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Ucraniana passará ainda por cidades brasileiras como Fortaleza (CE) e São Luís (MA). (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

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Quem nunca teve vontade de largar o trabalho para cair na estrada? “Eu aprendi que qualquer ideia, por mais louca que pareça, se ocorre à sua cabeça, o faz por uma razão”, incentiva a ucraniana Anna Grechishkina, que, há seis anos, deixou um emprego em um banco, a família e uma vida estável para realizar o sonho de dar a volta ao mundo de motocicleta. Desde então, ela já visitou cerca de setenta países, a maior parte deles homenageada com adesivos de suas bandeiras por todo o corpo de sua moto, uma KTM 1190, adquirida a partir de um desconto de 50% no valor de compra oferecido pela montadora austríaca. O patrocínio, contudo, acabou por aí e Anna se desdobra para conseguir recursos para continuar na estrada. De passagem pela Região Metropolitana do Recife, a ucraniana diz que seu continente predileto é a América de Sul, que cruza agora, rumo à Guiana Francesa e ao Suriname.

“Quando ouvem minha história, as pessoas acham que sou super rica e tenho uma conta bancária ilimitada, mas sempre é difícil porque preciso procurar por dinheiro. Não tenho patrocínio, mas uma parceira, a KTM, que ajuda com a manutenção da moto. Não é só sobre pilotar, mas também sobre encontrar um caminho”, comenta Anna, que vem se mantendo com as doações de simpatizantes, a venda de adesivos com os dizeres “I have a dream” (do inglês, eu tenho um sonho) e a realização de palestras, em que compartilha sua experiência com os curiosos.

Em Pernambuco, a ucraniana contou com a solidariedade do empresário Tácio Sampaio, um entusiasta do motociclismo que, constantemente, acolhe em sua casa, no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, os peregrinos sobre duas rodas. “Eu sabia da viagem de Anna porque via pelas redes. Quando ela entrou no Brasil, eu recebia quase que diariamente alguma informação de sua localização e de que ela estava vindo para o Nordeste, desde então tive interesse em contactá-la. Receber uma pessoa com uma história bonita dessa na motocicleta é um grande prazer, uma troca incrível”, comemora o anfitrião.

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Anna, por sua vez, confessa que já ouvia falar no pernambucano, profundo conhecedor das rotas sul-americanas, em outras regiões do Brasil. “Muitos amigos falaram coisas boas sobre Tácio. Então para mim foi uma grande honra conhecê-lo, me sinto muito emocionada. Para mim, ele é como um mestre, um guru, com quem posso aprender muito, porque acho que ele já esteve todos os lugares”, brinca. Contando com a simpatia de estranhos, a ucraniana já visitou países como Argentina, Rússia, Malásia, Cingapura, Austrália, Estados Unidos (da costa leste a oeste), México, Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Uruguai, Turquia e Tailândia. Nesse último, foi curiosamente recepcionada por uma das princesas do país, em aposentos reais. “Ela soube da minha história e recebe pessoas de todo o mundo, então fui uma dessas sortudas. Eu a segui por um tempo e ela me mostrou um pouco da Tailândia. Foi uma experiência realmente legal”, lembra.

Guiness Book

Aos 39 anos, Anna garante que já superou, ainda que por uma pequena diferença, a marca de viagem mais longa feita de moto por uma mulher registrada no Livro dos Recordes, o Guiness Book. Oficialmente, o recorde pertence à eslovena Benka Pulko, que viajou por 180,016 km de 69 países, durante exatamente 2 mil dias, entre os anos de 1997 e 2002. “Ainda não registrei nada oficialmente, porque pretendo fazer bem mais do que o recorde anterior. Meu plano é estar na estrada por três mil dias, para completar trezentos mil quilômetros rodados. Isso representa em torno de oito anos de viagem, dois além do que já fiz”, planeja a ucraniana.

América do Sul na rota: Grechishkina esteve em países como Bolívia e Argentina. (Facebook/divulgação)

Anna, contudo, acredita que não será fácil voltar a se acostumar com a vida fora da estrada. “É difícil dizer o que vou fazer, às vezes acho que realmente sinto falta de uma vida estável, da minha família e minha casa. Acho que toda a minha vida vai estar conectada com viagens, porque o mundo é muito grande e uma vida não é o suficiente para conhecê-lo. Gostaria de compartilhar o que aprendi com outras pessoas e talvez inspirar alguém, não apenas a viajar, mas a seguir seus sonhos”, analisa. Em suas palestras, a motociclista defende que sair da zona de conforto é essencial para o processo humano de autoconhecimento. “Eu percebi que tudo é possível, o problema é que as pessoas não acreditam nelas mesmas. Não sabia muito sobre mim antes dessa viagem, mas agora percebi que posso fazer mais do que pensava”, conclui.

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