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A operação Lava Jato e as demais investigações que se debruçam sobre a corrupção que se instalou entre o poder público e o privado no Brasil devem favorecer a criação de um ambiente mais favorável às privatizações e concessões no País, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, no entanto, os políticos ainda precisam melhorar a mensagem a ser transmitida para a população nesse sentido, uma vez que o brasileiro médio é avesso ao tema.

"Colocar (hoje) a privatização da Petrobras é querer levar bala, todos são contra", disse FHC, ressaltando, contudo, que existem setores da estatal petrolífera que podem ser vendidos à iniciativa privada. Segundo ele, é necessário evitar que as agências reguladoras, que fiscalizam as concessões e privatizações do governo, sejam capturadas, seja por interesses políticos, seja das empresas ou mesmo dos sindicatos. "Quando não tem regulação, faz-se uma coisa selvagem", disse.

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A fala de FHC faz eco com a do governador de São Paulo e pré-candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, que no início do mês defendeu em evento do setor de construção civil que "muitos setores da Petrobras devem ser privatizados". Na semana passada, o tucano disse ser favorável às privatizações de estatais brasileiras, desde que o processo seja amplamente fiscalizado e embasado por um marco regulatório robusto.

Governo Temer

O ex-presidente, que participou do Fórum Estadão: A reconstrução do Brasil, organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, destacou que as medidas no governo Michel Temer "estão caminhando" e que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se cercou de gente competente.

A despeito disso, assegurou que a população não sentiu melhorias. "Tá caminhando. O povo sentiu isso? Não sentiu, falta elo de participação", disse Fernando Henrique.

Eleições

Durante o debate, ele destacou que o trabalho da Operação Lava Jato é importante para recuperar o sentido da moralidade pública e que o sentimento de descrédito com a política vai influenciar nas eleições presidenciais. Lembrou também que a corrupção foi identificada não apenas no setor público, mas também nas empresas privadas.

Ainda sobre as eleições, o tucano declarou não estar claro o que vai acontecer sem a tradicional polarização PT-PSDB, que dominou as eleições desde 1994. "Não tenho bola de cristal", afirmou.

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso declarou nesta terça-feira, 27, que foi pressionado diversas vezes durante seus oito anos de mandato a autorizar uma intervenção federal na segurança pública dos Estados, mas que resistiu à possibilidade justamente porque a medida impede a aprovação de emendas constitucionais.

Em sua participação no Fórum Estadão: A reconstrução do Brasil, organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, na capital paulista, o tucano não quis opinar sobre a necessidade de uma intervenção do tipo no Estado do Rio, mas disse que o enfrentamento do tema passa pelo combate à corrupção nas forças policiais e também por medidas que possam integrar as polícias militar e civil.

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FHC defendeu ainda uma nova forma de enfrentar a questão das drogas no País. "Como venho dizendo há muito tempo, temos que combater o tráfico de drogas de maneira diferente, não apenas de forma repressiva", disse, acrescentando que o combate ao tráfico de armas - que é o que possibilita às facções criminosas o controle de grandes áreas nas cidades brasileiras -, precisa ser feito de maneira igualmente prioritária.

Questionado sobre a decisão do governo Michel Temer de colocar um militar no comando do Ministério da Defesa, Cardoso afirmou que, no passado, a nomeação de um civil para a pasta era um ato simbólico, que mostrava qual poder prevalecia. "Agora, não acho que exista mais essa questão. Tem que ver qual é mais eficiente", ponderou.

O ex-presidente avaliou no entanto, que é um expediente tradicional dos governos na América Latina recorrerem aos militares quando sentem que sua autoridade está vacilante. "Governos, sobretudo quando não são fortes, apelam para os militares, que têm estrutura com hierarquia". disse.

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