De passagem pelo Recife nesta segunda-feira (19), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes refutou a tese de que a crise política e econômica no país seria resolvida com uma administração de juízes. Segundo ele, juízes ou promotores não seriam o melhor para o Brasil.
"Deus nos livre disto. Os autoritarismos que vemos por aí já revelam que nós teríamos não um governo, mas uma ditadura de promotores ou de juízes", disse o ministro, ovacionado pela plateia de políticos e empresários. "Não pensem que nós juízes ou promotores seríamos melhores gestores", acrescentou.
##RECOMENDA##Fazendo uma autocrítica ao Poder Judiciário, Gilmar falou de benefícios pagos a juízes e promotores, como o auxílio moradia, e disse que "ninguém (do Judiciário) cumpre teto (salarial), só o Supremo". "Vocês vão confiar a essa gente que viola o princípio de legalidade a ideia de gerir o País? Não dá".
Para aqueles que imaginam que o judiciário pode substituir os gestores eleitos, o também presidente do Tribunal Superior Eleitoral foi taxativo: “se adotássemos os critérios que usamos para gerir os tribunais faltaria areia no deserto”.
Logo depois da palestra, Gilmar concedeu entrevista coletiva à imprensa. Na ocasião, ele foi indagado se era contrário a uma candidatura do ex-presidente do STF e ministro aposentado, Joaquim Barbosa. Ele desconversou. “Falei de imaginar que vamos substituir os políticos por juízes, não falei de um ou outro candidato. Estou dizendo que os padrões que nós adotamos hoje de gestão no Judiciário não nos recomenda para sermos gestores do país”, observou.
Barbosa é apontado como sugestão para a disputa por 2018. Ele, inclusive, travou conversas com alguns partidos, entre eles a Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva. "Eu sou um cidadão brasileiro, um cidadão pleno, há três anos livre das amarras de cargos públicos, mas sou um observador atento da vida brasileira. Portanto, a decisão de me candidatar ou não está na minha esfera de deliberação. Só que eu sou muito hesitante em relação a isso. Não sei se decidirei positivamente neste sentido", disse o ex-ministro em entrevista recente.