Muitos que viveram uma infância nos anos 1990 e são aficionados por videogames, lembram com carinho dos consoles 16 bits Super Nintendo e Mega Drive, que marcavam com seus jogos de gráficos pixelados e com alto nível de dificuldade, mas que proporcionaram muita diversão para as crianças da época.
Entre os games que chamavam a atenção dos jovens brasileiros, estava o título de corrida “Top Gear”, que na época, recebeu três episódios no Super Nintendo. Muitos anos depois, esse clássico dos anos 1990 foi a principal inspiração para o jogo brasileiro “Horizon Chase Turbo” (2018), desenvolvido pela Aquiris Game Studio, que resgata toda a nostalgia dos 16 bits, mas de uma maneira moderna.
##RECOMENDA##Segundo o diretor de arte técnica do game, Amilton Diesel, “Top Gear” era um de seus games favoritos, por conta disso, ele tinha vontade de criar uma versão em alta definição do título. “Quando surgiu a oportunidade dentro da Aquiris, começamos a recriar as pistas. Conservamos as características visuais mais marcantes desses jogos dos anos 1990, como a zebra vermelha e branca, as linhas horizontais paralelas e a velocidade vertiginosa”, lembra.
Embora sua base seja os jogos 16 bits, “Horizon Chase Turbo” foi desenvolvido em um motor gráfico em 3D moderno. “Conseguimos identificar de imediato que, aquela estética remetia diretamente e de forma muito positiva aos clássicos que nos inspiraram. Ainda sem nenhum carro, o restante da equipe comprou a ideia e o desenvolvimento foi iniciado”, relata Diesel.
Para completar a homenagem, a equipe de desenvolvimento contou com a presença do compositor musical de "Top Gear", Barry Leitch, que trouxe toda a essência sonora do clássico título de corrida para “Horizon Chase Turbo”. “Não considerava a presença dele no game por achar que seria algo inalcançável. Entrei em contato pelo Facebook sem muitas esperanças de retorno positivo. Felizmente, ele estava disposto a conhecer mais do projeto”, recorda Diesel.
O diretor de arte técnica comenta que Leitch gostou do que foi apresentado e por conta disso, a equipe decidiu realizar algumas trilhas de teste. “O Barry estava há alguns anos sem produzir música para jogos. No fim ele se empolgou muito com o projeto e produziu muitas coisas por iniciativa própria. O que também tornou ‘Horizon Chase’ um projeto bastante pessoal”, afirma.
Apesar de ser a principal referência de “Horizon Chase Turbo”, “Top Gear” não é muito popular fora do Brasil. Esse fato foi constatado pela equipe da Aquiris, no momento em que eles apresentaram sua obra para o público de outros países. Por outro lado, os jogadores da gringa começaram a associar o título com o clássico “Out Run” (1986) da Sega.
A partir desse ponto, os desenvolvedores perceberam que “Horizon Chase Turbo” não homenageia apenas um game, mas sim o gênero de corrida dos anos 1990. “As referências de outros jogos continuaram a surgir e, com a adição dos carros de fórmula 1 e suas referências a ‘Super Mônaco GP’ (1989), a homenagem ao gênero de corrida arcade dos anos 1990 se completa”, comenta Diesel.
De acordo com o diretor de negócios da Aquiris, Sandro Manfredini, o público sempre pedia por diferentes variações em “Horizon Chase Turbo”, como por exemplo, a inclusão de carros de Formula 1, que foi feita na DLC “Senna Sempre”. “Ao unir tudo isso, com a nossa admiração pelo Ayrton Senna (1960-1994), e a vontade de contribuir com o Instituto Ayrton Senna, nasceu este projeto. É um sonho que tornamos realidade, e uma honra também criar algo que ficará na história como uma homenagem a esta lenda do automobilismo mundial”, declara.
O estúdio anunciou que parte dos lucros obtidos na DLC, serão redirecionados ao a projetos educacionais do Instituto Ayrton Senna por todo o Brasil. Acompanhe a resenha completa desta expansão: http://https://www1.leiaja.com/tecnologia/2021/10/20/senna-sempre-chega-hoje-20-em-horizon-chase/
Para o diretor de arte técnica, é muito importante que os jogos promovam essas experiências do passado, como poder jogar em tela dividida, com filhos, pais, amigos, cônjuges e jogabilidade acessível que não abre mão dos desafios, mas que privilegiam momentos descontraídos. “Esses valores, que eram muito presentes nos anos 1990, devem ser conservados de alguma forma, não necessariamente com gráficos, mas principalmente com jogabilidade e todo o significado que vem junto na bagagem”, explica Diesel .
Os desafios da produção
Diesel ressalta que desenvolver um game multiplataforma é sempre desafiador, principalmente pelas particularidades presentes em cada aparelho. Ele destaca o console Nintendo Switch, que por possuir um hardware mais fraco, a equipe precisou se dedicar mais na otimização do multiplayer de quatro jogadores.
Para construir as pistas, o diretor de arte técnica explica que o procedimento não é convencional. “Ele simula o efeito de uma esteira 2D, ao invés de construir tudo em 3D. Foi necessário contornar diversos problemas como a estabilidade dos carros, a completa ausência de cenário atrás dos jogadores e o posicionamento de objetos muito grandes”, recorda Diesel.
Manfredini enfatiza que a indústria de desenvolvimento de jogos no Brasil se desenvolveu muito nos últimos dez anos. “O desafio ainda é a disponibilidade de capital de investimento para que mais empresas surjam. A disponibilidade de capital de risco em outros países é desproporcionalmente maior do que no Brasil”, compara o diretor de negócios.