Tópicos | El último Vuelo del Côndor

Economista e ex-funcionário de grandes instituições financeiras, Marcelo Antinori decidiu mudar os caminhos de sua carreira profissional e se dedicar a literatura em tempo integral. A mudança ocorreu no ano de 2011, que para ele registrou o começo de uma nova fase. O brasileiro que vive em Washington, nos Estados Unidos, possui três romances publicados, sendo dois em português e um em inglês e espanhol.

Apesar de afirmar gostar de manusear os livros físicos, Antinori acredita que os digitais possuem vantagens únicas, especialmente no momento da publicação de autores independentes. Prestes a lançar seu próximo livro - que possui o título provisório de O Macaquinho com Roupa de Napoleão, o autor conversa com o Portal LeiaJá e revela suas inspirações e o motivo pelo qual acredita e investe na publicação de livros digitais. 

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Por que a dedicação aos livros digitais?

Como leitor, no início resisti à ideia, mas acabei por me render, pois o livro digital é muito mais confortável. Tenho um pequeno Kindle (aparelho leitor de livros digitais). Não pesa para carregar, está sempre comigo, compro o que quero com facilidade, pago bem menos que um livro tradicional e sempre que viajo levo comigo uma pequena biblioteca no bolso da calça.

Qual a grande vantagem dos e-books?

Para os autores, a grande vantagem do livro digital é que ele facilita e reduz o custo da publicação. Para os leitores, ele permite que em qualquer cidade do Brasil (mesmo onde são poucas as livrarias) leitores possam ter acesso a uma infinidade de títulos a um preço bem inferior ao que hoje se paga por um livro – provavelmente quando o mercado se equilibre o preço médio de um livro deva cair para menos de 10 reais. Acredito que os livros digitais representam uma nova oportunidade para desenvolver o habito da leitura em nossos jovens e não devemos desperdiçá-la.

O mercado literário para e-books está em expansão, mas você acredita que ele pode realmente vingar aqui no Brasil?

No Brasil, o livro digital ainda é uma novidade, mas é apenas uma questão de tempo. Segundo a Receita Federal, cinco milhões de pessoas apresentaram declaração de Imposto de Renda por tablets e smartphones em 2013. Isto significa que, mesmo sem contar os jovens em idade escolar que ainda não fazem declaração, já existe um enorme mercado potencial para o livro digital. E não esqueça que, segundo as informações recentes publicadas pela Câmara Brasileira do Livro, no Brasil já são 28 mil os títulos à venda em formato digital.

Desde quando você escreve romances?

Escrever sempre foi uma paixão e aos vinte anos cheguei a publicar um livro, Os Enfrentantes, sobre as greves nos canaviais de Pernambuco, que foi bem recebido pela crítica. Na época não considerei a possibilidade de ser escritor e, como queria melhorar o mundo, fui ser economista e até entrei para a política. Primeiro no Brasil e depois trabalhando em organizações internacionais como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, onde implementei projetos em 26 países da América Latina e do Caribe. O prazer de escrever ficou guardado, algo assim como um “amor não resolvido”. Ao final de 2011, decidi que já tinha dado minha contribuição como economista e passei a dedicar meu tempo integralmente a escrever. Publiquei um primeiro romance em espanhol em junho do ano passado com uma editora panamenha – que depois foi traduzido para o inglês – e este ano já publiquei dois livros em português.

Quais as principais influências de sua literatura?

Creio que seria pretensioso falar de influências, li de tudo e adoraria poder escrever com a mesma maestria de um Jorge Amado, de um José Cândido Carvalho ou de um Ariano Suassuna, mas infelizmente não sou nenhum deles e tento escrever aquilo que gostaria de ler. Gosto da leitura fácil, que inclui um bom nível de mistério, mas que ao mesmo tempo mantém um sorriso no rosto do leitor e leva a imaginação a voar. Admiro a literatura mais sofisticada, mas prefiro deixar isso para outros autores. Como brinco com os amigos, quero escrever histórias que sejam lidas com a mesma atenção e prazer que a novela da televisão. O Labirinto de Mariana, que publiquei em fevereiro, é uma história que nasce do amor que sempre tive pela cidade de Paraty (uma Olinda do Sul). Como explicar que aquela cidade resistiu trezentos anos e se mantém com a mesma graça e beleza com que foi construída na época colonial? Será que isso tem a ver com a Morena Senhora de Paraty? Já o Húngaro que partiu sem avisar, publicado em maio, é uma história de mistério que se passa em uma pequena cidade do Caribe onde descobrir quem era o húngaro passa a ser uma condição para salvar a cidade dos planos corruptos do prefeito.

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