Tópicos | Índice de Felicidade Recifense

A felicidade pode ser definida em muitas palavras, porém não é tarefa das mais fáceis. Isso porque cada pessoa carrega consigo diferentes significações para esse termo. Para o filósofo Aristóteles, ser feliz e ser útil à comunidade eram dois objetivos sobrepostos, e ambos estavam presentes na atividade pública. O melhor governo, dizia ele, seria “aquele em que cada um melhor encontra o que necessita para ser feliz”.

Neste sentido, Jigme Singye Wangchuck, o rei do Butão, criou há mais de 30 anos um índice de desenvolvimento social baseado em pesquisas que procuram mapear o que pode trazer felicidade para seu povo, o FIB, ou Felicidade Interna Bruta. Tal índice se tornou o fator determinante na aplicação das políticas governamentais do minúsculo reino.

Esse exemplo é seguido por algumas cidades e instituições privadas do mundo (inclusive no Brasil). No Recife, o modelo do reino butanês foi abraçado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), definido como Índice de Felicidade do Recifense (IFR), que tem por finalidade mensurar riqueza, crescimento econômico, bem estar e qualidade de vida, a partir de aspectos subjetivos a felicidade do povo da capital pernambucana.

Nele, a satisfação do indivíduo é medida por meio de aspectos materiais - Finanças, qualidade dos serviços públicos, local de morada e contentamento com o trabalho - e emocionais - satisfação com sua saúde, família e convivência social.

No âmbito de tal proposta, o IFR também consegue mensurar o efeito de políticas públicas, políticas econômicas e outros fatores sobre o bem estar da sociedade, bem como pode auxiliar na identificação de novas demandas a partir da percepção da própria sociedade.

O índice do IPMN aponta que, para os 807 entrevistados, a família é o maior razão de felicidade, seguida do modo de viver com o próximo. Os ouvidos ainda revelaram estar muito satisfeitos com a saúde. Porém, a maior descontentamento da população, apontada pelo índice, está relacionada aos serviços públicos da capital pernambucana. “Quando a gente pergunta na pesquisa sobre o serviço público somos bem genéricos, pois o serviço é avaliado nos âmbitos, federal, estadual e municipal. Desde a coleta de lixo, saúde, vacinação e segurança, tudo é avaliado juntamente. Então, no geral a prestação de serviços públicos frente ao recifense não é muito boa”, alertou o economista do IPMN, Djalma Guimarães, um dos responsáveis pela pesquisa - ainda em fase de testes.

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Índice de Felicidade Interna Bruta

Segundo o economista Djalma Guimarães, o fator econômico está de maneira muito forte associada ao contentamento dos indivíduos. ”Como economista vou sempre tender para esse lado econômico, querendo ou não situação econômica é uma variável tem um efeito forte sobre a felicidade das pessoas”. Guimarães também acredita que com a economia aquecida em Pernambuco, a chegada de novos empreendimentos e a proximidade do fim do ano a população esteja mais confiante. “O momento econômico positivo que nosso Estado vive também contribui para essa sensação de confiança. A confiança do ponto de vista financeiro, aumento da renda com o 13° salário, o final de ano chegando e o espírito natalino. Porém a hipótese é que em janeiro com as dívidas do final de ano para pagar, desaquecimento do comércio, material escolar e impostos esse índice venha diminuir”.

Já o olhar da cientista social do IPMN, Ivania Porto, aponta para outra direção. “A satisfação com as coisas que dependem diretamente do indivíduo estão mais bem avaliadas na pesquisa, já nos quesitos que não dependem diretamente dessas pessoas, o percentual cai”, observou. A cientista se refere aos entrevistados apontarem a família como o fator mais importante de felicidade, seguida do modo de conviver com o próximo e com maior rejeição estar os serviços públicos prestados pelo Recife.

Ouritori, ouritori

Para a doutoranda em filosofia, Silvana Pedroza, a felicidade da nossa população é reflexo da herança cultural. “Os índios Tupi Caetés, que viveram em nossa região, costumavam dizer: ouritori, ouritori, que quer dizer seja feliz, seja feliz e nós carregamos essa lição conosco”. A filósofa ainda acrescentou, “Maurício de Nassau também trouxe para nós as artes, a beleza e a alegria. Nosso povo tem um modo peculiar de enxergar a vida, somos mais alegres e, apesar de tantos preconceitos, conseguimos conquistar tudo aquilo que temos vontade.”

Conforme avalia Silvana Pedroza, a felicidade não é construída por fragmentos. “A felicidade não é passageira nem é feita de pequenos momentos. Ela é constante, está na forma como nos enxergamos e será desta forma os outros nos distinguirão, pois isso será externado”.

Neste sentido, o Índice de Felicidade do Recifense passará por constantes mudanças nas variáveis utilizadas, para estar sempre a serviço do bem-estar da população. Porém, o exemplo do Butão seria mais efetivo se copiado, também, pela administração pública da nossa região. O pontapé inicial já foi dado, a direção foi apontada pelo IPMN, basta segui-la.

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