O Movimento Sem Terra (MST) divulgou nesta quinta-feira (17) uma nota em que afirma que a propriedade de Fazenda Nova, supostamente o motivo principal pelo qual o promotor Thiago Faria teria sido assassinado na última segunda (14), seria alvo de uma ação de desapropriação de terras para reforma agrária. Segundo o documento, assinado pelo líder do MST, Jaime Amorim, a propriedade nem poderia ter sido leiloada por se tratar de território indígena.
O LeiaJá entrou em contato com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para confirmar a informação, no entanto, tanto o superintentende quando seus substituto não estavam no local de trabalho e nenhum funcionário quis dar declarações sobre o caso.
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Confira a nota na íntegra:
"A imprensa tem anunciado que os suposto assassino de Thiago Faria morto na segunda-feira (14/10), na PE-300, que liga o município de Águas Belas e Itaiba são os donos da fazenda Nova localizado no município de Águas Belas.
o mais esquisito ainda é que a imprensa tem dado conotação para o crime como conflito agrário tendo como origem um leilão de terra de 25 hectares promovido pela A justiça e arrematado pela noiva do promotor.
Primeiro uma correção: O crime não esta vinculada a questão agrária, pois o conceito de questão agrária é bem mais amplo, mas sim, na disputa de terra entre grandes proprietários da família Martins e o senhor Jose Pedro, ambas as famílias com muita posse e poder político na região.
Tudo poderia esta dentro da conformidade deste processo de disputa de terra se não fosse o fato fundamental que vem sendo esquecido pela imprensa, e pelo secretario de defesa social. A fazenda Nova esta ocupada por um grupo de 60 famílias de trabalhadores rurais. Desde abril de 2004, o INCRA vem tentando desapropriar o imóvel, o órgão já realizou a vistoria e a área foi classificada como grande propriedade improdutiva, portanto passiva de desapropriação para a Reforma Agrária.
Em 2004 as famílias foram violentamente despejadas da Fazenda Nova, por capangas do proprietário, em conjunto com a polícia militar. Durante o despejo o próprio proprietário determinou a prisão de dois dirigentes do MST, que foram levados à delegacia de Águas Belas, sendo transferidos para o presídio de Saloá, onde ficaram presos durante 30 dias.
Na época o proprietário fez questão de dizer publicamente que quem manda em Águas Belas, na prefeitura, no cartório de registro de imóvel, na delegacia de policia, no fórum, enfim é como todos grandes donos de terras se sentem nos pequenos municípios do interior.
Lembrando que os dois superintendentes do INCRA de Pernambuco são da região: Aberlado Siqueira e Luis Aroldo, atual superintendente, que é de Águas Belas. E por conhecer o problema agrário sempre foram a favor da desapropriação da fazenda Nova, bem como a importância política da desapropriação desse imóvel, para o município e região, o que se tem de mais atrasado na estrutura agrária e na cultura política brasileira.
A Fazenda Nova foi impossibilitada até hoje de sua desapropriação porque, a FUNAI considera como de interesse dos povos indígenas, portanto esta posição da FUNAI impede qualquer transação do imóvel. Seja desapropriação, compra e venda ou outras formas. Como se explica então que esse processo ocorre de forma legal no âmbito da justiça?
Não é estranho, que a justiça determine o leilão de uma terra que foi constatada como território indígena?
A família de um promotor público ligado a outros proprietários de terras arremata a terra em leilão, e o proprietário descontente com o processo manda assassinar. E ninguém fala do interesse do INCRA no processo, da forma como INCRA foi impedido (possivelmente o documento da FUNAI determinando o imóvel como terra indígena para impedir a desapropriação também foi comprado por influencia do proprietário)."
Jaime Amorim – Direção estadual do MST