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Uma manifestação em Barcelona nesta segunda-feira (22) resultou em confrontos esporádicos e atos de vandalismo urbano, na sétima noite consecutiva de protestos na Catalunha em favor do rapper Pablo Hasél.

Depois de uma manifestação pacífica com gritos de "Liberdade para Pablo Hasél", os manifestantes marcharam pelo centro de Barcelona até a sede da Polícia Nacional, onde pessoas atiraram garrafas e outros objetos contra os veículos das forças de segurança que protegiam o perímetro, segundo imagens de televisão.

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Após advertências das forças de segurança de que revidariam, os manifestantes dirigiram-se a outras ruas da principal cidade catalã, onde incendiaram contêineres de lixo e os usaram como barricadas.

“Grupos de desordeiros montam barricadas com fogo (...) e atiram objetos nos vizinhos que recriminam sua atitude”, escreveu a tropa de choque catalã, a Mossos d'Esquadra, no Twitter.

Três pessoas foram presas, informaram os policiais, elevando para 112 o número de manifestantes presos desde a última terça-feira na Catalunha.

Um terço dos presos em Barcelona são menores de idade, entre 13 e 17 anos, e dezenas deles têm ficha criminal, disse a comissária Joan Carles Moliner à televisão pública.

O protesto desta segunda-feira, em noite chuvosa, teve menor afluência e os confrontos foram mais leves do que nas noites anteriores, quando ocorreram fortes altercações entre polícia e manifestantes.

Os protestos começaram no dia 16 de fevereiro, após a prisão de Pablo Hasél, condenado a nove meses de prisão por glorificar o terrorismo com mensagens no Twitter, nas quais elogiava as pessoas envolvidas nos ataques e acusava a polícia de matar e torturar migrantes e manifestantes.

A prisão do rapper alimentou o debate sobre a liberdade de expressão na Espanha.

Pela sexta noite consecutiva, manifestações em defesa do rapper preso Pablo Hasél foram realizadas neste domingo (21) em Barcelona, embora de forma pacífica, ao contrário das anteriores que culminaram em fortes distúrbios.

Com gritos de "Liberdade Pablo Hasél", várias centenas de pessoas se reuniram em frente à estação ferroviária de Sants, fortemente vigiada pela tropa de choque da polícia da Catalunha, os Mossos d'Esquadra, mostraram imagens da AFPTV.

Depois, os manifestantes marcharam em direção ao centro da capital catalã, onde pretendiam continuar o protesto.

O ato deste domingo teve um fluxo menor e se desenvolveu pacificamente, diferente do que houve em todas as noites desde que o rapper foi preso na terça-feira, com protestos mais cheios e tomados por eventos violentos.

Desde terça, as ruas da segunda maior cidade da Espanha se tornaram palco de grandes confrontos entre manifestantes e policiais, com barricadas, incêndios, vandalismo e saques.

Cem pessoas foram detidas pela polícia em Barcelona e outras cidades catalãs, de acordo com as autoridades.

As manifestações a favor de Hasél também se estenderam nos últimos dias a outros locais, como Madri.

Hasél, de 32 anos e com antecedentes criminais, foi condenado a nove meses de prisão por tweets em que insultava a monarquia e a polícia e elogiava pessoas envolvidas em crimes de terrorismo.

A prisão do rapper reacendeu o debate sobre a liberdade de expressão na Espanha e aprofundou as diferenças dentro da coalizão governamental, entre os socialistas, do presidente Pedro Sánchez, e o partido Podemos (esquerda radical), que tem defendido os protestos.

Símbolo para alguns da liberdade de expressão na Espanha, o rapper Pablo Hasél foi preso nesta terça-feira (16) para cumprir uma pena de nove meses de prisão por tuítes que atacavam a monarquia e as forças de segurança.

"Eles nunca vão nos parar, não vão nos dobrar!", gritou Hasél quando a polícia o escoltava para fora da Universidade de Lleida, na região da Catalunha, onde ele havia se barricado no dia anterior com dezenas de jovens.

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"Morte ao Estado fascista", gritou no momento em que os agentes o introduziram na viatura, entre vaias de militantes que protestavam nesta cidade a 150 km de Barcelona.

De lá, ele foi levado diretamente para a prisão da cidade, informou Jordi Dalmau, chefe da polícia regional catalã na área.

Condenado a nove meses de prisão por tuítes publicados entre 2014 e 2016, Hasél tinha até sexta-feira para se entregar voluntariamente e começar a cumprir sua pena por exaltar o terrorismo e insultos à Coroa e às forças de segurança.

Nas mensagens, o rapper atou a monarquia e chamou, por exemplo, de "mercenários de merda" as forças policiais, acusando-as de torturar e assassinar manifestantes e imigrantes.

Em 2014, o cantor já havia sido condenado a dois anos de prisão por glorificar o terrorismo em canções em que clamava pela morte da família real ou elogiava grupos extremistas responsáveis por ataques violentos.

Na ocasião, a prisão não foi realizada porque o rapper não tinha antecedentes e a pena não ultrapassava dois anos.

Em entrevista por telefone à AFP, Hasél disse na sexta que não se entregaria à polícia.

"Eles terão que vir para me sequestrar e isso também servirá para que o Estado seja retratado pelo que é: uma falsa democracia", declarou desafiadoramente.

Na segunda ele se barricou no prédio da reitoria da universidade de sua cidade, Lleida, junto com dezenas de jovens que queriam dificultar sua prisão.

"Eles vão me prender de cabeça erguida por não ceder ao terror", postou o rapper em um de seus últimos tuítes, poucas horas antes da prisão.

Os policiais chegaram por volta das 06h30 (02h30 de Brasília) e, apesar de encontrarem algumas barricadas e contêineres para impedir seu acesso, conseguiram evacuar os ativistas sem "incidentes graves", segundo um porta-voz.

Em Madri e Barcelona foram organizadas manifestações em apoio a Hasél. Cerca de 200 artistas, entre os quais o cineasta Pedro Almodóvar, o ator Javier Bardem e o cantor e compositor Joan Manuel Serrat, assinaram um manifesto em sua defesa.

O escândalo incomoda o governo do socialista Pedro Sánchez, cuja porta-voz María Jesús Montero reconheceu na semana anterior que não havia "proporcionalidade" na condenação do rapper.

Na defensiva, o Executivo prometeu "uma revisão dos crimes relacionados aos excessos no exercício da liberdade de expressão", com o objetivo de impor sentenças "dissuasivas" e não de prisão.

Parceiro minoritário da coalizão de governo, o partido radical de esquerda Podemos denunciou abertamente a situação. "Todos aqueles que presumem uma 'plena normalidade democrática' e se consideram progressistas, deveriam se sentir envergonhados", tuitou a formação.

O caso de Hasél lembra o do rapper espanhol Valtonyc, que em 2018 partiu para a Bélgica horas antes de entrar na prisão para cumprir pena por insultos ao rei, glorificação do terrorismo e ameaças em suas canções.

A Bélgica rejeitou a extradição solicitada pela Espanha, alegando que suas ações não constituem um crime sob a lei belga. O caso está em processo de apelação.

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