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O implante coclear - que recupera e restabelece a entrada dos impulsos auditivos do exterior para o cérebro - foi revolucionário para crianças que nascem surdas ou que desenvolvem surdez nos primeiros meses, além de adultos que perdem a audição. Começar a ouvir na fase adulta para quem nasceu com surdez severa é sempre traumático, diferentemente de quem já escutava antes e ficou surdo. Mas a experiência pode se tornar gratificante. É o caso da mineira Isabela Coelho, de 30 anos, que passou por um implante coclear e está aprendendo a ouvir.

Segundo ela, o que mudou de fato foi poder escutar música o dia todo e tentar distinguir alguns sons do cotidiano. "A vida tem mais graça quando vamos descobrindo sons que não pensávamos que faziam tanto barulho. Escuto o som de quando algum objeto cai no chão, aí sei que caiu e coloco de volta (na mesa). Não consigo entender quando as pessoas falam comigo. Pense que sou como uma bebê recém-nascida aprendendo a ouvir", disse.

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Em 16 de fevereiro, quando ativou o implante coclear, um vídeo mostrando Isabela ouvindo pela primeira vez viralizou nas redes. "Não imaginava que repercutisse tanto", contou.

Essa é a segunda vez que Isabela passa por um implante coclear. Desta vez, só precisou trocar o aparelho e ativá-lo. Mas desde pequena esteve com especialistas da área. "Por volta dos 4 anos, idade considerada limítrofe para o procedimento, eu fui avaliada por uma equipe de implante coclear em Bauru. Como eu tinha me desenvolvido bem na comunicação por leitura labial, acharam mais prudente não me submeter ao procedimento cirúrgico devido aos riscos dele, na época."

ESTÍMULO. Em 2010, Isabela quis fazer o procedimento com o incentivo dos pais. "Iniciamos as consultas em São Paulo. Após todas as etapas, em 2011 foi realizada a minha cirurgia, mas a adaptação não deu certo", disse. "Não me adaptei muito bem por fatores técnicos e psicológicos, como maturidade, por exemplo. Como agora estou mais preparada e sei o que esperar, minha adaptação está sendo bem melhor", afirmou.

Após muito tempo em silêncio, Isabela entrou na fase de ouvir músicas, pois já distingue alguns sons. No perfil do Twitter (senhora surda que ouve - @isaouisabela), ela compartilha a sua jornada para aprender a escutar e tira dúvidas sobre surdez. Os posts com impressões sobre músicas famosas também são compartilhados pelos mais de 16 mil seguidores.

Isabela chamou a atenção, por exemplo, ao dizer que músicas da banda Pink Floyd causam desconforto. "Sinto decepcionar alguns de vocês, mas Pink Floyd não dá."

Segundo ela, o processo inicial é difícil, pois é preciso se forçar para ouvir sons agudos. "Eles estão incomodando menos do que há um mês e isso é um bom sinal." Em 7 de março, a jovem postou a sua canção favorita: The Lazy Song, de Bruno Mars. Contou também que ouviu três vezes Starman, de David Bowie, pois achou o ritmo bom.

Isabela, que é formada em Sistemas de Informação e atua na área, foi diagnosticada com surdez neurossensorial permanente, bilateral e de grau profundo com apenas 1 ano. "Minha mãe teve rubéola na gravidez e, assintomática, acabou não percebendo que me atingiu. Quando eu tinha 6 meses, ela ficou desconfiada. Me levou em alguns pediatras até que foi confirmado o diagnóstico."

IMPLANTE. Luciano Moreira, otorrinolaringologista especializado em reabilitação auditiva e responsável pela equipe Sonora, explica que o implante coclear capta o som do ambiente e o digitaliza para simular o que nosso ouvido original faz. "A nossa cóclea original transforma o som em um impulso elétrico do nervo auditivo", diz.

"Pessoas como Isabela, que fizeram longos períodos de privação auditiva - no caso nasceram com ela -, seu cérebro não foi definitivamente formatado para processar a fala, a linguagem e a audição. É um fenômeno mais cerebral nem tanto auditivo. É importante que a equipe e o paciente estejam cientes do que podem esperar do implante em cada cenário", acrescentou. Atualmente, a cirurgia é bem estabelecida. "Há quase 1 milhão de implantados no mundo. Hoje a cirurgia é mais simples, com duração de uma hora. A pessoa que fez o implante pode ir embora no mesmo dia."

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na próxima quinta-feira (26) é comemorado o Dia Nacional dos Surdos. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 5,8 milhões de brasileiros possuem algum grau de deficiência auditiva. Porém, isso não significa que todas elas nasceram com a deficiência algumas pessoas podem perder a audição no decorrer da vida. “Entre as crianças que nascem deficientes auditivas, pode ser o caso de uma má formação ou lesão no aparelho auditivo. Pacientes que tiveram caxumba, por exemplo, podem ter perda auditiva ou quando consomem algum medicamento muito forte”, afirma a otorrinolaringologista Silvia Marine Fernandes Monteiro.

Uma das alternativas para os surdos são as próteses auditivas, que amplia os sons, hoje, eles podem ter conexão até com eletroeletrônicos como televisão, celular e notebook. Além do implante coclear, que são usados para perdas severas e profundas de audição. “Ele é um dispositivo eletrônico que fica parcialmente implantada e a outra parte fica externa. A audição é bem próxima ao fisiológico e é melhor que uma prótese auditiva” explica Silvia.

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A designer Andréa Cardoso, 34 anos é mãe das gêmeas Luiza e Clara, de 1 anos e 6 meses. As meninas são prematuras extremas, logo após a saída da UTI foi feito o exame da orelhinha quando foi identificado a deficiência auditiva profunda em ambas. Depois de vários exames, as meninas passaram por uma cirurgia de implante coclear, no mês de junho. Em seguida começaram os testes com o aparelho. “O médico otorrinolaringologista das meninas foi muito transparente comigo e com o meu marido sobre a cirurgia. O processo cirúrgico foi muito sossegado, elas reagiram bem”, lembra.

Luiza e Clara com os pais após o implante coclear | Foto: acervo pessoal 

Mesmo conhecendo os sons depois de um ano de vida, Luiza e Clara têm uma boa adaptação com os implantes, porém, ainda é necessário acompanhamento com fonoaudiólogos. “Elas ainda estão associando os sons, pois tudo é uma novidade para as meninas. Existem alguns exercícios que fazemos em casa para estimular cada vez mais”, conta Andréa.

Segundo a otorrinolaringologista Silvia, antes do implante todos os deficientes auditivos passam por exames para saber se é possível realizar o procedimento cirúrgico, já que existem casos irreversíveis. “Nem todos os surdos podem fazer cirurgias para correção, as pessoas que possuem ausência total de audição não podem fazer cirurgias cocleares”, conclui.

 

O Recife recebe na próxima quinta-feira (21), às 17h, a primeira  Taça Cochlear. A competição é direcionada para pessoas com perda auditiva profunda, mas que usam implante coclear, e tem o objetivo de gerar um diálogo sobre o tratamento.

O evento será realizado no Clube Alemão, localizado na Estrada do Encanamento, 216, bairro de Parnamirim, Zona Norte do Recife. Os interessados podem se inscrever de forma gratuita até a manhã da quinta-feira, pelo e-mail e-mail fernando.armando@politecsaude.com.br ou pelos telefones (81) 98663-2438 / 3427-2438 / 3032-4049.

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Outras capitais brasileiras também contarão com a competição, de forma simultânea com a ação recifense. Sobre o implante coclear, ele atua por meio de estimulação elétrica direta das fibras do nervo auditivo, com a atividade de eletrodos, ajudando pacientes com ouvido interno danificado. Dessa forma, ele oferece informação sonora aos usuários e ajuda no processo de comunicação. 

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