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Uma pesquisa da consultoria Grant Thornton International revelou que a falta de investimentos em infraestrutura nos países do chamado grupo Bric - formado por Brasil, Rússia, Índia e China - é o maior desafio enfrentado pelos empresários. Segundo o estudo, 45% das empresas desses países citam a infraestrutura de transporte como a maior restrição ao crescimento.

No Brasil, a questão dos transportes é citada como um problema por 21% das empresas, enquanto na Rússia esse índice é de 74% e, na Índia, chega a 59%. O índice de 45% verificado no grupo Bric é 22 pontos porcentuais superior ao registrado no ano passado, e bem acima da média global, de 12%. "O grande motor dos investimentos em infraestrutura de transporte, e também de comunicação, é o governo. A piora na percepção dos empresários está atrelada à queda nos investimentos e à percepção de ineficiência da aplicação de recursos por parte do governo", comentou o sócio de auditoria da Grant Thornton Brasil, Paulo Sérgio Dortas, em entrevista ao Broadcast Ao Vivo, serviço em tempo real da Agência Estado.

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No quesito informação, comunicação e tecnologia, 47% dos entrevistados apontaram problemas nesse setor no cenário global. No Brasil, esse índice ficou em 36%, enquanto na Índia a insatisfação atinge 64% dos empresários, e na Rússia a taxa é de 63%. Dortas comenta que, além da questão da infraestrutura, a maior barreira citada pelos empresários brasileiros é a questão da burocracia.

"Mesmo com a vontade do empresariado de investir, os leilões de grandes obras estão patinando. O governo demora em disponibilizar acesso a concessões e leilões e isso atrapalha muito o Brasil", afirma. "Toda a questão de suporte de eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada dá um certo ar de angústia. Nós estamos quase em junho e a grande maioria das obras está no papel, ou sequer chegou ao papel. Grande parte dos editais que iria para o mercado foi retirada em função de questões de rentabilidade, de remuneração de investimentos", acrescenta.

Com os problemas enfrentados pelos países do Bric, outros emergentes começam a despontar no cenário global. Pela primeira vez a pesquisa da Grant Thornton mostrou que não há nenhum membro desse grupo entre as cinco economias mais "otimistas". "Outros atrativos de investimento estão aparecendo nos últimos anos, o que significa uma maior competição para os Brics na hora de atrair investimentos estrangeiros", explica Dortas. Os preferidos dos empresários em 2013 são Peru, Filipinas, Emirados Árabes Unidos, México e Chile. A pesquisa da Grant Thornton ouviu 12,5 mil empresas em 44 países, divididos nos grupos Ásia-Pacífico, Sudeste Asiático, BRIC, União Europeia, G7, América Latina, Nórdicos, América do Norte e Outros.

O governo já começou a conversar com possíveis interessados nos projetos de infraestrutura apresentados ao mercado. Na capital britânica, uma reunião realizada na quarta-feira (20) revelou que, entre as dúvidas dos estrangeiros, estão o funcionamento das linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a legislação nacional e o mercado secundário de dívida privada.

Organizada pela Embaixada do Brasil em Londres, a reunião atraiu cerca de 30 instituições, entre operadores de infraestrutura, bancos e fundos de investimento e pensão. "Foi um encontro preliminar. A reunião foi muito boa porque percebemos as dúvidas que existem para que o roadshow também possa tratar desses temas", diz o embaixador brasileiro no Reino Unido, Roberto Jaguaribe.

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Sobre as recentes alterações em contratos do setor elétrico - fato duramente criticado por investidores -, o embaixador comentou que o tema não fez parte do encontro de ontem. "O Brasil tem relação com o capital estrangeiro desde a Independência", disse, ao comentar que, ao contrário, houve boa receptividade e interesse dos estrangeiros.

Na reunião, foi apresentado um quadro do País aos investidores, como a situação macroeconômica e a legislação. Os grandes projetos de infraestrutura, porém, não foram comentados, já que isso será feito durante o roadshow que deve ocorrer nos próximos dias em Nova York e Londres. Na capital britânica, o evento deve ocorrer em 1º de março.

No encontro realizado na quarta-feira, a situação brasileira foi apresentada pelo presidente da Febraban, Murilo Portugal, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Leonardo Pereira, e a presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Denise Pavarina, além de representantes do Ministério da Fazenda e do BNDES.

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