Agüero, Higuaín, Tevez, Lavezzi, Banega, Pastore, Biglia: o técnico da Argentina, Gerardo Martino, tem abundância de opções na hora de escolher os companheiros de Lionel Messi, o que pode acabar sendo contraproducente, como ocorreu no sábado contra o Paraguai, na estreia na Copa América.
Foi só Lucas Barrios marcar o gol paraguaio que selou o empate em 2 a 2 para que a imprensa e os exigentes torcedores argentinos iniciassem o debate sobre os erros e acertos da equipe e, principalmente, das mudanças do treinador.
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Será que Lucas Biglia tinha que entrar no lugar de Ever Banega? Carlos Tevez devia substituir Javier Pastore ou Angel di Maria? Era jogo para Gonzalo Higuaín?
Martino justificou cada mudança, mas o resultado final coloca uma lupa em cada movimento do treinador a partir de agora, pelo menos até a partida de terça-feira contra o Uruguai, em La Serena, no norte do Chile.
Os dois capitães da Argentina, Messi e Javier Mascherano, afirmaram após a partida que a equipe não soube responder à modificação tática e, ao invés de controlar a partida, entrou num perigoso jogo de 'lá e cá' com o Paraguai.
"A equipe deveria ter tido um pouquinho mais de posse de bola e controlado o jogo", lamentou Messi.
- Estrelas sob pressão -
Com três atacantes (Agüero, Higuaín e Tevez) considerados entre os melhores do mundo e um quarto (Lavezzi) que foi titular em alguns jogos da Copa do Mundo no Brasil, Martino tem à disposição muita qualidade para poucas vagas disponíveis. Um problema de rico que virou dor de cabeça para o ex-treinador do Barça
"Parece fácil, mas não é fácil tomar a decisão. É difícil, é injusto", admitiu.
Não é fácil deixar no banco por noventa minutos estrelas que valem fortunas e são ídolos em seus clubes. Isso acaba criando a tentação de dar a cada um alguns minutos de jogo, numa tentativa de controlar os egos.
A maioria do elenco atual foi vice-campeã do mundo no Brasil sob o comando do técnico Alejandro Sabella.
Jogadores que ficaram no banco no sábado, com Pablo Zabaleta, Biglia e Martín Demichelis estavam em campo no Maracanã, na final contra a Alemanha.
Tudo isso num contexto de pressão habitual para um treinador argentino, que precisa lidar com a seca de 22 anos da 'Alviceleste' sem um título internacional de prestígio.
Martino, um técnico muito respeitado, assumiu o comando da seleção de seu país após uma experiência ruim no Barcelona, clube no qual ficou por apenas uma temporada, sem conquistar títulos expressivos (levou apenas a Supercopa da Espanha).
Ninguém fala isso em voz alta, mas esta Copa América é um teste para Martino.
Suas conquistas com os clubes argentino Newell's e paraguaios Libertad e Cerro Porteño constam no currículo, assim como os anos à frente da seleção paraguaia, com a qual chegou às quartas de final da Copa do Mundo na África do Sul-2010.
Mas 'Tata' ainda precisa vencer um título relevante com uma grande equipe. No Barcelona, não conseguiu. A Copa América do Chile-2015 com a Argentina de Messi é uma oportunidade de ouro.