Centenas de fiéis muçulmanos assistiram à oração de sexta-feira (8) em frente à Casa Branca para protestar contra o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por parte do presidente americano, Donald Trump.
Em alusão à convocação de organizações muçulmanas americanas, os fiéis instalaram tapetes de orações na praça Lafayette, um pequeno parque em frente à sede do Executivo americano.
Usando o kefieh palestino, ou echarpes com as cores palestinas, os manifestantes mostraram cartazes, denunciando a colonização em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia.
Dando as costas a décadas de diplomacia americana e internacional, Trump reconheceu unilateralmente Jerusalém como a capital de Israel e anunciou a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém.
Trump "não possui nem um grama de terra de Jerusalém, nem da Palestina. Possui a torre Trump. Pode dá-las aos israelenses", disse o diretor-geral do Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR, na sigla em inglês), Nihad Awad.
O presidente americano "está fortalecendo o extremismo religioso cristão nos Estados Unidos... Os evangélicos que acreditam erradamente que Deus pede injustiça, reconhecendo a ocupação israelense da Palestina", acrescentou.
Nihad Awad, que falou junto de outros dignatários da comunidade muçulmana nos Estados Unidos, pediu ao inquilino da Casa Branca que "pusesse os interesses americanos em primeiro, e não os de uma potência estrangeira e seus lobbies".
O anúncio de Donald Trump "não favorece a paz, vai criar mais caos, o que Trump fez vai destruir precisamente tudo o que pode aportar paz", avaliou Zaid al-Harasheh, um manifestante.
A decisão americana provocou uma onda de ira no mundo muçulmano e diversos incidentes opuseram nesta sexta-feira milhares de palestinos às forças israelenses na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, provocando dezenas de feridos e um primeiro morto.
Israel estendeu seu controle à parte oriental de Jerusalém em 1967 e a anexou para proclamar depois toda a cidade como sua capital, o que a comunidade internacional nunca reconheceu. Os palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado, ao qual aspiram.
Os dirigentes palestinos consideram que a decisão americana condiciona as negociações sobre o status de Jerusalém, uma das questões mais espinhosas na busca de uma solução para o conflito entre israelenses e palestinos.
Desde a criação de Israel em 1948, a comunidade internacional nunca reconheceu Jerusalém como capital e sempre considerou que o "estatuto final" da Cidade Santa devia ser negociado.