Tópicos | pedras do cariri

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Caminhando pela Zona Norte do Recife, no Bairro dos Aflitos, o veterinário Alberto Campos, apaixonado e curioso pelo estudo da paleontologia, observou que o muro de um prédio, localizado na Rua Malaquias, continha em sua fachada rochas sedimentares com fósseis datados de mais de 120 milhões de anos. Em imagens, o veterinário registrou mais de 15 peixes fossilizados e a parte da asa de um inseto; ambos estavam incrustados nas rochas do muro, conhecidas como pedras do cariri, oriundas da região sul do Ceará.

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Após a repercussão dos mais de 2.100 compartilhamentos de sua postagem no Facebook, Alberto contou que é muito comum as pessoas utilizarem essas pedras para ornamentar fachadas de prédios, muros de casas e até piscinas. O que poucos sabem, no entando, é que essas pedras são rochas sedimentares de calcário laminado."Elas datam do período do Cretáceo Inferior, em que esse sedimento que virou rocha e muitos animais foram fossilizados", explicou o mestrando em Paleontologia, Rudah Duque.

Ele ainda comentou a origem da rocha. "Esse calcário é da formação Crato, da época em que a Bacia do Araripe era um imenso lado doce, há 120 milhões de anos e somente após a seca do lago e da formação da gipsita é que o Brasil se separou da África e o mar invadiu o continente, depositando a Formação Romualdo", afirmou. Interessado pelo assunto e pela preservação desses fósseis milenares, Alberto acredita que quem faz o uso dessas das rochas muitas vezes não sabe que ali estão contidos vestígios de muito antes da era dos dinossauros.

"Sempre acho fósseis nas pedras do cariri, mas foi a primeira vez que resolvi compartilhar. Percebo que as pessoas não sabem a origem da rocha e acho que a venda deveria ser completamente proibida, desde as mineradores na região do Cariri, no Ceará", afirma. O veterinário explica que começou a ter interesse pela área há 16 anos. "Eu sempre comprava essas pedras e ficava raspando até conseguir achar o fóssil, é mais comum do que a gente pensa", conta.

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Apesar de haver legislação no Brasil que proíba ou limite a exploração da pedra , Rudah relata que a fiscalização ainda é falha e por a região do Cariri ser muito pobre, muitas pessoas se vêm reféns da venda dos fósseis. "O fóssil é patrimônio cultural e natural da nação e não pode ser vendido, mas a exploração e venda da pedra cariri é permitida em certas medidas. São várias pedreiras que fazem isso e o órgão fiscalizador, o DNPM, não está muito interessado nisso, já que essas espécies menores de fósseis, como os peixes Dastilbes ou alguns insetos são abundantes nas pedras". 

Na constituição brasileira, a lei é de 1942 e o Art. 2 da Lei nº 8.176/91 considera "crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo". A Constituição  também diz que os fósseis encontrados no país são propriedade do Estado, o que torna ilegal sua venda ou exportação sem permissão.  Esperançoso, Alberto conta que espera que algo possa ser feito para aumentar a preservação. "Espero que algum órgão público tomar alguma atitude, e tentar inibir a venda dessas pedras, aumentando ainda mais a preservação desses fósseis de mais de 120 milhões de anos", conclui.

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