A corretora MF Global entrou com pedido de concordata na semana passada, deixando, além de um rombo estimado em US$ 600 milhões, um rastro de desconfiança e temor em relação a outras corretoras e bancos de investimentos. As ações das firmas do setor despencavam na tarde desta quarta-feira (9) em Nova York.
O maior temor é sobre a exposição dessas firmas de investimentos à dívida soberana europeia, especialmente Grécia, Itália, Espanha e Portugal, ou negócios com a própria MF Global. O pior é atualmente, ao contrário de 2008, há menos disposição de bancos e outras empresas financeiras de saírem ao salvamento de náufragos. O próprio Federal Reserve lavou as mãos e deixou a MF afundar.
##RECOMENDA##Por volta das 13h30 (de Brasília), os papéis da corretora Jefferies & Co. caíam 7,96%, com queda acumulada de janeiro até hoje de 57%. As ações da Charles Schwab derretiam 5,12% e tinham perda acumulada em 2011 de 28,8%. As ações da E*Trade Financial caíam perto de 6%, registrando desvalorização de 36,61% no ano. As ações do Fortress Investment Group caíam 4,43% e no ano a empresa acumula perdas de quase 40%. As ações da Blackrock encolhiam 4,11%, com perdas de quase 18% no ano.
Para o ex-economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) e diretor para EUA do Barclays Capital, Michael Gapen, ainda é cedo para saber se outras companhias correm o mesmo risco da MF Global. "Por enquanto, creio ser um fato isolado, baseado nos riscos que eles decidiram correr, e não acredito que signifique uma deterioração mais ampla envolvendo outras firmas financeiras", disse à Agência Estado. O presidente do Fed, Ben Bernanke, também havia avaliado, logo após a concordata da MF Global, que se tratava de um caso isolado.
O diretor-gerente da Fortress, Gordon Runde, garantiu na semana passada que a companhia não estava na linha de fogo. "A Fortress não tem exposição financeira à MF Global", disse, durante conference call para divulgação dos resultados trimestrais.
Em comunicado divulgado na semana passada, a Jefferies garantiu aos clientes não possuir "exposição significativa" às dívidas de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha e que a exposição à MF Global era "mínima".
Mas vale lembrar que, dias antes do colapso da MF Global, seu então executivo-chefe, Jon Corzine, havia garantido que a empresa tinha liquidez e os clientes não corriam riscos, o que se provou uma grande mentira. A corretora tinha exposição de US$ 6,3 bilhões às dívidas da Itália, Espanha, Portugal, Irlanda e Bélgica. A falência da MF Global é a oitava maior dos Estados Unidos.