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A Flórida começou nesta quinta-feira (31) a avaliar os danos provocados pelas inundações após a passagem do furacão Idalia, que foi rebaixado para a categoria de tempestade e agora avança pela costa do sudeste dos Estados Unidos.

Idalia tocou o solo na manhã de quarta-feira (30) na Flórida, depois de iniciar sua trajetória na segunda-feira (28) em Cuba, e agora ameaça o estado da Geórgia com chuvas torrenciais e inundações nas zonas costeiras, onde os moradores já enfrentam cortes de energia elétrica.

Na Flórida, Geórgia e Carolina do Sul, mais de 310.000 residências estavam sem energia elétrica na manhã de quinta-feira, informou o portal especializado PowerOutage.us.

As autoridades não relataram vítimas, mas o governador da Flórida, o republicano Ron DeSantis, advertiu que o cenário pode mudar diante da magnitude da tempestade.

Fontes do governo estadual afirmaram que as equipes de resgate estão nas ruas, mas admitiram que podem demorar a chegar em áreas bloqueadas pela queda de árvores ou por inundações.

Idalia atingiu a Flórida, perto de Keaton Beach, como furacão de categoria 3 (em uma escala que vai até 5), com ventos de até 215 km/h, às 7h45 de quarta-feira, informou o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos.

Em alguns pontos do litoral, as águas subiram até cinco metros, segundo o NHC.

Algumas horas depois, Idalia perdeu força, mas provocou ventos próximos de 100 km/h na Geórgia e na Carolina do Sul.

"Ainda há muitos pontos de inundação em Charleston", na Carolina do Sul, informou na quarta-feira à noite ao canal CNN o diretor de gestão de emergências da cidade, Ben Almquist.

- "Aterrorizante" -

As autoridades esperam que a situação melhore a partir da manhã de quinta-feira.

"Tudo deve melhorar após a noite (de quarta-feira)", afirmou Ron Morales, meteorologista do Serviço Nacional em Charleston.

Segundo as projeções, a tempestade vai concluir seu percurso no Atlântico nesta quinta-feira.

As autoridades ordenaram a saída de milhares de moradores de vários pontos na Flórida, mas alguns residentes se recusaram a abandonar suas casas.

Em Perry, uma das cidades mais afetadas, dezenas de árvores foram arrancadas pelos ventos.

Um pinheiro caiu sobre a casa de John Kallschmidt, 76 anos, que destacou uma experiência "aterrorizante".

"Foi pior do que esperávamos", declarou à AFP. "Mas as coisas são assim, a vida é assim na Flórida".

- Mudança climática -

Em Steinhatchee, uma pequena cidade de mil habitantes que fica 30 km ao sul de Keaton Beach, a rua principal, quase deserta, ficou alagada e parecia a extensão de um rio próximo.

"Algumas árvores caíram na frente da minha casa, mas a casa resistiu. Está tudo bem", disse à AFP Patrick Boland, 73 anos, que permaneceu em sua residência.

Na área de Tampa Bay, que tem mais de três milhões de moradores, as ruas ficaram inundadas e alguns moradores foram obrigados a utilizar embarcações em seus deslocamentos.

Mais de 1.000 integrantes de equipes de emergência foram mobilizados pelas autoridades federais, depois que a Casa Branca pediu uma vigilância reforçada.

"Idalia é a tempestade mais potente a tocar o solo nesta área da Flórida em mais de 100 anos", declarou Deanne Criswell, diretor da Agência Federal para a Gestão de Emergências (FEMA).

Os cientistas alertam que as tempestades serão cada vez mais potentes devido ao aumento das temperaturas provocado pela mudança climática.

O presidente americano Joe Biden disse à imprensa que "ninguém pode negar o impacto da crise climática".

"Basta olhar ao nosso redor", afirmou, em referência às inundações históricas ou aos incêndios recentes devastadores no Havaí e no Canadá.

John Paul Nohelj vive há mais de 20 anos em Steinhatchee, noroeste da Flórida. Localizada em uma região de pântanos e florestas, a comunidade é, para ele, o melhor lugar na Terra, e Nohelj não pretende deixá-la, apesar da chegada do furacão Idalia.

Nohelj não se preocupa muito com a ordem de evacuação emitida por autoridades para essa localidade e outras áreas do oeste da Flórida, nos Estados Unidos. Sentado na varanda de sua casa de madeira, que parece prestes a desabar, Nohelj não está com medo.

"Vivi na costa da Flórida a minha vida inteira, e aqui é onde eu adoro estar", diz o homem, de 71 anos, que respira com a ajuda de uma bomba de oxigênio. "Mas, se você vive perto da água, de vez em quando vai ficar molhado", acrescenta, minimizando a ameaça do furacão.

Steinhatchee é um povoado tranquilo, de cerca de 1.000 habitantes, muitas árvores, belas casas de madeira e bastante água: a do rio homônimo que atravessa a comunidade, e a do Golfo do México.

Na manhã desta quarta-feira, Idalia irá atingir a área como um furacão de categoria 3 na escala Saffir-Simpson, que possui cinco níveis, de acordo com as previsões do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC). Se essa magnitude se confirmar, os danos podem ser catastróficos.

Dezenas de pessoas finalizam seus preparativos antes da chegada da tempestade. A maioria delas vai sair da cidade, mas tenta salvar parte de seus pertences antes de partir.

- Solidariedade -

Stephanie Moon, 37 anos, embarcou todos os móveis que pôde em um caminhão de mudança, com a ajuda de amigos. Ela vive sozinha com sua cadela, Molly, em uma casa bem em frente ao rio, e está prestes a viajar para a Geórgia, estado ao norte da Flórida, onde passará as próximas horas com parentes e amigos.

"Espero, apenas, que a nossa pequena e linda cidade continue aqui depois do furacão, e que, com sorte, possamos retornar para algo que não seja apenas devastação", diz a moradora.

No centro do povoado, pessoas entram e saem do único supermercado que segue aberto, o Maddie's Market, junto a um posto de gasolina. Assim como em muitas casas, as janelas do estabelecimento foram cobertas com painéis de madeira, para protegê-las dos ventos do furacão, embora o que mais se tema sejam as inundações. As marés ciclônicas podem atingir até 4,5 metros de altura nessa região rural, conhecida como Big Bend.

Jody Griffis, co-proprietário de um porto esportivo, e vários funcionários trabalham contra o tempo para salvar o que podem. Nas últimas horas, içaram 25 barcos de aluguel para um armazém vertical, uma estrutura alta de metal, onde esperam que a água não os alcance.

"Espero que isto ainda esteja aqui quando eu voltar, na quinta-feira, e que ninguém sofra prejuízos", comenta o empresário, 56 anos, que deixará em breve a pequena cidade, mas que já pensa em participar dos esforços de limpeza após a passagem do Idalia.

A solidariedade, enfatizam vários habitantes de Steinhatchee, é uma das características dessa comunidade. Nos próximos dias, o furacão colocará isso à prova.

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