tentamos ir o mais devagar possível. O que fazemos é encarnar o personagem e saber que todo mundo tem problemas, mas precisamos deixar fora do nosso trabalho e sempre tratar as pessoas como a gente queria ser tratado. É um período que dá para tirarmos uma grana legal e ficarmos tranquilos por um certo período”, relata.

Anayra Bandeira e Davison Wescley Silva em cena no RioMar. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Antes de entrarem em cena, os atores passam por maquiagens detalhadas e, em seguida, se vestem com as fantasias. Procedimento bem familiar para Anayra Bandeira, atriz há 14 anos; no centro de compras, ela interpreta o pinheiro natalino. De acordo com a profissional, além do encanto visual proporcionado pelas decorações do shopping e interpretações dos atores, o trabalho transmite momentos de leveza aos visitantes. “A gente consegue transformar com as surpresas de Natal. Acho que a grande surpresa é essa transformação, de quando alguém chega estressado ou com uma cara triste, e depois se alegra conosco. Contamos histórias, tiramos fotos, existem os brinquedos também que fazem interação com as crianças”, descreve Anayra.

Todos os atores que interpretam os personagens natalinos trabalham em uma produtora artística contratada pelo RioMar para oferecer ao público as encenações temáticas. De acordo com Cláudia Maria Pereira, coordenadora de eventos da ‘Capibaribe’, a produtora em questão, o marketing do centro de compras definiu as características do espetáculo; essas definições foram repassadas aos intérpretes que passaram a estudar seus papeis antes de entrarem em cena.

No total, o trabalho no shopping terá duração de 50 dias. As atividades iniciaram no dia 7 de novembro. Segundo a coordenadora de eventos, cada profissional recebe R$ 100 por dia trabalhado. “São pagos por dia de trabalho. Eles recebem diárias e são seis horas por dia de atuação para cada ator. Trabalhamos com pessoas que têm essa coisa no sangue, que é receber bem o público. Precisamos estar sorrindo sempre”, comenta Cláudia Maria.

“Papai Noel ganha muito bem para estar no shopping”

As filas e olhares fotográficos indicam quem é o personagem mais procurado pelas crianças. Papai Noel lidera claramente o ranking de atenção dos visitantes. Todos querem, ao menos, uma imagem do bom velhinho registrada com seus celulares.

Como é de praxe, o personagem precisa expressar felicidade e entoar boa receptividade aos visitantes. Seu discurso também compactua com o que se espera do espírito natalino: amor, fraternidade, compaixão, respeito e outras inúmeras boas atitudes.

Antônio Lucatelli atua como Papai Noel há dois anos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

O aposentado Antônio Lucatelli, de 65 anos, reside em Fortaleza. Dois anos atrás, ele foi convidado pelo seu irmão gêmeo, que na época já trabalhava como ator no papel de Papai Noel, para conduzir o mesmo personagem. Antônio assim fez. E não se arrepende, ao nutrir a função de amor e carinho a cada pessoa que é tomada pelo clima natalino.

Vinculado a uma produtora que conta com atores em várias cidades nordestinas, Antônio, neste ano, foi direcionado a trabalhar no RioMar da capital pernambucana. Durante seis horas, no turno da manhã e em parte da tarde, ele recebe os clientes do centro de compras e garante: o trabalho é gratificante.

“No final da vida, uma pessoa quando está idosa, ela procura sempre emoções. Ser Papai Noel é encarnar uma emoção muito grande, porque é a parte divina do trabalho da gente, que são a alegria e o coração das crianças. Há muitos adultos que se emocionam muito com o Papai Noel, porque representa muitas coisas: representa Cristo, o nascimento de Jesus e a família. Por isso o personagem tem essa importância toda na vida das pessoas. Só trabalho como Papai Noel e no fim de ano”, relata o ator.

Na relação com o público, Antônio analisa o comportamento das pessoas. Para ele, o trabalho é gratificante de qualquer maneira, mas, em determinados momentos, é perceptível que alguns pais apresentam comportamentos corrigíveis. “Às vezes, encontro pais intransigentes com as crianças e Papai Noel não gosta disso. Às vezes os pais dão mais trabalho que as próprias crianças. Elas têm muita alegria e inocência dentro delas e se fazem algo errado, é porque foram mal educadas e a culpa não é delas”, explica.

Sem revelar valores, Antônio afirma que as remunerações pagas aos atores que interpretam o Papai Noel, geralmente, não generosas. “Papai Noel ganha muito bem para estar no shopping. Mas, a principal função não é o valor que ele está ganhando, e sim ter a oportunidade de ser Papai Noel e de iluminar as crianças. No nosso trabalho, precisamos ter uma cultura, uma educação, para tratar os pais”, acrescenta.

De acordo com o Shopping RioMar, neste fim de ano, 100 mil pessoas devem passar pelo centro de compras por dia. A empresa responsável pelo trabalho do Papai Noel preferiu não revelar a diária paga ao ator.

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