Tópicos | Raimundo Matias

Devido as suspeitas da morte do estudante Raimundo Matias Dantas Neto, conhecido como Samambaia, o Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP) enviará na segunda-feira (14) uma nota pública à Organização das Nações Unidas (ONU) pedindo um acompanhamento do caso do estudante. 

A Organização Não Governamental (ONG) acredita que a morte do estudante tenha sido motivado por questão racial e pede a Organização que acompanhe o inquérito policial e que a organização cobre do Governo Brasileiro, políticas públicas eficazes que permitam coibir esse tipo de crime. A nota está sendo enviada para três “estâncias” da ONU, a Relatoria Especial da ONU sobre execuções sumárias, arbitrárias e extrajudiciais; a sobre tortura e outros tratamentos cruéis e desumanos e a de Discriminação Racial e Xenofobia.

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O coordenador Executivo da GAJOP, Rodrigo Deodato, falou sobre a necessidade de tornar público para a Organização das Nações Unidas o caso de Samambaia. “Em Pernambuco encontra-se, entre os oito Estados onde a morte de jovens negros ultrapassa a marca de 100 mil homicídios para cada 100 mil habitantes. Tal contexto não pode e nem deve ser tolerado, pois representa a constatação patente do aprofundamento das violações aos Direitos Humanos em nosso País”, afirmou o coordenador.

A morte de Raimundo Matias está sendo investigada pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) e de acordo com o laudo divulgado pelo Instituto de Medicina Legal (IML), o jovem teria morrido de “asfixia por afogamento”. As fotos apresentadas no inquérito constavam que o jovem estava apenas de bermuda, escoriações pelo corpo e parte do cabelo cortado. 

 

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“Queremos justiça, queremos explicação pra Samambaia estudante, pra Samambaia irmão”. Ao som dessa música feita por uns dos colegas de Raimundo Matias Dantas Neto, de 25 anos, jovem encontrado morto na madrugada da quinta (3) para a sexta-feira (4), ocorreu o sepultamento, no cemitério do bairro de Santo Amaro, área central do Recife, no início da tarde desta terça-feira (8). 

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A morte de "Samambaia", como era conhecido popularmente, está cercada de mistério. A família não acredita no laudo divulgado pelo Instituto de Medicina Legal (IML), que colocou no atestado de óbito “asfixia por afogamento”, já que segundo a família, as fotos apresentadas constavam que o jovem estava apenas de bermuda, escoriações pelo corpo e parte do cabelo cortado. 

“Ficamos sabendo de tudo através das fotos que nos deram”, explicou o irmão mais velho da vítima, José Matias Dantas. Segundo o irmão de Raimundo, “não tinha motivos para fazerem isso com ele, se fizeram, só pode ter sido por inveja. Queremos justiça”, desabafou. De acordo com o rapaz, a família cobrou da justiça uma resposta mais firme sobre o caso, pois os ferimentos contradizem o relatório do IML. No dia do incidente, a família também descarta a hipótese de afogamento porque, segundo eles, o jovem teria ido comprar um notebook, além de não ter o hábito de ir à praia. 

A professora da Universidade Federal Pernambuco (UFPE), Leona Lewis, acredita que o crime foi motivado por racismo. “Uma pessoa que foi brutalmente barbarizada só pode ter sido por crime racial. O caso dele é representativo para outras famílias que vivem a mesma situação”, conta. 

Natural de Serra Talhada, Sertão do Estado, Raimundo se mudou para Recife com a sua mãe e irmãs para viver sustentados por José Matias, o irmão mais velho e único da família que trabalhava na época, já que seu pai faleceu ainda em sua terra natal. O jovem ingressou na UFPE e já estava perto de concluir o curso de Ciências Sociais. “Ele morreu como cientista, assim como os outros que morreram pelo seu objeto de estudo”, enfatizou uns dos seus colegas Denilson Ferreira de Lima, 44. “Ele estudava a sociedade e a sociedade o matou” concluiu.

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