Centenas de venezuelanos protestaram em Caracas nesta quarta-feira (27) à noite porque não receberam do governo o pernil, principal prato da ceia de Natal e Ano-Novo no país, uma escassez que o presidente Nicolás Maduro atribuiu a uma sabotagem internacional.
Os protestos aconteceram nos bairros de Antímano e La Vega, zona oeste de Caracas. A Guarda Nacional monitorou as manifestações.
Fotos de avenidas bloqueadas e latas de lixo queimadas foram divulgadas nas redes sociais. Vários internautas ironizaram a situação, que chamaram de "revolução do pernil".
Outras manifestações menores foram registradas nos últimos dias em Caracas e outras cidades pela ausência da carne de porco prometida pelo governo para as festas natalinas, através de um sistema de venda a preços subsidiados em áreas populares.
Maduro comentou na quarta-feira a situação em um discurso transmitido por rádio e televisão.
"O que aconteceu com o pernil? Nos sabotaram. Posso dizer isso de um país: Portugal", disse Maduro.
Segundo o presidente, seu governo comprou "todo o pernil que havia na Venezuela" e ordenou a importação de mais peças. "Mas perseguiram nossas contas bancárias, perseguiram os dois barcos gigantes que vinham", acrescentou.
"Os portugueses se comprometeram, foram assustados pelos gringos e não enviaram os pernis", afirmou Diosdado Cabello, número dois do chavismo, em seu programa no canal estatal VTV.
O governo dos Estados Unidos impôs sanções financeiras contra a Venezuela e proibiu que seus cidadãos e empresas negociem novas dívidas do governo e sua estatal petroleira PDVSA, fonte de 96% das divisas que entram no país. Maduro afirma que isto prejudica as importações.
Os venezuelanos sofrem uma severa escassez de alimentos básicos e medicamentos, além de uma inflação que, segundo o FMI, deve superar 2.300% em 2018.