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 Sob uma chuva torrencial o Patusco iniciou seu desfile em comemoração aos seus 50 anos de existência nesta terça-feira (21) de carnaval. Uma homenagem ao Homem da Meia Noite, que completou 80 carnavais este ano foi feita pela família Patusco, como intitula seu presidente fundador, Itacy Guimarães, mais conhecido como seu Tuca.

Homenagem prestada ao calunga, o Patusco seguiu pelas ladeiras históricas ao som do surdo, tamborim e dos maracás tocados pelos seus 180 ritmistas, que acompanham os três cantores da agremiação. O primeiro a cantar e lembrar do contratempo que o grupo sofreu no domingo (19), quando carro de som quebrou e dificultou os cantores se apresentarem foi Vagner, mais conhecido como Guiné. “Eu enchi as ladeiras de Olinda com as minhas lágrimas devido o nosso carro de som ter quebrado, mas papai do céu me abençoou com apoio da minha bateria”, confessou o cantor emocionado.

Para os foliões que acompanham o patusco a chuva não atrapalha os atrapalha em nada. “Essa energia do Patusco só nos alegra, com chuva ou sem chuva seguimos ele”, contou a foliã Jane Barbosa, 34 anos, moradora de Olinda e seguidora da agremiação, há dez anos.

Já a mais nova madrinha de bateria do grupo, Camila Regina, 19, que assumiu o posto este ano, também diz que a chuva não é empecilho. “A alegria de desfilar com o Patusco nos leva”. A mesma opinião tem a porta-estandarte, Loraia Guimarães, 47, que se dedica a agremiação desde criança, mas há 30 anos carrega nas mãos a responsabilidade levar o nome do Patusco por ele passa. “Para mim não tem ladeira, não sinto calor, cansaço, só sinto a energia do povo e da bateria”, disparou.

A responsabilidade com o Patusco é para toda a família Guimarães. “No carnaval todos nós da família nos envolvemos, pois é assim que vejo o patusco. Tenho hoje 180 filhos”, disse seu Tuca, referindo-se aos seus ritmistas. De acordo com ele, atualmente quem mais fica a frente do Patusco é seu filho Henrique Guimarães, o Deco, que é diretor de bateria. “Deco cuida de tudo durante o ano, eu participo mais durante o período de carnaval porque tem mais trabalho. Fora isso eu só vou a reboque”, confessou. Seu Tuca afirma que o Patusco ainda tem muito gás para fazer sucesso por mais tempo. “Temos aí novas gerações chegando. Meus netos e os filhos dos nossos ritmistas que formam a nova geração do Patusco”, completou.

 

Em 2012, o carnaval pernambucano comemora muitos aniversários significativos. Além dos cem anos do Clube Vassourinhas – eternizado no frevo que, mesmo tocado à exaustão, é capaz de levantar a multidão cada vez que é executado –, outro bloco que está comemorando uma data redonda é o Patusco.

Com sua base na Rua do Amparo, de onde sai para as ladeiras da cidade histórica de Olinda arrastando milhares de foliões ao som do samba, o Patusco marca, em 2012, 50 carnavais. O presidente e um dos fundadores do bloco, Itacy Vasconcelos, conta que a agremiação nasceu de um grupo de amigos que sempre saiam juntos para brincar o carnaval e ganharam um concurso de fantasias vestidos como patos.

Eles foram, então, buscar um nome para o grupo, e encontraram o termo “patusco” no dicionário. Derivado de “patuscada”, uma reunião de amigos bebendo e comendo, o termo foi incorporado ao grupo e o dinheiro ganho no concurso serviu para a compra de instrumentos que, no ano seguinte, permitiram ao Patusco sair pela primeira vez para agitar o carnaval de Olinda como um bloco de carnaval.

Ao escolher o samba como ritmo principal de sua folia na terra do frevo e do maracatu, o Patusco causou certo estranhamento. “Focar no samba significou uma barreira a ser quebrada”, afirma Itacy. Hoje, o bloco é tão bem aceito que arrasta uma multidão e gerou iniciativas como a banda de samba Patusco, que realiza apresentações durante todo o ano. Parte dos cachês da banda é revertido para outro desdobramento do bloco: o projeto Patusquinho, que ensina percussão a crianças. O Patusquinho também sai todo ano no carnaval, no sábado, com a criançada tocando percussão.

Já o bloco principal, após a saída do sábado, volta a agitar o carnaval de Olinda nesta quarta-feira de cinzas, saindo da Rua do Amparo. Rogério Pinheiro, da diretoria do Patusco, contabiliza 180 ritmistas e mais de cem integrantes do bloco no desfile, mas ressalta que a festa é de todos. Ao longo de sua história, o Patusco também chamou atenção ao abordar, de forma bem-humorada, questões políticas do Brasil, a partir de meados da década de 1980.

Em 2012, para comemorar seus 50 anos, o bloco realiza uma retrospectiva de sua própria história, trazendo fantasias usadas em outros carnavais e madrinhas de todas as épocas, condensando a experiência de cinco décadas em seu cortejo. Apesar dos números, da quantidade de pessoas que acompanham o Patusco e da marca já deixada no carnaval pernambucano, Itacy Vasconcelos, presidente do bloco, resume o clima do desfile: “O Patusco não é uma agremiação, é uma família de amigos que saem para brincar carnaval”.

O samba do Patusco deu o tom do vai e vem das ladeiras históricas de Olinda na tarde deste domingo (19). Completando 50 anos no próximo dia 22 (em plena Quarta-feira de Cinzas), o Patusco continua arrastando multidões com a mesma empolgação do início da sua trajetória. Nem mesmo o fato do som do carro do bloco ter quebrado, por causa de um curto circuito, ofuscou a beleza do primeiro desfile em comemoração ao seu cinquentenário. Ao contrário: a vibração das pessoas na rua durante a passagem do Patusco foi calorosa, vibrante.

A madrinha da bateria Andréa Santos, de 31 anos, mãe de um bebê de quatro meses, mostrou com samba no pé como se faz para levantar os foliões que participam do carnaval de Olinda. “É emocionante, contagiante, mágico o carnaval dessa cidade. Essa aqui é a minha avenida. Nós aqui mostramos que Pernambuco é frevo, fervura e frevança no sangue”, declarou.

Aplaudidos por onde passavam, os ritmistas do Patusco respondiam com muito samba a alegria do público presente. “Essa resposta das pessoas a nossa música é maravilhosa. Para mim, que desde os nove anos toco, cada ano realizo meu sonho de estar novamente aqui”, disse o tocador de surdo Faroo de Souza, 51, sendo 12 deles dedicados ao trabalho no Patusco. O diretor de bateria, Henrique Guimarães, 34, que este ano comanda 180 ritmistas (30 a mais que em 2011) se atrapalha ao fazer as contas do tempo que está envolvido com o tradicional bloco fundado pelo seu pai. “Posso dizer que desde a barriga da minha mãe eu estava no Patusco”, disse.

Depois de mais de quatro horas de sobe e desce ladeiras com um sol a pino e o encontro ocasional com a Mulher do Dia no meio da ladeira da rua do Amparo, a apoteose do desfile da agremiação foi em frente a sua casa de apoio. O presidente e fundador do bloco, Itaci Valença Guimarães, 69, cumprimentou e parabenizou cada um dos integrantes do Patusco pelo desfile. De acordo com ele, o bloco está fazendo escola em Olinda. “Depois do Patusco surgiram o D’Break, Balanço Enredo e Batuqueto. O que é muito bom, porque para o Patusco não foi tão fácil assim. Nós começamos em uma época que o samba era coisa de malandro vindo do morro”, relembrou.

O presidente da agremiação disse que, além do samba, a agremiação era conhecida por fazer críticas aos principais problemas políticos, de cada ano, no País. “Nós denunciamos a escravidão com o desfile intitulado "Real Escravidão" e com isso ganhamos um prêmio da Empetur e pudemos finalmente comprar nossos instrumentos. Depois fizemos crítica à influência da Globo (TV) na candidatura de Collor (ex-presidente Fernando Collor de Melo) e posteriormente ao governo dele”, afirmou.

Hoje em dia, o bloco não conta mais com as críticas políticas. Não por falta de vontade do seu presidente, e sim por causa da superlotação nas ladeiras históricas. “Não tem mais como desfilar com tantos elementos dentro do bloco, pois as ruas ficam muito cheias”, lamentou. 

Na próxima terça-feira (21), o Patusco promete levar mais samba para os foliões que estiverem em Olinda. Segundo o diretor de bateria, haverá algumas surpresas. O bloco sairá novamente da sua casa de apoio, localizada na rua do Amparo, por volta das 9h59.

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