Tópicos | Gêmeas Siamesas

As gêmeas siamesas Allana e Mariah, de 2 anos e 8 meses, foram separadas na manhã deste domingo (20), após passarem por uma cirurgia que durou 25 horas. O procedimento ocorreu no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP), em São Paulo.

A cirurgia, a quinta que as irmãs passaram desde 2022, começou na manhã de sábado (19) e contou com o trabalho de, aproximadamente, 50 profissionais de diferentes áreas, liderada pelo professor Hélio Rubens Machado. A equipe de neurocirurgia fez a dissecção de cerca de 25% dos vasos sanguíneos que ainda ligavam as gêmeas.

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A equipe de cirurgia plástica, liderada pelo professor Jayme Farina Junior, foi a responsável pela cranioplastia, procedimento que fecha a calota craniana e a pele que recobre a cabeça de cada uma das meninas. Allana e Mariah se recuperam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Criança, onde são acompanhadas pelos pais, Talita e Vinicius Cestari.

Nascidas no México há 22 anos, as gêmeas Lupita e Carmen Andrade foram morar nos Estados Unidos ainda bebês, em Connecticut. O que difere a história delas das de outras irmãs gêmeas mundo afora é que elas são siamesas. O fenômeno é raro, no Brasil nascem menos de mil bebês siameses por ano. No caso de Carmen e Lupita, elas compartilham diversos órgãos internos, e cada uma possui os dois membros superiores e uma perna. “Eu dirijo!”, diz Carmen, que controla a perna direita, enquanto Lupita fica a cargo do GPS e da música no carro.

Ao portal americano Today, elas contaram um pouco de suas vivências enquanto gêmeas, mas principalmente, enquanto pessoas. Juntas, elas são um time perfeito. Enquanto Carmen estuda para ser enfermeira veterinária, Lupita quer estudar na mesma área, como técnica, e também pretende escrever comédias. “Eu costumo falar mais, mas ela é hilária”, comentou Carmen sobre Lupita.

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Sobre relacionamentos, elas são bem francas uma com a outra. Lupita é arromântica e assexual, ela não tem necessidade de se relacionar romântica ou sexualmente com ninguém. Já Carmen tem um namorado, Daniel, desde outubro de 2020. Ele se dá muito bem com Lupita, o que deixa a irmã muito mais tranquila e confortável de estar com ele.

 

Mesmo com a convivência constante, elas admitem que não se cansam uma da outra. “Às vezes, no final do dia, estamos exaustas e não queremos conversar. É quando vamos usar dispositivos diferentes e fazer nossas próprias coisas. Eu tenho meu laptop para fazer trabalhos escolares e Lupita coloca fones de ouvido e ouve música”, conta Carmen. “Estivemos juntos a vida inteira, então não é como se sentíssemos falta da nossa independência. É tudo o que já conhecemos, certo?”, compara.

Elas entendem que dependem uma da outra para viver, o que torna o companheirismo peça fundamental na vivência das irmãs. “Compartilhamos uma corrente sanguínea, compartilhamos um fígado, compartilhamos muitas estruturas internas”, lembra Carmen. “Se fizéssemos uma cirurgia de separação, qualquer uma de nós poderia morrer, nós duas poderíamos morrer ou acabar na UTI, sem nunca mais poder sair”, completa Lupita.

Apesar de fazerem tudo juntas, Carmen e Lupita mantêm suas individualidades e seus estilos afloram pela personalidade de cada visual. “Nossa vizinha costura roupas para nós desde os 5 anos de idade. Ela faz todas as nossas camisas, vestidos e uniformes e outras coisas”, conta Carmen. “Temos o mesmo estilo, mas tentamos ter nossos próprios looks distintos. Não costumamos deixar o cabelo do mesmo comprimento. Quando fomos ao oftalmologista, Lupita escolheu óculos completamente diferentes dos meus. Ela tem um piercing na lateral do nariz. Eu tenho um no septo”, complementa.

As experiências na infância e adolescência não foram sempre as melhores, ela tiveram de conviver com situações em que sofreram bullying na escola, mas isso não as impediu de terem tido uma fase feliz. Isso fez com que elas conseguissem “filtrar” os verdadeiros amigos. “Sempre compartilhamos o mesmo grupo de amigos. Ainda somos próximos das mesmas pessoas com quem crescemos. Lupita tem uma intuição muito boa sobre as pessoas, então se ela gosta delas, eu gosto delas”, comenta Carmen.

A conexão que elas têm uma com a outra vai além de uma relação de gêmeos, pois elas acabam sentindo as mesmas coisas. “Quando tínhamos quase 6 anos, tivemos um pesadelo em que íamos cair de um avião e, literalmente, caímos da cama. Isso só aconteceu uma vez, mas podemos sentir as emoções uma da outra”, disse Carmen. “Isso acontece o tempo todo. Estivemos recentemente em uma loja e senti uma estranha queda no estômago - e sabia que vinha da minha irmã. Um homem estava fingindo filmar sua filha, mas, na verdade, estava nos filmando. Eu não percebi, mas Lupita sim. Ela é bem mais observadora”, pontua. “Posso sentir quando Carmen está ansiosa ou prestes a chorar. É aquela mesma sensação no estômago”, concorda Lupita.

Carmen e Lupita têm contas separadas no Instagram, mas têm mais visibilidade no TikTok, onde reúnem mais de 3 milhões de seguidores. “Recebemos alguns comentários desagradáveis. Muitas pessoas não estão acostumadas com pessoas com deficiência estabelecendo limites ou criando limites quando se trata de sua deficiência. Recebemos muitas perguntas sobre sexo, como vamos ao banheiro e coisas assim. Mas você deve se lembrar: não somos apenas gêmeas siameses, somos pessoas”, finaliza Carmen.

Fotos: Reprodução/Instagram

As gêmeas siamesas Valentina e Heloá Prado, de três anos, tiveram alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) de Goiânia, nessa quarta-feira (15). O caso das irmãs ficou conhecido após uma mobilização no Instagram, promovida pela família e pela equipe médica responsável pelo acompanhamento das meninas. O boletim médico foi atualizado diariamente pelo cirurgião pediátrico Zacharias Calil.  

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No último comunicado, o profissional informou que as crianças estão estáveis, sem respiradores e antibióticos e com acompanhamento da ferida operatória pela equipe de cirurgia. Heloá, que tem um quadro de saúde mais independente, faz dieta via oral. Já Valentina segue em dieta enteral, sob acompanhamento fonoterápico. Ela apresenta melhora no padrão neurológico, sem crises convulsivas. 

As irmãs nasceram unidas pelo tórax, abdômen, bacia, fígado, intestino delgado, intestino grosso e genitália. A cirurgia para separação aconteceu em 11 de janeiro e envolveu 60 profissionais da rede pública de Goiás. O procedimento teve duração de cerca de 15 horas. Valentina foi a primeira a deixar o centro cirúrgico, seguida pela irmã. As duas são naturais de Guararema, no interior de São Paulo, mas vivem com a família em Goiás há dois anos e foi lá que iniciaram o tratamento a longo prazo.

A merendeira Lorisete dos Santos, de 37 anos, mãe de dois filhos e que está grávida de gêmeas siamesas com malformação, teve o pedido para abortar a gravidez de risco negado em todas as instâncias do Supremo Tribunal Federal (STF). Lorenzetti é moradora de São Luiz Gonzaga (RS), e está com quase sete meses de gestação. 

Mesmo com os relatórios médicos apontando que os bebês têm chances desprezíveis de vida após o nascimento e dos riscos que ela pode enfrentar num parto de tamanha complexidade, que pode levar à sua morte, a 2ª turma do STF, por maioria, negou o pedido do prosseguimento a um recurso de habeas corpus para a autorização do aborto. 

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No Brasil desde 2012, por decisão do STF, o aborto legal já é garantido por lei em casos de risco à vida da gestante, sem importar o tempo gestacional. O procedimento também é autorizado quando a gravidez é proveniente de violência sexual e quando é contatada a anencefalia fetal. 

Há pouco mais de um mês, após ouvir dos médicos que a situação dos bebês é delicada e que ela poderia morrer durante o parto, Lorenzetti procurou a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul no último dia 8 de setembro. A primeira ação com o pedido da interrupção da gravidez pelo risco à vida da paciente já estava sendo movida no Tribunal de Justiça no dia 12, mas o pedido foi indeferido. 

Na decisão, o juiz Kabir Vidal Pimenta da Silva, da Vara Criminal da Comarca de São Luiz Gonzaga, apontou casos veiculados na imprensa onde médicos conseguiram realizar parto de gêmeos siameses e separá-los com sucesso. Além disso, ele também argumentou que só por estar grávida a mulher já estaria correndo um risco. Argumentou, ainda, que o caso não se enquadra na lei do aborto legal porque “não há comprovação efetiva de risco iminente e concreto à vida da gestante”, mesmo que a defesa afirme o contrário. 

Após rejeição do pedido no Supremo Tribunal de Justiça, os defensores públicos resolveram ir ao STF e receberam mais uma negativa, mesmo com um parecer do Ministério Público Federal (MPF) a favor da merendeira. Além do relator, o ministro André Mendonça, os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes também votaram contrários ao pedido. 

Médicos italianos realizaram com sucesso a separação de gêmeas siamesas unidas pela cabeça, informou nesta terça-feira (7) o hospital Bambino Gesù, de Roma. Ervina e Prefina completaram dois anos no último dia 29 e estão internadas no Departamento de Neurocirurgia do hospital.

Segundo os médicos, as meninas nascidas na República Centro-Africana eram ligadas pela nuca, com o crânio e grande parte do sistema nervoso e vascular em comum. Essa é a primeira cirurgia do tipo na Itália e uma das mais complexas já realizadas no mundo.

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"Nós gerimos uma situação rara no contexto de uma má-formação por si só muito rara. A peculiaridade aqui era dada pelo ponto de contato no crânio, que envolvia importantes estruturas venosas. Mas, nosso hospital tem uma escola de cirurgia sobre gêmeos siameses e essa intervenção é uma evolução dos outros casos tratados", destacou o responsável pelo Departamento, Carlo Marras.

As meninas passaram por um ano de preparação e foram submetidas a três procedimentos cirúrgicos considerados muito delicados. A separação final foi realizada no dia 5 de junho, em uma operação de 18 horas.

Agora, há pouco mais de um mês da última intervenção, os médicos consideram a recuperação de ambos muito boa.

Durante a coletiva de imprensa, a presidente do Bambino Gesù, Mariella Enoc, contou que conheceu o caso das meninas durante uma missão no país africano em julho de 2018. Após os trâmites, Ervina e Prefina foram levadas para Roma em setembro do mesmo ano para que tivessem melhores chances de sobrevivência.

Com isso, formou-se um grupo multidisciplinar para o estudo e para a preparação do plano detalhado da cirurgia, usando o que há de mais avançado na medicina, reconstruindo até mesmo em 3D o formato do crânio das meninas.

A fase mais difícil do plano - e depois das cirurgias - foi a questão da rede de vasos sanguíneos cerebrais compartilhada em diversos pontos. Por isso, os especialistas optaram por fazer o procedimento em três partes para reconstruir dois sistemas venosos independentes, com capacidade para levar a quantidade de sangue correta entre o cérebro e o coração.

A primeira cirurgia foi realizada em maio de 2019, a segunda em junho do ano passado e a terceira agora no dia 5 de junho. Na sala operatória, estavam presentes cerca de 30 profissionais entre médicos, cirurgiões e enfermeiros.

Apesar de ainda existir o risco de infecção, considerado normal para pacientes que foram submetidos a uma situação tão grave, os controles pós-operatórios mostram que o cérebro está íntegro e o sistema recriado está funcionando. Com isso, elas poderão ter uma vida normal assim que saírem do hospital. 

Da Ansa

A luta para separar duas irmãs gêmeas siamesas foi colocada à prova em uma saga de 15 horas em estrada, selva e várias dificuldades. Essa história aconteceu em uma família de um vilarejo, cujo nome é Muzombo, na República Democrática do Congo. As meninas de nove dias seguiram nos braços da mãe por um trajeto de 1,4 mil quilômetros até Kinshasa. 

O caso chamou atenção no vilarejo onde nasceram, isto porque vieram ao mundo unidas pelo umbigo. Com medo de que o pior acontecesse a elas, a mãe, após o parto normal, subiu em uma motocicleta e foi pedir ajuda, seguindo um percurso de 249 quilômetros até o hospital localizado em Vanga. O medo da família era de que as crianças compartilhassem órgãos vitais.

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No hospital os médicos perceberam o risco e enviaram a mãe e as filhas de avião. Com o auxílio da Mission Aviation Fellowship (MAF), uma organização que realiza o transporte aéreo em locais remotos, elas foram encaminhadas a um hospital que realizou a cirurgia de separação. Elas – que nasceram de uma gestação de 37 semanas, em agosto – já passaram pelo procedimento e devem ir para casa em três semanas.

Segundo a BBC, o médico Junior Mudji, que cuida das bebês no hospital de Vanga, contou que as gêmeas passam bem. Além disso, ele acredita que a separação das siamesas foi a primeira cirurgia deste tipo na República Democrática do Congo.

 

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