O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, sugeriu nesta sexta-feira (7) um eventual cancelamento do Rali Dakar, realizado na Arábia Saudita, após a explosão de um veículo em um possível "ataque terrorista" em 30 de dezembro.
"Achamos que talvez valesse a pena desistir desse evento esportivo. Os organizadores decidiram mantê-lo", disse Le Drian em entrevista à televisão BFMTV e à rádio RMC.
##RECOMENDA##"Neste caso, temos que ser muito cuidadosos, pelo menos para pôr em prática suficientes e reforçados dispositivos de proteção. Acho que fizeram isso, mas, de qualquer modo, a questão permanece em aberto", acrescentou.
O chefe da diplomacia francesa afirmou que "talvez tenha havido um atentado terrorista contra o Dacar" e pediu "mais transparência" às autoridades sauditas.
Os fatos remontam a 30 de dezembro, em Jidá (centro-oeste da Arábia Saudita), quando um veículo ocupado por cinco franceses sofreu uma explosão. Seu motorista, Philippe Boutron, de 61 anos, ficou gravemente ferido e foi repatriado para a França.
Na terça-feira (4), a Procuradoria nacional antiterrorista francesa anunciou a abertura de uma investigação preliminar sobre a explosão por "tentativa de homicídio em conexão com um grupo terrorista". A investigação será conduzida pelo serviço de Inteligência DGSI.
Embora as autoridades sauditas tenham descartado no sábado (1º) a hipótese de um ato criminoso e descrito o ocorrido como um "acidente", a organização da prova e a Chancelaria francesa não descartaram a primeira possibilidade.
"Já houve ações terroristas na Arábia Saudita contra interesses franceses", disse o ministro das Relações Exteriores.
Em outubro de 2020, um guarda do consulado da França em Jidá foi ferido em um ataque a faca. Duas semanas depois, um atentado na mesma cidade deixou dois feridos durante a cerimônia de armistício da Primeira Guerra Mundial. Participavam do evento diplomatas ocidentais, principalmente franceses.
O Rali Dacar enfrenta ameaças à sua segurança desde sua primeira edição, em 1979. Entre 2009 e 2019, foi transferido para a América do Sul para escapar de possíveis ações terroristas vinculadas a conflitos na África.