Na última segunda-feira (07/11), a Mesa da Unidade (MDU) promoveu a Conferência Política para a Primeira Infância e o Combate às Drogas. O evento, que teve como estrela maior o deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS), foi tão rico e envolvente, que se estendeu por mais de três horas.
Médico, Terra comandou a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul de 2003 a 2010, período em que coordenou o Programa Primeira Infância Melhor (PIM), considerado hoje uma referência no atendimento às crianças de 0 a 3 anos no Brasil.
Na palestra que fez no Recife, o deputado deu uma verdadeira aula sobre o funcionamento do cérebro para justificar a importância de políticas públicas desde a gestação e não somente depois dos 4 anos, como acontece hoje no Brasil. Ele apresentou, ainda, análises econômicas que demonstram que é no início da vida que os investimentos públicos e sociais encontram seu melhor custo-benefício, para o aperfeiçoamento das habilidades humanas, sejam elas intelectuais, emocionais ou motoras.
O que acontece no período de 0 a 3 anos é determinante para o que acontece nas fases posteriores da vida de um ser humano. É nessa fase que se desenvolvem as áreas do cérebro responsáveis pelo afeto, pela cognição e pela futura capacidade de se relacionar socialmente. A falta das condições adequadas e um alto stress da criança nesse período podem levar a sequelas irreversíveis.
O programa Primeira Infância Melhor é uma demonstração concreta de que é possível equacionar o desafio da atenção integral, promovendo uma ação articulada entre as áreas de saúde, educação, assistência social e cultural, em benefício das crianças, gestantes e famílias que se encontram em situação de pobreza.
O programa consiste em preparar uma equipe de agentes visitadores que serão responsáveis pelo acompanhamento das crianças e das mães, já durante o período de gestação. Atuando junto às famílias - em especial, àquelas cuja renda per capita é de meio salário mínimo - e respeitando as diferentes culturas familiares e suas experiências, o visitador orienta os pais no desenvolvimento das capacidades e potencialidades de seus filhos, através de atividades lúdicas, reforçando questões de saúde, higiene, coordenação motora, vínculos afetivos e de desenvolvimento da linguagem.
No caso do Recife – uma capital marcada pela forte desigualdade social, violência e desrespeito aos direitos humanos -, investir na primeira infância constitui-se numa estratégia política da mais alta relevância. Seus resultados, em curto, médio e longo prazos, para além da história individual de cada criança, contribuiriam para melhorar os rumos de toda a sociedade, com mais saúde, mais educação, mais felicidade e, conseqüentemente, com menor índice de dependência, de violência, gravidez na adolescência e de consumo de drogas.