Tópicos | Heloísa Gabrielle

Em meio a onda de protestos pela morte de Heloísa Gabrielle, a criança de seis anos que foi atingida com um tiro de fuzil durante uma operação policial em Porto de Galinhas, na Região Metropolitana do Recife (RMR), a vereadora do Recife, Dani Portela (PSOL), denunciou que a Polícia tem ameaçado moradores das comunidades do município. A parlamentar apontou que a tensão entre a população e as autoridades de segurança representa um estado de sítio.

Estado de sítio é uma medida que abre precedentes para que as liberdades individuais sejam temporariamente cerceadas. Nem o Governo do Estado nem a gestão local instituiram o instrumento.

##RECOMENDA##

A vereadora afirmou que os protestos dessa quinta (31) foram submetidos a mais de 12h de tiros da Polícia, e que viaturas e helicópteros sobrevoaram as comunidades do município para impedir a comunicação e divulgação das violências cometidas através do corte de sinal telefônico e de internet.

"Sob a falsa justificativa de combate à violência de gangues e ao tráfico de drogas, a Polícia tem sido autorizada a cometer todo tipo de barbaridades", denunciou em seu perfil nas redes sociais.

Reforço da segurança 

Ela criticou o envio de mais 250 policiais para a localidade pelo Governo do estado na noite de ontem e pediu que as forças de segurança sejam retiradas da localidade.

"Os moradores CLAMAM por justiça, pela retirada do policiamento ostensivo de Porto de Galinhas e a devida investigação pelos abusos de poder, ameaças, e assassinato das crianças e jovens da comunidade", cobrou.

[@#video#@]

Após uma quinta-feira (31) em que Porto de Galinhas, em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR) ficou parada por protestos pela morte de Heloísa Gabrielle, o governador Paulo Câmara (PSB) e assegurou o 'máximo rigor' nas investigações e reforçou o policiamento na região. A menina de seis anos foi atingida por um disparo enquanto brincava no terraço da avó, nessa quarta (30), durante uma operação do Bope na comunidade Salinas. 

O gestor prestou solidariedade à família da criança e comunicou que monitorou as mobilizações populares ao lado do secretário de Defesa Social (SDS), Humberto Freire) e do comandando da Polícia Militar, coronel Roberto Santana, nessa quinta (31).

Polícia nas ruas para evitar novos protestos

Ainda na noite de ontem, cerca de 250 policiais militares e civis seguiram em um comboio para o Litoral Sul. "Estamos trabalhando de forma integrada com nossas forças operativas e ainda nesta noite de quinta-feira estamos reforçando o efetivo para restabelecer a tranquilidade no Litoral Sul", reforçou Câmara.

##RECOMENDA##

O segundo dia de protestos feito por moradores da comunidade gerou um clima de terror e obrigou a recomendação para que os turistas permanecessem nos hotéis e pousadas. Um ônibus chegou a ser incendiado e acessos da cidade foram fechados com barracas e entulhos. O risco de um maior impacto no setor turístico, principal área de atuação de Porto de Galinhas, pressiona por agilidade na apuração sobre a origem da bala.    

[@#video#@]

O coronel Alexandre Tavares, diretor Integrado Especializado da Polícia Militar, afirmou que os policiais que participaram da investida do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) em uma comunidade de Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco, nessa quarta-feira (30), não serão afastados de suas funções até que a apuração seja concluída pela Polícia Civil. A operação policial resultou na morte de uma criança de seis anos, a menina Heloísa Gabrielle, atingida por uma bala no peito.

Policiais do Bope alegam ter entrado em confronto com suspeitos de tráfico de drogas, que teriam fugido da abordagem policial em uma motocicleta durante patrulhamento na comunidade Salinas, onde a criança atingida morava. A versão diverge dos relatos de moradores, que negam o confronto e afirmam que a polícia chegou ao local atirando. O coronel Tavares afirma que não houve abordagem violenta. 

##RECOMENDA##

“A investigação foi iniciada ontem pela Polícia Civil, para que ao final, o relatório informe de onde partiu a bala, qual a arma e o calibre. Eu posso garantir que a polícia não chegou de forma ostensiva, disparando tiros de forma aleatória. Na verdade, estava ocorrendo um patrulhamento e, ao avistar dois suspeitos, os agentes do Bope foram abordados por armas de fogo. A gente não segue esse critério (de afastar os policiais). Será iniciada a investigação para saber quem disparou, se a arma é compatível com o projétil que atingiu a vítima. Ainda é o início da investigação”, afirmou Tavares. 

O militar ressaltou que os policiais do Bope passam por capacitação e que os agentes envolvidos na última operação se apresentaram à direção após o ocorrido, para sinalizar “transparência na atuação”. Ninguém foi preso durante o suposto confronto e não houve feridos além de Heloísa. Alexandre Tavares alega que, possivelmente, um dos suspeitos foi atingido durante confronto, mas a polícia não conseguiu confirmar a informação. 

“Quando iniciou o tiroteio, foi verificado que uma criança havia sido atingida. De imediato foi realizado o socorro da vítima, numa das viaturas da Polícia Militar. Momentos depois, a vítima foi transferida para uma unidade de pré-atendimento com um maior suporte”, continuou. 

O diretor da PM informou ainda que a abordagem ostensiva é comum à rotina do Bope e que se faz necessária em áreas onde a atividade criminosa ganha maior espaço. “Existe uma determinação que é da gente realizar o papel constitucional, o policiamento ostensivo e preventivo, seja na comunidade ou no subúrbio. A gente tem um protocolo a seguir. O ostensivo é para prevenir o cometimento de crimes, para trazer a tranquilidade e a paz social da região”, disse. 

Tavares declarou que os policiais militares não se feriram porque a viatura serviu como “trincheira”. Duas munições atingiram as laterais da viatura, segundo o coronel. Por fim, ele informou que as ações devem continuar na região. 

“Aquela área vem mostrando um aquecimento de atividade criminal. Em decorrência da atividade policial naquela área, nesse trimestre, foram realizadas 480 prisões e 78 apreensões de armas de fogo. Ou seja, praticamente uma vez por dia, a gente retira uma arma de fogo das mãos de criminosos. As operações vão continuar até que a gente possa trazer mais tranquilidade na região”, concluiu. As investigações seguem sob responsabilidade da Polícia Civil, a mando da Secretaria de Defesa Social. 

LeiaJá também:

- - > Escola não abre após morte de criança em Porto de Galinhas 

 

A tensão em Ipojuca, no Grande Recife, continua nesta quinta-feira (31), diante da revolta da população pela morte da menina Heloysa Gabrielly, de seis anos, morta com um tiro no peito durante uma ação policial na comunidade Salinas, no fim da tarde de quarta-feira (30). A Escola Municipal Amara Josefa da Silva, onde a criança estudava, amanheceu de portas fechadas.

A assessoria da Prefeitura de Ipojuca confirmou o fechamento da escola, mas alega que protestos ocorrem de formas isoladas e que o comércio geral está funcionando regularmente na cidade.

##RECOMENDA##

Após manifestações descentralizadas no município, o Corpo de Bombeiros havia removido os bloqueios montados pelos munícipes, mas as vias voltaram a ser fechadas nesta quinta-feira (31). O LeiaJá entrou em contato com uma publicitária e residente de Porto de Galinhas, que optou por não se identificar, para saber como está o acesso à estrada de Porto e Serrambi. A jovem confirmou que os bloqueios ressurgiram nos acessos entre Porto e Nossa Senhora do Ó, considerado acesso principal, e também no sentido Serrambi.

“Várias atividades do turismo não estão funcionando hoje. A informação aqui é de que irão fechar tudo e deixar aberto só o essencial, como as farmácias e supermercados”, disse a jovem. A fonte se refere a um pedido de líderes comunitários das comunidades de Salinas, Socó e Pantanal, de fechamento do comércio e turismo pelo período de três dias, até que fosse proposta uma intervenção do Governo do Estado junto à Corregedoria da Polícia Militar de Pernambuco. A orientação circula em vídeo nas redes sociais.

 “Não é a primeira vez que isso acontece. O Bope sempre entra nas comunidades das Salinas, do Socó, atirando para todos os lados, não importa quem esteja na rua. Muita coisa que acontece lá nem passa na TV, fico sabendo porque trabalho na praia, mas não dizem para não manchar a imagem de Porto de Galinhas. A maioria das confusões que acontecem aqui é entre o Bope e o tráfico. Mas lá dentro, o perigo é a polícia. Eles não se importam quando vão fazer operação lá dentro”, continua a jovem.

A moradora também lembra os protestos após a morte de dois jovens suspeitos de associação com o tráfico, há quase duas semanas, também durante uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). “Os conflitos entre o tráfico daqui e de lá do Cabo, que estavam acontecendo há um tempo, ficaram mais no ano passado. O problema que fica é com a polícia. Umas duas semanas atrás eles [Bope] fizeram uma operação e uns dois meninos morreram baleados. O pessoal fez protesto, queimaram um ônibus da Vera Cruz, até bomba teve. E agora de novo, com essa menina. Estão falando que foi troca de tiro, mas não teve troca de tiro”, continua a munícipe.

Através da assessoria, a Prefeitura de Ipojuca informou ao LeiaJá que a ordem de fechamento geral do comércio é informal e não é cumprida no município. “A gente não pode dizer que o turismo parou, porque ele é muito amplo. Quem comprou pacotes para estes dias, estão nas pousadas, nos resorts. Ontem eles [manifestantes] montaram quatro pontos de bloqueio. A comunidade de Salinas fica por trás da estrada que dá acesso a Serrambi. Então, o comércio dali, hoje, resolveu não abrir. O mesmo aconteceu com o caso dos meninos mortos na semana passada”, disse a assessoria ao LeiaJá.

O caso será investigado entre as esferas estadual e municipal, através da 15ª Delegacia de Polícia de Homicídios, da Delegacia de Homicídios Metropolitana Sul (DPH/DHMS), que tem a missão de descobrir a origem do disparo.

“Alguns comerciantes que são da rua não abriram, assim como a escola municipal não funcionou hoje. Alguns barraqueiros que moram na comunidade estão participando do protesto, então não estão na praia. Ambulantes, alguns deles, também foram hoje. A gente vê que quem é ligado ao caso de ontem tá envolvido, pedindo por justiça. Os bloqueios retirados pelos Bombeiros voltaram. O clima está tenso, mas é normal pelo que aconteceu e nós estamos monitorando”, completou a assessoria.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando