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Visando acelerar a confirmação de casos notificados e suspeitos de microcefalia na capital pernambucana, as Secretarias de Saúde do Recife e de Pernambuco realizam em parceria o 1º mutirão para fechar os diagnósticos da má-formação, nesta sexta-feira (22), das 8h às 17h, na Unidade Pública de Atendimento Especializado (UPAE), no bairro do Arruda. Ao todo, são esperados 78 bebês cadastrados na triagem, mas de acordo com o Secretario de Saúde do Recife, Jailson Correia, qualquer criança com a suspeita poderá ser atendida durante o mutirão.
##RECOMENDA##Uma equipe de neuropediatras, assistentes sociais, psicólogos e enfermeiros trabalham para agilizar o diagnóstico de crianças que, principalmente, já tenham a suspeita. "Toda criança que teve em algum momento a suspeita ou a notificação de microcefalia está sendo acolhida aqui hoje para podermos fazer o seu diagnóstico, mesmo que não tenham horário agendado", afirmou o secretario de saúde do Recife, Jailson Correia. Ele explicou ainda que caso a microcefalia seja confirmada, as crianças continuam sendo acompanhadas pelos equipamentos de saúde da gestão municipal.
Segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Recife, de 1º de agosto de 2015 até o dia 2 julho de 2016 já foram notificados 344 casos suspeitos de microcefalia. Desses, já foram confirmados 63 casos e 134 foram descartados. Ao todo, 147 casos ainda estão sob investigação. Para o secretario, a expectativa é de que esse número caia hoje com o atendimento das 78 mães que estão previstas para comparecer no mutirão. "A nossa meta é que todas as mães saiam daqui hoje com o resultado final para que possam programar os próximos passos de suas vidas", completou o secretario.
O diagnóstico
As vizinhas Maria Ilídia e Graciele Maria, moradoras do Alto José Bonifácio, na Zona Norte do Recife, vieram ao mutirão para realizar o último diagnóstico das filhas. Para Ilídia, mãe da pequena Larissa Vitória, de 3 meses, que teve o diagnóstico negativo para microcefalia, a sensação após sair da sala de triagem é de alívio. "Desde que nasceu, minha filha já fez todos os exames. Pra mim ela é normal feito os outros irmãos dela. Ela nasceu muito pequena e com pouco peso. Os médicos diziam que ela era menor do que uma criança saudável. Eu me desesperei no começo, mas depois eu me acalmei. Hoje eu confirmei que ela está bem e que não tem microcefalia", contou.
Para a outra vizinha, Graciele, mãe da Alana Vitória, a espera para obter o diagnóstico final será um pouco mais longa. Ela conta que quando a filha estava com 3 meses, alguns profissionais da Prefeitura do Recife a procuraram para que alguns exames fossem feitos. "Eu ainda vou entrar na sala de triagem e acho que minha filha é totalmente normal, mas o amor é o mesmo", explicou. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente, meninas que nascem com o perímetro menor que 31,5 centímetros e meninos com menos de 31,9 centímetros precisam ser notificados como casos suspeitos.
Emocionada, a moradora do bairro de Nova Descoberta, Darlene da Silva, mãe da Ana Luíza, de 3 meses, deixou o mutirão com a sensação de alívio pelo resultado negativo da filha. Ela explicou que a filha nasceu com o perímetro de 31,5 cm e o hospital notificou a suspeita de microcefalia. Apesar de no início a pediatra ter descartado a suspeita, a mãe conta que preferiu trazer a bebê para a confirmação final no mutirão da Prefeitura. "Eu quis vir acompanhar o processo e ver realmente que ela não tem a microcefalia. Estou muito alegre com o resultado final", falou.
Com Mylene Helena, de 22 anos, mãe de três filhos, a situação foi diferente. Ela conta que parou a vida pra poder dar assistência ao filho mais novo, Davi Henrique, de 11 meses, que tem a microcefalia confirmada desde os 7 meses de vida. Também moradora do bairro de Nova Descoberta, ela veio ao mutirão já com a má-formação do filho confirmada para realizar o procedimento de coleta de líquido cefalorraquidiano (LCR), em que pode ser detectada a origem da microcefalia.
Morando em uma casa da família com um total de nove pessoas, a mãe explica que com a descoberta a rotina ficou um pouco difícil. "Eu vim descobrir que ele nasceria com algum problema quando ele ainda estava na barriga. A médica disse que ele iria nascer com alguma dificuldade, mas ela não sabia o que era. Com 7 meses, os médicos confirmaram que era microcefalia", falou. Para o pequeno Davi, que completa o primeiro ano de vida no próximo mês de agosto, remédios e calmantes são prioridades no seu tratamento.
Cenário
Popularmente conhecida por muriçoca ou pernilongo doméstico, o mosquito Culex quinquefasciatus, pode ser mais uma forma de transmissão do vírus Zika. Essa possibilidade foi levantada após estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em coletas realizadas no Recife. Até o momento, a literatura não comprovava essa possibilidade de outro vetor do vírus causador da doença. Segundo a Fundação, os resultados preliminares da pesquisa de campo identificaram, no trabalho de campo, mosquitos infectados pelo vírus zika em três dos 80 pools - é constituído de 1 a 10 mosquitos coletados em cada localidade, separados por sexo e espécie.
Para o secretario de saúde do Recife, o panorama da Secretaria de Saúde do Recife não muda por enquanto. "Apesar de ser um estudo importante de uma instituição séria que é a Fiocruz, precisaríamos de mais tempo de análise para entender e confirmar se além do potencial de transmissão há realmente um papel significado da muriçoca na transmissão do zika Vírus. Vamos aguardar os estudos serem feitos e enquanto isso estamos nos mobilizando para que a gente possa dar conta desses desafios", avaliou Correia.
Os primeiros estudos apontaram que o contágio da muriçoca acontece quando ela entra em contato com um hospedeiro infectado, porém, as novas pesquisas irão indicar se a transmissão também pode ocorrer de maneira transovariana, ou seja, a fêmea infectada passar o vírus para sua prole, fazendo com que novos mosquitos já nasçam com o vírus. Além disso, será estabelecido qual espécie, aedes ou culex, vem sendo a maior responsável pela epidemia do zika.