Tremor, coração acelerado, nervosismo e ansiedade. Tais situações são comuns entre pessoas afetadas pelo medo de falar em público ou de expressar-se corporalmente. Além de prejudicar a rotina social de um indivíduo, o problema traz consequências severas na vida profissional, interferindo negativamente na carreira de quem não consegue desenvolver a oratória diante de outras pessoas.
Um estudo realizado pelo jornal britânico ‘Sunday Times’ revelou que o receio de falar público é o maior medo dos colaboradores ouvidos no levantamento, superando, inclusive, o medo da morte. No Brasil, levantamento feito pelo Centro de Pesquisas e Tratamento de Transtornos de Ansiedade mostrou que 32% dos entrevistados reportaram ansiedade excessiva ao falarem para um grande grupo de indivíduos. A mesma análise apontou, ainda, que 13% dos participantes afirmam que o medo de falar em público ocasionou interferência no trabalho, na vida social e na educação, causando sofrimento acentuado.
##RECOMENDA##O LeiaJá aborda, a seguir, informações sobre de que forma uma comunicação deficitária ou praticamente inexistente tende a ofuscar a carreira de um profissional e sua vida social. Confira:
1 – É quase impossível esconder uma linguagem corporal ruim
“A expressão corporal denuncia a tensão de algumas pessoas que precisam falar em público. Ombros muito contraídos, pessoas que não gesticulam ou que gesticulam demais, fazendo com que o público pare de prestar atenção ao que elas estão dizendo e comecem a prestar atenção em movimentos muito bruscos ou em movimento nenhum. A linguagem corporal é fundamental e diz muito sobre a competência de um palestrante, da pessoa que quer transmitir um conteúdo”, alerta a professora de Linguagens e redação Fernanda Bérgamo.
2 – Sua voz causa reações no público. Ótimas ou péssimas
De acordo com a professora Fernanda Bérgamo, o tom e a forma utilizadas por uma pessoa ao falar, seja para amigos ou diante de uma plateia, causam reações nos receptores. Se a comunicação for clara e desenvolta, haverá compreensão do conteúdo. Do contrário, sobrarão ruídos, desentendimento e críticas.
“Quando o tom de voz está muito alto, fica irritante, se está muito baixo, o público sente dificuldades para entender. O ritmo, se estiver muito acelerado, faz com que a pessoa perca parte do conteúdo e, se for muito lento, fica cansativo”, explica a docente.
3 – Impacto nas relações pessoais
Segundo o psicólogo Dino Rangel, o medo de falar em público pode ser ocasionado por um trauma ou pela ansiedade patológica, que acontece quando o estado do indivíduo afetado sai de um nível normal para um patamar de perturbação, angústia e de sintomas psicossomáticos. Há, ainda, questões fonoaudiológicas que impedem a comunicação de muitas pessoas, como nos casos de gagueira.
Rangel alerta que esses males são os principais responsáveis pelo medo de falar em público, que prejudica, principalmente, a maneira pela qual o indivíduo se relaciona com seus familiares e amigos. Por consequência, o nível de timidez pode aumentar, bem como a pessoa tende a “travar” na hora de se expressar.
Ao impactar nas relações sociais, o medo de comunicar-se gera indivíduos com baixa autoestima, com complexo de inferioridade e, em alguns casos, com traços depressivos. O psicólogo alerta que nas situações mais graves é importante que as vítimas procurem atendimentos psicológicos especializados.
4 – Risco de desemprego
Uma pesquisa promovida pela Catho, empresa especializada em recrutamentos, revelou que para 34% dos selecionadores, os erros de português são os principais motivos de eliminações de candidatos que buscam emprego. Esses equívocos acontecem, principalmente, nos textos dos currículos, mas também podem ser notados durante as entrevistas com os recrutadores.
“Não é legal errar do ponto de vista gramatical, mas você não precisa falar de forma rebuscada. Você pode ser simples, extremamente adequado e elegante”, orienta a professora Fernanda Bérgamo.
Um caminho para falar bem
A boa notícia é que existem estratégias e técnicas de comunicação que podem te ajudar a superar o medo de se expressar em público. "O melhor palestrante é aquele que fala de forma confortável e a gente fala de maneira confortável quando determinamos que o próprio estilo vai comandar a nossa fala. Cada pessoa tem um estilo, mas, obviamente, o estilo tem que ser adequado. Adequado a um assunto, ao interlocutor e, sobretudo, ao ambiente. Então, a recomendação é adequação", explica a professora Fernanda Bérgamo.
"Ninguém é obrigado a ser o melhor orador do mundo, mas dominar o conteúdo é importantíssimo para quem deseja apresentar uma palestra ou falar a uma pequena plateia. Quando a gente domina um conteúdo, ficamos confortáveis. E quando estamos inseguros a respeito de um conteúdo, não nos sentimos bem para nenhuma apresentação", finaliza.