Dois aviões Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) aterrissam sábado (8) na Base da Aeronáutica, em Recife, com quase 200 pessoas entre professores e estudantes da Universidade de São Paulo (USP). Juntamente com a tripulação, desembarcam também toneladas de equipamentos de ponta, aparelhos médicos e remédios. Não se trata de uma operação de guerra, mas sim do projeto Bandeira Científica, que este ano desenvolverá suas atividades no município de Afogados da Ingazeira, localizado no sertão pernambucano.
Criado na década de 1950, o Bandeira Científica é formado por professores e alunos da USP com o apoio de diversas empresas de São Paulo. O projeto, que está em sua 15ª edição, é realizado em parceria com a prefeitura e tem o objetivo de prestar atendimento em diversas áreas da saúde e realizar várias atividades coletivas com a população. E este ano, o município de Afogados da Ingazeira foi selecionado para sediar a expedição. Uma equipe de 15 estudantes da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA -USP) já está na cidade, desde o dia 1º deste mês, realizando um censo para identificar as necessidades da população. E a equipe que chega no sábado atuará entre os dias 10 a 18 deste mês.
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Depois de uma triagem de mais de mil cidades do País, o município foi escolhido por atender os critérios do projeto, como ter de 25 a 35 mil habitantes, possuir mais de 50% da cobertura pelas unidades estratégias Saúde da Família e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre 0,4 a 0,7. No ano passado, a edição do Bandeira Científica foi na cidade de Belterra, no Pará.
Voluntários
O exército de estudantes e professores voluntários estará dividido em mutirões nos bairros Sobreira, Padre Pedro Pereira e Centro, e nas comunidades rurais de Alto Vermelho, Queimada Grande, Pintada e Carapuça. Entre os serviços oferecidos está o atendimento em saúde, que priorizará os pacientes já triados pelos Agentes Comunitários de Saúde do município, mas também poderão ser atendidos moradores que chegarem aos postos de saúde.
Entre as especialidades da equipe que acompanha o projeto estão oftalmologistas, pediatras, ginecologistas, cardiologistas e otorrinolaringologistas. Além da medicina, áreas como odontologia, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, nutrição e terapia ocupacional ainda prestarão atendimento e farão atividades educativas com a população. Os profissionais do município terão também formação em gestão de saúde com professores renomados do Hospital das Clínicas de São Paulo.
O projeto prevê ainda a distribuição de próteses dentárias, óculos e remédios de graça. A expedição leva mais de uma tonelada de medicamentos para o município. Serão entregues também computadores para escolas municipais. Todos esses benefícios vêm de doações de empresários paulistas.
O Bandeira Científica ainda contará com ações que desenvolvam projetos voltados para infraestrutura e planejamento do município. Os alunos de engenharia da USP planejarão atividades de mapeamento do saneamento básico e da rede de esgoto, abastecimento de água e compostagem. Enquanto os estudantes de agronomia trabalharão com o manejo da terra e ações ligadas à agricultura em comunidades rurais de Afogados da Ingazeira.
Os alunos de economia, administração e contabilidade irão trabalhar também com associações comunitárias e em projetos de geração de renda. O objetivo é melhorar a gestão das organizações locais. Já os estudantes de comunicação e artes ficarão responsáveis por documentar a expedição através de fotos e um documentário, além de realizar atividades de comunicação comunitária e comunicação em saúde.
Conhecimento
Para o professor da USP e coordenador do projeto, Luiz Fernando Ferraz, a ideia do Bandeira Científica é que não se quebrem os laços construídos em cada cidade. "A presença da expedição vai além de ofertar serviços e promover atividades, mas também abrir portas entre o município e a USP", declarou.
Em 2009, o Bandeira Científica ganhou o Prêmio Cidadania Sem Fronteiras do Ministério de Ciência e Tecnologia e do Instituto de Cidadania Brasil, na Subárea da Saúde e como Melhor Projeto Geral. Além de estudantes da USP, integrarão a expedição alunos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade de Pernambuco (UPE).