O ministro da Justiça, Anderson Torres, concedeu a medalha do mérito indigenista ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e a si mesmo, de acordo com o despacho publicado no "Diário Oficial da União" desta quarta-feira (16). A condecoração é concedida a pessoas que se destacam pelos trabalhos de proteção e promoção dos povos originários no país. Entidades indígenas brasileiras, por outro, são críticas à entrega da medalha, considerando os poucos feitos do Governo Bolsonaro voltados à preservação dos interesses de povos indígenas.
Também receberam o mesmo agrado outros nove ministros, entre eles Braga Netto (Defesa), Tereza Cristina (Agricultura), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
##RECOMENDA##A líder indígena Sônia Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou que vai contestar o ato na Justiça. Para ela, a concessão da honraria para Bolsonaro é uma "afronta".
"É uma afronta. É claro que é uma afronta total ao movimento indígena, ao ato pela terra, a tudo que a gente está fazendo para contrapor todas essas maldades desse governo", afirmou Guajajara.
"A Apib vai emitir uma nota de repúdio e entrar com uma ação judicial para anular esse ato. Um absurdo totalmente descabido. Recebe essa medalha quem luta junto e defende a causa indígena não quem trabalha para destruir", completou a Associação.
Segundo publicação feita no Diário Oficial, a medalha foi concedida "como reconhecimento pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas".
A homenagem ainda foi entregue ao presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Augusto Xavier da Silva, ao diretor da Força Nacional de Segurança e pré-candidato a deputado federal pelo PL, Antônio Aginaldo de Oliveira, ao diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, entre outras autoridades.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro tem destacado a guerra na Ucrânia como uma ‘boa oportunidade’ para aprovar o projeto, diante da dependência externa do Brasil para fertilizantes e exploração de terras indígenas com fim de expandir a mineração. O interesse tem sido alvo de críticas e deverá fazer parte da contestação da Apib.