Tópicos | Osvaldo Coelho

Na leitura inicial de Diários da Presidência, anos 1995-96, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, (PSDB), encontrei um relato em que ele elogia o ex-governador Miguel Arraes, a quem negou pão e água, e os aliados Osvaldo Coelho, recentemente falecido, e Inocêncio Oliveira, que pendurou as chuteiras da vida partidária. Trata-se de viagem ao Nordeste em março de 96, que começou em Petrolina e acabou no Crato (CE), passando antes no Sertão do Apodi, no Rio Grande do Norte.

“Hoje é sábado, 30 de março de 1996, onze horas da noite, estou voltando do Nordeste. A viagem foi muito boa. Ontem saímos daqui e paramos em Petrolina, onde encontrei os Coelho, Osvaldo Coelho à frente. Ele fez um primoroso discurso, me chamando de “inimigo número um da fome” e, no fim, de “libertador da pobreza”, por causa do Real. Nós demos um apoio necessário ao polo da irrigação no São Francisco”, diz FHC, para acrescentar:

“De lá para Serra Talhada. Não entramos na cidade. Fomos ao reservatório de Serrinha, que vai dar vida ao rio Pajeú, rio cantado pelo Luiz Gonzaga, que pedia exatamente esse reservatório. Nós implementamos. Arraes fez um belo discurso testemunhando a ação do Governo, elogiou o Serra e disse que com a ação do Governo há possibilidade agora de uma coisa séria, honesta”.

Fernando Henrique contou em seguida: “O discurso de Inocêncio Oliveira foi empolgado, citou Hamlet, Shakespeare, fez uma poesia, estava o dono da festa, feliz da vida. Havia um pequeno grupo de sem-terra e quando me dirigi ao povo, eles estavam ali perto, eu queria falar com eles, foram embora, ficaram desconcertados”.

O volume número um do livro de FHC tem 931 páginas, nas quais ele reproduz o que gravou no dia a dia em gravadores sem muito recurso, segundo ele, o que dificultou a transcrição, porque os auxiliares que desgravaram não entenderam, em muitas ocasiões, o que quis dizer nem interpretar aquele exato momento. Por isso, a narração é na primeira pessoa, como se fosse um longo depoimento.

No trecho que encontrei sobre sua experiência numa das viagens ao Nordeste, ele encerra assim: “No Crato, outra etapa da viagem, encontrei Miguel Arraes, Violeta Arraes, o governador Mão Santa(PI) e o Tasso Jereissati (CE). Ai foi um programa ambiental, uma coisa mais sofisticada, toda a população na rua, a não ser um grupo numa esquina, me disse o prefeito de lá, gente da universidade que gritava, xingava e tal. Tasso até me disse que parecia o Sarney na época do Cruzado”.

E conclui, reportando-se à sua experiência no Governo Sarney: “Eu viajei com o Sarney na época do Cruzado, fomos para Aparecida, era assim. Só que o Cruzado durou pouco, o Real está durando já dois anos. Espero que dure o resto do tempo”. Ainda sobre Pernambuco, ele conta como se deu o encontro em que o então jovem deputado Mendonça Filho (DEM), no seu primeiro mandato federal, o procurou para apresentar a emenda que permitiu a aprovação, pelo Congresso, da emenda da reeleição. Depois, eu conto.

DELAÇÕES - Por meio de advogados, dois dos seis presos da Operação Zelotes procuraram investigadores da Força Tarefa para aderir ao instituto de delação premiada, negociação que foi iniciada: Alexandre Paes dos Santos, o APS, e Mauro Marcondes, relacionados na investigação como envolvidos na suposta fraude de decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda. Além das suspeitas de que Santos e Marcondes negociavam decisões no Carf, os investigadores apontam que os dois acusados atuariam em pagamentos de propina em troca de medidas provisórias para beneficiar o setor automotivo.

Degolado da Globo News – Meu amigo Sidney Rezende, parceiro no blog, foi demitido da Globo News, onde estava desde 1997. Um dos fundadores da rádio CBN, um dia antes do cartão vermelho, ele fez críticas ao jornalismo praticado no Brasil. Em um texto intitulado “Chega de notícias ruins”, publicado no seu blog, Rezende argumentou que notícias positivas estão fora da pauta da mídia e lamentou: “Se pesquisarmos a quantidade de boçalidades escritas por jornalistas e ‘soluções’ que quando adotadas deram errado daria para construir um monumento maior do que as pirâmides do Egito. Nós erramos. E não é pouco. Erramos muito.”

O forasteiro está chegado! - Embora o prefeito de Bonito, Rui Barbosa (PSB), negue, o deputado estadual Clodoaldo Magalhães (PSB) transferiu seu domicílio eleitoral de Palmares para aquele município e deve ser o candidato a prefeito apoiado pelas forças governistas. Barbosa está animado, mas receoso de que, ao longo da campanha, o seu candidato oficial, que ali está caindo de paraquedas, seja identificado, apontado e tratado de forasteiro, como de fato tem todas as características.

É cria de casa - Em Caruaru, depois da rasteira que a direção estadual deu no vice-prefeito Jorge Gomes, ninguém tem mais dúvidas de que o prefeito José Queiroz (PDT), que se sentiu apunhalado, apoie efetivamente o candidato que sempre esteve na sua cabeça: o senador Douglas Cintra (PTB). Quanto ao fato do trabalhista ser ligado ao ministro Armando Monteiro, Queiroz já o discurso da resistência dialética na ponta da língua: Douglas é cria política dele, histórico integrante do seu grupo.

O segundo a correr da reeleição - Depois de Severino Otávio (PSB), de Bezerros, assumir que não deseja disputar a reeleição, desiludido com a crise que arrasta os municípios para o fundo do poço, agora é a vez de Armando Souto (PDT), prefeito de Água Preta, também admitir que a reeleição não está em seus planos. “Hoje, não sou candidato. Posso até mudar de opinião, mas não desejo mais. Os municípios brasileiros, quase sem exceção, viraram massas falidas”, diz ele.

CURTAS

PROTESTO – Na próxima sexta-feira, o Sertão do Pajeú vai às ruas protestar contra a paralisação das obras da Adutora do Pajeú, tocadas pela Compesa e suspensas sem a menor satisfação. O ato, que reunirá lideranças políticas e do movimento dos camponeses ligados à Fetape – Federação dos Trabalhadores na Agricultura – será realizado em Afogados da Ingazeira, cidade sede da região.

ALÔ, ANGELIM – Minha agenda de lançamentos desta semana dos livros Perto do Coração e Reféns da Seca começa amanhã pela cidade de Angelim, a 199 km do Recife, no Agreste Meridional. Na quarta, estaria em São Caetano, mas foi cancelado. Quinta é a vez de Salgueiro, sexta-feira Serra Talhada e sábado, Flores. Em todas essas paradas, na Câmara de Vereadores, às 19 horas.

Perguntar não ofende – Com um Executivo criminalizado, um Legislativo judicializado e um Judiciário politizado, o Brasil ainda tem saída?

Vocêconhece legislação tributária?. Com esta pergunta, o então Secretário de Fazenda de Pernambuco, Deputado Osvaldo Coelho, idos de 1969, começava a conversa com um recém-formado Bacharel em Direito, na época, simples estagiário da Auditoria Fiscal.

Ali estava eu, sentado, atordoado, sentindo uma estranha redução da minha pequena biometria, um verdadeiro liliputiano, diante daquele homenzarrão que estava disposto a me resgatar das estatísticas do desemprego, mas que, pelo peso do corpanzil e força do Secretário todo-poderoso, parecia me esmagar.

Osvaldo colocou em marcha, sob a liderança do Governador Nilo Coelho, robusto processo de modernização da administração pública do Estado de Pernambuco. Em relação àgestão fazendária, reafirmo o que jádisse outras vezes: a história da Secretaria da Fazenda tem duas fases, uma antes e outra depois de Osvaldo Coelho. Ele eliminou todos os vícios e distorções decorrentes do apadrinhamento político; fundou uma meritocracia pela via democrática dos concursos público; oxigenou os quadros e criou uma burocracia estável, competente, séria, um verdadeiro banco de capital humano que prestou grandes serviços ao Estado. 

Voltemos ao início da conversa. Aquela audiência tivera as bênçãos do meu ex-professor, então Secretário de Educação e homem público exemplar, o ex-governador Roberto Magalhães que, generosamente, me indicara para o cargo de Adjunto de Auditor Fiscal que ampliava as funções da Auditoria Fiscal, primeira instância do contencioso administrativo.

Tenho estudado muito e estou por dentro da legislação sobre o ICM. Resposta rápida. Mentira. Sabia nada. Direito Tributário sequer fazia parte do currículo da Faculdade de Direito. Mas não podia pestanejar. Ele acreditou ou fez que acreditou. E aíele disse: Vou nomeá-lo e vocêvai ser adjunto de Souto Borges. Não tive tempo para alegria. Disse com os meus botões: "logo JoséSouto Maior Borges, o mais renomado jurista do Brasil (e continua sendo) na matéria e eu, seu adjunto, ignorante na matéria. Deu vontade de desistir. Porém encontrei em Souto o verdadeiro mestre, paciente, solidário, compreensivo, uma das pessoas a quem devo grandes lições e exemplos de vida pessoal, profissional e de espírito público.

A partir de então, o meu destino e o de Doutor Osvaldose entrecruzaram vezes incontáveis e esses encontros me autorizam a reiterar o testemunho sobre o grande político que Pernambuco, hoje, pranteia.

Na terça-feira, 27 de novembro, fui visitá-lo. Nada, nem a doença, nem o tempo afetavam a força das ideias. Senti o enlevo da despedida, embora o assunto tenha sido o Brasil,  as possibilidades do semiárido e o o futuro, entrecortado pelas boas risadas do inabalável senso de humor. Palavras finais: - lembre-se, a vida ensina a grandeza dos valores do perdão e da gratidão. Recebi queijo de cabra e uvas, presentes da terra que cultivou e em que semeou suas crenças.

Visionário. Missionário. Modernoporque nele o sertão fez-se corpo, alma, como terra da promissão.

O mais universal dos provincianos e o mais provinciano dos universais, para ele, Petrolina é raiz e centro do mundo; trata-se de uma obra humana feita de pedra; uma ode ao progresso; um poema ao trabalho que liberta o homem da fatalidade da pobreza e abre os horizontes da prosperidade.

Sempre que o ouvi, defendendo as bandeiras da difusão do conhecimento, da educação para o trabalho e para inovação tecnológica, do empreendedorismo para a democratização de oportunidades, do progresso que chegasse para todos, eu pensava: Doutor Osvaldo émovido pela profecia de Euclides da Cunha: Estamos condenados àcivilização. Ou progredimos ou desapareceremose, seguindo a construção euclidiana do homem do sertão como um ser autêntico, enraizado na terra, dotado de cultura e evolução própria, genuína, Osvaldo enxergava a possibilidade de transformar o sertanejo naquilo que Euclides chamava de rocha viva da nacionalidade.

Missionário. Assim se fez na política. Tomou como missão de vida transformar a Povoação de passagem de Juazeirono verde jardim das oportunidades, nesta metrópole/jóia debruçada sobre o rio cujo nome São Francisco édestino de amar mais do que ser amado; de perdoar mais que ser perdoado; de dar mais do que receber.

No exercício da representação política, varou madrugadas na Comissão de Orçamento, em vigília, na defesa das emendas para a região; bateu nas portas dos governos; peregrinou pelos Ministérios e órgãos públicos; esteve em todos os lugares para reivindicar, reivindicar certo, ambiciosamente, em favor de sua terra de seu povo, mesmo sabendo que o progresso cria o cidadão e liberta o eleitor

Um progressista nas idéias e na prática. Atémesmo os adversários que, se alguma vez, ensaiaram o coro injusto ou a etiqueta falsa do conservador ou oligarca, calaram-se para sempre diante da vitalidade do corpo e da alma do sertanejo que não sentiu as marcas do tempo.

Seus descendentes e sua gente, Pernambuco e o Brasil devem respeito, reverência e rogam neste momento, as bênçãos e o descanso merecidos.

Como sertanejo apaixonado até pelas suas pedras, que são lindas e nos dão a impressão que falam, como disse certa vez num dos seus livros o meu pai Gastão Cerquinha, noticiei com a alma retorcida e uma profunda dor a morte do ex-deputado Osvaldo Coelho (DEM), de raízes, sentimentos e coração irrigados pelas águas do lendário Rio São Francisco.

Osvaldo, como meu pai, tinha cheiro de bode, aroma de marmeleiro e seu corpo se confundia com xique-xique, porque seus atos, ações e caminhadas eram devotados à terra sertaneja. Com mais de 50 anos dedicados à vida pública, recebendo do povo a honra de representá-lo em 13 mandatos eletivos, dos quais oito na Câmara dos Deputados, Osvaldo defendeu o Sertão até a morte, mesmo sem mandato, como estava.

Não conheci Nilo Coelho, seu irmão, o bravo senador que morreu de um infarto depois de desafiar o regime ditatorial em um histórico discurso da tribuna, quando afirmou que não era presidente do Congresso do PDS, mas presidente do Congresso Brasil, ao cobrar investigação sobre o atentado no Rio Centro. Por tudo que fez, sendo também governador de Pernambuco, Nilo virou mito.

Osvaldo também foi mito. Filho de Clementino de Souza Coelho, o “Coronel Quelé”, e dona Josefa, tinha a liturgia da irrigação, que tirou Petrolina da paisagem de vidas secas, fez riquezas e gerou empregos que não existiam numa terra abençoada pelo rio da unidade nacional, em que se plantando tudo dá, tudo se transforma e faz renascer a vida na sua plenitude.

Quando o conheci, na cobertura da morte do irmão Nilo, em Petrolina, no início dos anos 80, não tive nenhuma dúvida de que seria o grande sucessor e líder do clã. Osvaldo foi mais do que isso. Foi um dos grandes defensores da irrigação, da educação para o Vale do São Francisco. Marcou sua trajetória dedicada às políticas pelo Nordeste e, principalmente, para desenvolvimento do semiárido.

Em Petrolina, foi de Osvaldo Coelho a luta pela implantação do Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, que transformou o cenário local em uma das maiores potências na fruticultura irrigada do País. A produção em larga escala de frutas, como manga e uva, fez do Vale do São Francisco um local atrativo para grandes investidores.

A implantação da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que tornou a região um polo na educação, também teve forte presença dele. Foi responsável, igualmente, pela criação da Escola Técnica e Agrotécnica em Petrolina. Conhecido como o “Deputado da Irrigação”, Osvaldo Coelho era visto como a “Força do Sertão”, justamente por priorizar o homem sertanejo nos projetos de desenvolvimento.

 

Em um dos artigos, que frequentemente publicava, Osvaldo Coelho finalizou com a frase: “Espero que as pessoas lembrem de mim como aquele que fez de tudo para fortalecer os mais fracos”. Esta ideia resume sua trajetória, com uma política que tinha como propósito dar dignidade àqueles que muitos precisavam: os sertanejos atingidos pelo fenômeno da seca, assim como ele mesmo ainda na década de 1930, em que presenciou um cenário cruel de retirantes.

Como Gandhi, que combatia a divisão da Índia entre hindus e muçulmanos, Osvaldo não concebia que o Nordeste fosse tratado de forma desigual, entre uma gente que prosperava nas regiões metropolitanas e outra, discriminada e sem oportunidades, que ia morrendo ao deus dará nas terras do semiárido.

Certa vez ouvi de Jarbas Vasconcelos, ainda na condição de governador de Pernambuco, que do clã Coelho, família política e poderosa que se espalhou às margens do rio São Francisco, Osvaldo era o que tinha, na verdade, mais espírito público. E que nunca o havia recebido em audiência para tratar de questões pessoais. “Ele sempre tratava das causas públicas”, repetia Jarbas.

Marqueteiro e publicitário de mão cheia, José Nivaldo Júnior, da Makplan, disse, ontem, chorando copiosamente com a notícia da morte de Osvaldo, que ele era o braço do Sertão. Na verdade, ele foi braço, tronco e membros. Foi a cabeça pensante, a voz dos oprimidos, dos que tinham esperança em crescer feito gente nas áreas irrigadas do São Francisco.

Foi o nosso Gandhi sertanejo! 

POLÍTICO EXEMPLAR– Jarbas Vasconcelos também deu um depoimento emocionado em relação a Osvaldo Coelho. "A morte de Osvaldo Coelho é uma perda para a política de Pernambuco e do Brasil. Um político e um chefe de família exemplar. Quando fui governador, Osvaldo só me procurou para tratar de temas e pautas relevantes para Petrolina e para a região do Vale do São Francisco. Ele fará falta, principalmente nos dias atuais, quando a política nacional precisa de pessoas com a postura séria que ele sempre teve"

Estilo ou marcha lenta? – O governador Paulo Câmara foi ao velório de Osvaldo Coelho em Petrolina, mas, estranhamente, alijou sua assessoria de Imprensa, criando dificuldades para os veículos de comunicação no Recife que não puderam enviar equipes. Até nisso, Câmara é diferente de Eduardo Campos. Vale o registro, aliás, que o Palácio não enviou uma só linha do governador comentando a morte tão logo foi tornada pública na modorrenta noite de domingo passado. Questão de estilo ou falta de eficiência? 

Raquel, a candidata– Ao ler ontem o comentário desta coluna, indicando que a solução para o comando do PPSB só seria dada em março, na véspera do encerramento do prazo de filiação partidária, um assessor do ex-governador João Lyra Neto revelou, pedindo reservas, que a deputada Raquel Lyra recebeu a garantia do governador Paulo Câmara de que não apenas será a presidente do diretório municipal socialistas, mas a candidata apoiada pelo Governo. Com a palavra o prefeito José Queiroz! 

Fora o racismo! – O deputado federal Raul Jungmann (PPS) manifestou solidariedade à atriz Taís Araújo, alvo de ataques racistas no último final de semana pelas redes sociais. Por meio do Twitter, o parlamentar lamentou o caso. "O Brasil não tem espaço para racistas. Toda solidariedade a atriz Taís Araújo", afirmou. A atriz foi alvo de comentários racistas no Facebook, que provocaram até reportagem no Fantástico. 

Chuva de honestidade– O cantor e compositor Flávio Leandro, que no próximo sábado grava seu primeiro DVD ao vivo na concha acústica, em Petrolina, retratou numa música o descaso do Governo com a irrigação. Com o título “Chuva de honestidade”, era a canção preferida do ex-deputado Osvaldo Coelho. Um dos seus trechos diz: “Israel é mais seco que o Nordeste/ No entanto se veste de fartura/ Dando força total à agricultura/ Faz brotar folha verde no deserto/ Dá pra ver que o desmando aqui é certo/ Sobra voto, mas falta competência pra tirar das cacimbas da ciência água doce que serve a plantação”. 

CURTAS  

GENEROSO– Do publicitário José Nivaldo Júnior, da Makplan: "Apesar de ideologicamente divergentes, construí com Osvaldo Coelho uma relação profissional pautada pelo respeito e admiração. Foi um político excepcional, que sempre colocou os interesses coletivos, principalmente da sua região, acima de tudo. Com ele, morre uma época e um jeito generoso de fazer política". 

ALÔ, ABREU E LIMA! – Retomo minha agenda de lançamentos dos livros Reféns da seca e Perto do coração, hoje, em Abreu e Lima, às 19 horas, na Câmara de Vereadores. Amanhã, estarei em Camaragibe, também na Câmara, no mesmo horário, na quinta em Caruaru, na ACIC (Associação Comercial e Industrial), às 19 horas, e na sexta-feira em Petrolina, no restaurante Da Vila, às 19 horas. 

Perguntar não ofende: O que será agora da irrigação do São Francisco sem a voz respeitável e persistente de Osvaldo Coelho?

O ex-deputado Osvaldo Coelho em companhia do seu filho, vice-prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho (PSDB) foram a Brasília ao encontro do então candidato a Presidência da Republica Aécio Neves (PSDB). Os dois entregaram ao presidenciável sugestões de programas interligados de desenvolvimento para o semiárido nordestino.

“ O tempo para isto é agora! A diferença entre as regiões de um país tem que ser encurtadas. Numa federação não cabe estados muito ricos e outros muito pobres.  A pedido de Aécio fizemos uma sugestão que contempla toda área do semiárido e que foi aprovada por ele para constar em seu plano de governo”, afirmou Osvaldo.

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Os programas sugeridos ao senador Aécio Neves foram: o Proágua, Proirrigação, Propeixes, Proeducação, Prosaúde e Proinfraestrutura.

O ex-deputado federal Osvaldo Coelho (DEM) criticou novamente a presidente Dilma Rousseff (PT). Em carta, o democrata o Projeto de Irrigação Pontal, da CODEVASF, localizado no município de Petrolina está frustrando centenas de trabalhadores rurais, agrônomos, técnicos agrícolas, que esperam há 10 anos pela conclusão das obras e serem contemplados com o lote irrigado.

Confira abaixo a carta na íntegra:

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Carta 2 - Tirar o Pontal dos pobres para dar a um rico é roubo

O princípio jurídico segundo o qual a justiça é cega nos faz presumir que todos os homens devem ser iguais perante a lei. Diferentemente do que deve ocorrer sobre a justiça um governante não pode e não deve ser cego. Ao contrario, tem que ter mil olhos para melhor enxergar os problemas da nação e do povo, os acertos e os erros.

Por considerar um terrível erro é que levo ao conhecimento de vossa excelência um assunto, que ao meu ver, contraria sua linha de pensamento. Trata-se do Projeto de Irrigação Pontal, da CODEVASF, localizado em Petrolina-PE, com área irrigável de 7.641 hectares que foi entregue pelo Ministério da Integração Nacional a um grande capitalista para explorar, que nada tem com irrigação, com agricultura e tão pouco com a região semiárida, frustrando centenas de trabalhadores rurais, agrônomos, técnicos agrícolas, que esperam a 10 anos pela conclusão das obras e serem contemplados com o lote irrigado.

É oportuno informar que o parcelamento original do projeto previa 638 lotes para unidades familiares, com média de 6 hectares, e 92 parcelas para pequenos e médios empresários, com média de 35 hectares cada um. Acrescente-se que, quando da desapropriação das terras, no inicio da implantação do projeto, a CODEVASF negociou com os proprietários das terras, que eles seriam contemplados com lotes irrigados, quando o projeto estivesse com suas obras concluídas e entrasse em funcionamento. Esse modelo vem sendo adotado pela CODEVASF em todos os seus projetos de irrigação. Só para exemplificar no Projeto Nilo Coelho, localizado em Petrolina, com área irrigada de 15.000 hectares, foram assentadas 1.559 famílias e 170 empresários entre pequenos e médios produtores. No Projeto de Irrigação Maria Teresa, também em Petrolina, com área irrigada de 4.088 hectares, forma beneficiados 415 unidades familiares e 36 empresas.

O Nilo Coelho e Maria Teresa são projetos de irrigação bem sucedido, economicamente fortes e a expectativa que se tem é que eles continuem a crescer cada vez mais. São projetos emancipados, cuja a operação é feita pelos próprios usuários por meio de um distrito de irrigação, similar aos existentes aos Projetos de Irrigação do Bureau OfReclamantion, na região oeste dos Estados Unidos. É um modelo de cunho social que busca transformar o trabalhador rural em um pequeno proprietário. Esses projetos constituem patrimônio produtor e produtivo de Petrolina, que a impulsiona para o desenvolvimento e para o progresso. De acordo com pesquisa do IBGE, Petrolina ocupou em 2011 a terceira posição no PIB Agropecuário Municipal, no ranking de 5.560 municípios no país. Só superado por Sorriso no estado de Mato Grosso e São Desiderio, na Bahia, ambos municípios produtores de soja.

Quando Vossa Excelência assumiu o governo cerca de 70% da obra do pontal estava concluído, sendo que se poderia colocar em operação, de imediato, 1.600 hectares com pequenas e médias empresas, com o mínimo de custo financeiro para o governo. Os próprios empresários levantariam empréstimos na rede bancaria para implantar seus projetos e começar a produzir.

E o que fez o Ministério da Integração do governo de Vossa Excelência? Esqueceu o modelo vitorioso que vinha sendo adotado. Esqueceu que com esse modelo Petrolina, em pleno semiárido nordestino, é o mais importante produtor de frutas e hortaliças do país , e o maior exportador de manga, uva e acerola para os Estados Unidos, Canadá, Europa e Japão e adotar um modelo de exploração que não existe similar no mundo.

Os senhores de Brasília estão distante de nossa realidade e tomam atitudes e decisões incompreensíveis. Presentear um mega capitalista com um projeto de irrigação de 7.341 hectares, construído com o dinheiro do povo e retirar dos trabalhadores rurais, agrônomos, técnicos agrícolas a possibilidade de ter um lote irrigado é uma decisão, no mínimo equivocada para o governo que visa o bem estar social do seu povo.

Senhora Presidenta, não me parece que vossa excelência esteja a par desse problema. Errar é humano pior e persistir no erro. Por gentileza, ainda temos tempo, suspenda essa ideia insensata de entregar este projeto a uma só pessoa e vamos voltar a um modelo original que beneficiaria 730 trabalhadores.

Finalizo minhas palavras ressaltando a importância do tema que acabo de tratar, para o povo dessa vasta região semiárida, que sonha em ter um dia uma parcela irrigada.


Osvaldo Coelho

Ex-deputado federal por 8 legislaturas (DEM)

O ex-deputado federal Osvaldo Coelho (DEM), tio do ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho, foi nomeado há quatro meses, pelo sobrinho, membro do comitê técnico-consultivo para o desenvolvimento da agricultura irrigada, criado dias antes por portaria do ministério. Trata-se do segundo integrante da família Coelho a ter cargo indicado pelo ministro e subordinado a ele, contabilizada a permanência do irmão Clementino na presidência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf).

Osvaldo Coelho se diz perito em irrigação, tema que atrai muito a atenção do sobrinho-ministro. Procurado, o tio queixou-se de trabalhar pouco. Desde a criação, o comitê só se reuniu uma vez, para a sua instalação, em 20 de setembro. "Estou fazendo de conta de que sou conselheiro, mas não estou dando conselho nenhum. Não sei se o conselho é que está estático ou se é o ministro", queixa-se.

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A legislação - expressa em decreto presidencial e em códigos de conduta - impede a nomeação de familiares por autoridades. O Ministério da Integração nega que seja caso de nepotismo. Em nota, alegou que o comitê não tem "personalidade jurídica". "Trata-se de um órgão colegiado, paritário, consultivo e opinativo. A função de conselheiro não é cargo em comissão ou função de confiança", diz a nota.

O Ministério da Integração Nacional alega ainda que os integrantes do comitê da agricultura irrigada apenas opinam sobre a política nacional de irrigação, sem direito a remuneração.

"Quando necessário, podem ser solicitadas apenas passagens e diárias", afirma a Integração. A Controladoria-Geral da União (CGU) endossa o entendimento do ministério, baseada no decreto editado em junho de 2010.

‘Princípio da moralidade’

O código de conduta da Comissão de Ética Pública, subordinado à Presidência da República afirma, porém, que "nomear, indicar ou influenciar, direta ou indiretamente, a contratação, por autoridade competente, de parente consanguíneo ou por afinidade para o exercício de cargo, emprego ou função pública" ofende o princípio da moralidade administrativa e compromete a gestão ética.

A nomeação do tio do ministro da Integração Nacional deve ser analisado pela Comissão de Ética Pública, que volta a se reunir em fevereiro.

Osvaldo Coelho nega que seja nepotismo. "Eu e o ministro somos água e vinho, não temos nada para estarmos juntos. Apenas como eu tinha essa bandeira da irrigação, decidi aceitar o convite", explica o ex-deputado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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