Tópicos | Falta de Maternidade

O Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, não foi marcado apenas por comemorações e homenagens. Em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife (RMR), a população saiu às ruas para protestar contra a falta de maternidades no município.

Com 700 mil habitantes, a cidade conta apenas com 28 leitos no Hospital Geral dos Prazeres, destinados ao atendimento de gestantes. Sendo assim, as grávidas são obrigadas a terem seus filhos fora no município. Além disso, nem mesmo o pré-natal é feito em Jaboatão. Segundo a aposentada Eliane Brasileiro, 58, suas duas filhas - grávidas de três e sete meses, respectivamente - foram encaminhadas para realizarem as consultas em hospitais de cidades vizinhas.

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A situação vivenciada na cidade também foi alarmada pelos dados do último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme a pesquisa, 67% das crianças residentes em Jaboatão não nasceram na cidade. Ainda segundo o IBGE, do total de habitantes do município, aproximadamente 370 mil são do sexo feminino.

Revoltadas com o descaso, cerca de 80 mulheres se reuniram, nesta quinta-feira (8), em frente ao Shopping Yapoatan, localizado na rua Bernardo Vieira de Melo, no Centro da cidade, e seguiram em protesto pela cidade. Durante o percurso, o grupo distribuiu rosas e panfletos para orientar a população a respeito do problema. A caminhada seguiu até a avenida General Manoel Rabelo, onde se localiza o terreno que já abrigou a única maternidade do município – Rita Barrada -, fechada há 12 anos.

“Tive o prazer de ter os meus cinco filhos na Rita Barrada aqui em Jaboatão”, revelou a auxiliar administrativa, Cristina Souza Silva, 56 anos. Ela, que também é representante das mulheres da comunidade Rocha Negra – em Jaboatão – não escondeu sua insatisfação em afirmar que seus netos não tiveram o mesmo privilégio dos pais. “Quando olho a certidão de nascimento do meu neto fico triste em ver que ele foi obrigado a nascer em outra cidade”, declarou.

Grávida de sete meses, a dona de casa Elionai Alves Siqueira, 21, enfrenta o dilema e as dificuldades de ter que recorrer a uma maternidade fora do município para ter o seu primeiro filho. “Meu marido está desempregado e no dia do parto terei que ir de ônibus para o Recife”, reclamou. Elionai afirmou estar engajada na luta para ter a satisfação de ver os seus próximos filhos nascerem na cidade em que reside.

A mobilização intitulada “Jaboatão quer ter seus próprios filhos”, foi promovida pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) do município. O presidente do partido em Jaboatão, Luiz Carlos Matos, estava presente no protesto e declarou que a ideia da manifestação é promover uma maior conscientização sobre o problema e chamar a atenção do poder público. “Nossa maior preocupação é que com a falta de maternidade daqui há algum tempo Jaboatão não terá mais filhos”, concluiu.

DENÚNCIA – Durante a caminhada, os manifestantes aproveitaram para reclamar da situação das unidades de saúde do município. De acordo com a técnica de fisioterapia, Rose Melo, 56, os Postos do Programa Saúde da Família (PSF) da cidade estão funcionando de forma parcial. “Falta atendimento, profissionais, equipamentos, e com isso nós acabamos sofrendo”, afirmou.

Segundo Rose, o atendimento do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) também é precário e lento no município. “Eles demoram cerca de 3 horas pra chegar. Quando chegam ou o paciente foi socorrido por carro particular ou veio a óbito”, relatou. Conforme a técnica de fisioterapia, nos últimos anos não houve avanços no sistema, “e sim regressão”.

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