Tópicos | Imprensa estrangeira

O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, procurou associar o time do adversário Jair Bolsonaro (PSL) à política do governo Michel Temer. Em entrevista à imprensa estrangeira na manhã desta quarta-feira, 10, Haddad associou o emedebista ao economista Paulo Guedes, um dos principais conselheiros do candidato do PSL e provável ministro da Fazenda num eventual governo do capitão reformado.

"Paulo Guedes é o Temer piorado. E nós vamos reverter essa política", afirmou Haddad, acrescentando que a agenda proposta por Guedes é a "agenda do Temer aprofundada".

##RECOMENDA##

Questionado sobre os erros cometidos pelo próprio PT durante sua permanência no governo federal, Haddad afirmou que o partido deveria ter enfrentado desde o início as questões relacionadas ao financiamento privado das campanhas e dos partidos políticos.

"Erramos. Tínhamos que ter enfrentado essa questão na primeira hora", afirmou o ex-prefeito de São Paulo. "Mas temos um legado muito importante, que tem que ser defendido, e temos o melhor programa de governo", emendou.

Haddad prometeu dialogar com todos os setores, caso venha a ser eleito. Mas pontuou que há setores da sociedade que se mostram preocupados com a possibilidade de uma vitória de Bolsonaro. "Todas as centrais sindicais vão dar apoio à minha candidatura, porque têm medo de perder direitos", exemplificou.

A pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, afirmou na tarde desta sexta-feira, 8, durante entrevista aos correspondentes estrangeiros no Rio de Janeiro, que, se eleita, não vai "inventar a roda" para consertar a economia. "Não tem nenhuma mágica. É preciso resgatar a política econômica que esteve em vigor desde o início do Plano Real, recuperar o superávit primário, sem prejuízo dos investimentos em programas sociais, e controlar a inflação. O sistema de metas (de inflação) é positivo, o que aconteceu é que primeiro ultrapassaram o centro da meta, depois furaram o teto. Agora, até em função do cenário econômico, a inflação caiu novamente, e é preciso mantê-la sob controle. Agora a questão do câmbio é que está com problemas, mas ele deve ser flutuante, e o governo e o Banco Central têm instrumentos para controlá-lo", afirmou Marina.

Questionada sobre uma eventual reação do mercado à polarização entre os pré-candidatos Jair Bolsonaro e Ciro Gomes, Marina afirmou que "não quero contribuir com qualquer especulação sobre candidaturas": "Estamos no começo do processo, e o povo é que vai decidir".

##RECOMENDA##

Sobre a prisão de Lula e a possibilidade de que sua candidatura seja proibida em função da lei da Ficha Limpa, Marina repetiu que "a lei é para todos e não pode se adaptar às pessoas. As pessoas é que devem se adaptar a ela".

A pré-candidata do Rede criticou a gestão do presidente Michel Temer (MDB) e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT): "Eles não governaram. O atual governo faz loteamento de cargos para se manter. É preciso ter alianças programáticas. O País não pode ser governado pelo Judiciário, como tem acontecido".

Um dia depois do julgamento que resultou na restrição do foro privilegiado a parlamentares, o ministro Gilmar Mendes afirmou que o debate sobre o tema é uma "falsa questão". O ministro, que ontem discorreu em críticas ao Judiciário e argumentou que a restrição não dará celeridade à Justiça, defendeu a prerrogativa do Congresso de legislar sobre o tema.

"Numa democracia, não se elimina o Legislativo, embora no Brasil muitas vezes queiramos fazê-lo", disse Gilmar, que participou de um encontro com correspondentes da imprensa estrangeira, no Rio de Janeiro.

##RECOMENDA##

Gilmar também desenhou cenários sobre a remissão de processos para a primeira instância. "Pensem num político importante de um Estado do Nordeste ou do norte, e sendo investigado por uma comarca local", disse. "Comecem imaginar agora os processos que vão baixar de instância, e vejam como estará em seis ou oito meses." Ainda segundo o ministro, "a Justiça Criminal brasileira não é a 13ª Vara Federal de Curitiba".

O ministro lembrou o voto proferido ontem em favor da restrição do foro também para outros cargos e aproveitou para mencionar o episódio do ex-procurador da República Marcello Miller. "O caso que nos constrange a todos, o Miller, está sendo investigado pela procuradoria", engatou.

Lula e a Ficha Limpa

Gilmar comentou ainda a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar a prisão antes da eleição. "Tenho pra mim que hoje está definido que ele é inelegível, por força da Lei da Ficha Limpa", declarou. Ele lembrou que a regra, que prevê a inelegibilidade de políticos condenados em órgão colegiado, foi aprovada "quase que por unanimidade e teve apoio de entidades ligadas ao PT".

"Não vejo possibilidade (de Lula se tornar elegível). A hipótese seria a revogação da própria condenação", disse. "E tenho a impressão que o próprio Lula sabe disso."

"É fácil entender a posição do PT: o PT tão tem um plano B", emendou, ao falar sobre as alternativas de candidatura do partido do ex-presidente. "Eles não têm nenhuma outra força que racionalize isso, apesar de ter outros nomes", emendou. A expectativa é de que, com Lula fora da disputa, nomes como o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner possam ocupar a cabeça de chapa do partido.

A presidente afastada Dilma Rousseff se mostrou confiante na conquista dos votos necessários para reverter o processo de impeachment no Senado. Em entrevista divulgada nesta terça, 7, pela rede de televisão Al Jazeera, do Catar, ela disse contar com 22 votos dos 28 necessários para impedir sua destituição. "Não se trata de algo tão impossível a conquista de seis votos", afirmou.

A presidente voltou a defender que está sendo alvo de uma injustiça e citou os áudios divulgados pelo delator Sérgio Machado, ex-senador e ex-diretor da Transpetro, mostrando integrantes do governo interino de Michel Temer conspirando para tirá-la do cargo e impedir o andamento das investigações contra a corrupção.

##RECOMENDA##

Ela também se disse otimista em relação à sua volta, afirmando que o sentimento da população mudou desde que foi confirmado seu afastamento provisório. "Há mais de dois meses e meio que não se divulgam pesquisas no Brasil. (Mas) as pesquisas que fazem em alguns Estados mostram que a situação hoje claramente se inverteu. (...) É visível que as coisas estão mudando. Aqueles que foram às ruas dizendo que me tirar era lutar contra a corrupção não conseguem colocar uma pessoa na rua hoje contra mim porque é visível que é o oposto", disse.

A presidente afastada se defendeu de acusações sobre sua responsabilidade quando ocupou o cargo de presidente do Conselho de Administração da Petrobras, relembrou dos feitos de sua gestão e do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a corrupção e afirmou que a crise econômica foi agravada por uma articulação política que trabalhava para tirá-la da presidência desde a eleição de 2014.

Questionada sobre qual seria seu grande erro e o que fará de diferente caso vença no Senado, Dilma afirmou que repensaria suas alianças, que minaram sua base de governo com a passagem dos partidos de centro para o campo da direita, um movimento capitaneado pelo PMDB.

Ela também criticou o presidencialismo de coalizão e defendeu uma reforma política. "Em 1998, você conseguia estruturar uma maioria parlamentar com três partidos, depois com quatro, hoje não se consegue com menos de 15 partidos. Há um processo de fragmentação política, e dentro dos partidos um processo de balcanização de interesses. Só uma situação complexa e com características como essa permitiria que um processo de impeachment sem base legal fosse aprovado", disse.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando