Tópicos | Sergio Silva do Amaral

O debate intenso sobre a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para embaixador do Brasil nos Estados Unidos (EUA), pelo seu pai e presidente Jair Bolsonaro (PSL), levantou questionamentos sobre o currículo do parlamentar e comparações com os últimos representantes brasileiros em Washington. 

O LeiaJá reuniu o perfil dos embaixadores do país nos EUA desde a redemocratização, em 1986, até hoje. Foram nove diplomatas com carreira sólida na área de relações internacionais que ocuparam o posto. Bolsonaro justificou a indicação do filho por ter um bom relacionamento com o presidente americano Donald Trump, saber falar inglês e fritar hambúrgueres. 

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Confira: 

Marcílio Marques Moreira (de 23/11/1986 a 24/08/1991)

Indicado pelo então presidente José Sarney, Marcílio Marques Moreira foi o primeiro embaixador brasileiro nos Estados Unidos após a ditadura militar. Moreira é formado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e mestrado em Ciência Política na Universidade de Georgetown, em Washington.

Em 1954, Marcílio Marques concluiu o curso de preparação à carreira de diplomata do Instituto Rio Branco. De 1957 a 1961 foi secretário na embaixada do Brasil em Washington e chegou a ocupar outros cargos no Brasil, como diretor financeiro do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, antes de ser nomeado embaixador nos EUA em 1986. 

Ele deixou o cargo para ser ministro da Fazenda no governo de Fernando Collor. Marcílio Marques Moreira também integrou o Conselho de Ética Pública no governo Lula e é autor de diversos livros.

Rubens Ricupero (25/08/1991 a 25/08/1993)

Diplomata de carreira desde 1961, Rubens Ricupero foi indicado pelo presidente Fernando Collor de Mello para assumir a embaixada brasileira no país americano. Estudou na  Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP), e entrou no Instituto Rio Branco em 1958. Após se formar como diplomata foi um dos primeiros a trabalhar em Brasília. 

Ricupero foi assessor internacional do presidente eleito Tancredo Neves e assessor especial de José Sarney. Foi o embaixador do Brasil nos EUA de 1991 a 1993, quando deixou o cargo para ser ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal. Ele também chegou a ser ministro da Fazenda de Itamar Franco. O último cargo de embaixador ocupado por ele foi em 1995, em Roma. 

Além disso, Ricupero também já foi subsecretário Geral da ONU e professor Universidade de Brasília (UnB) e no próprio Instituto Rio Branco.

Paulo Tarso Flecha de Lima ( 12/11/1993 a 26/05/1999)

Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade do Brasil no Rio de Janeiro, Paulo Tarso Flecha de Lima entrou na carreira diplomática a partir de concurso direto em 1955. Ele serviu em países Itália, Uruguai, Argentina, Iraque, Irã e foi embaixador do chamado “Circuito Elizabeth Arden”, jargão utilizado para se referir ao conjunto das embaixadas mais prestigiadas: Londres, Washington, Roma e Paris. 

Foi nomeado embaixador em Londres, em 1990, e em Washington, em 1993 - pelo presidente Itamar Franco. Em 1999, assumiu a embaixada brasileira em Roma, onde ficou até 2001. Flecha de Lima também foi secretário-geral das Relações Exteriores.

Rubens Antonio Barbosa (11/06/1999 a 31/03/2004)

Indicado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para embaixador do Brasil nos EUA, Rubens Antonio Barbosa ingressou no Instituto Rio Branco em 1960. Depois disso, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro. Fez mestrado em 1971, na London School of Economics and Political Science.

Atuou mediando a relação do Brasil como países como Romênia, Alemanha Oriental, Bulgária, Hungria e a antiga União Soviética. Foi embaixador do Brasil em Londres de janeiro de 1994 a junho de 1999 e em Washington, de junho de 1999 a março de 2004. E após deixar a embaixada, foi presidente de conselhos como o de comércio exterior da FIESP.

Roberto Pinto Ferreira Abdenur (02/04/2004 a 29/01/2007)

Formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e mestre em economia pela London School of Economics and Political Science, Roberto Pinto Ferreira Abdenur ingressou diretamente na carreira de diplomata, por concurso, em 1964. 

Foi cônsul-adjunto em Londres, integrou a delegação brasileira em diversas reuniões da Assembleia Geral da ONU e chegou a atingir o posto de ministro de primeira classe, considerado o mais alto da carreira diplomática.

Roberto Pinto Ferreira Abdenur foi embaixador do Brasil no Equador (1985 a 1988), na China (1989 a 1993), na Alemanha (1995 a 2002) e na Áustria (2002 a 2004), antes de ser nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para assumir o posto em Washington.       

Antonio de Aguiar Patriota (21/02/2007 a 20/10/2009)

Formado pelo Instituto Rio Branco em 1979, após ter estudado filosofia na Universidade de Genebra, Antonio de Aguiar Patriota foi indicado para a embaixada do Brasil nos EUA por Lula. Diplomata de carreira, ele atuou em Genebra (1983-1987 e 1999-2003) e em Nova York (1994-1999), Pequim (1987-1988) e Caracas (1988-1990). 

Deixou a embaixada em Washington para assumir a secretaria-geral do Itamaraty. Em 2011, foi ministro das Relações Exteriores do governo Dilma. E atualmente é embaixador brasileiro no Egito.

Mauro Luiz Iecker Vieira (11/01/2010 a 31/12/2014)

Terceiro embaixador brasileiro em Washington indicado durante o governo de Lula, Mauro Luiz Iecker Vieira é formado em Direito pela Universidade Federal Fluminense e ingressou no curso que prepara diplomatas no Instituto Rio Branco em 1973. Atuou, entre 1995 e 1999, como ministro-conselheiro na embaixada brasileira em Paris.

Além disso, foi nomeado embaixador em Buenos Aires em 2004, onde ficou até 2010, quando passou a ocupar o cargo de embaixador em Washington. Em 2015, deixou o posto para ser ministro de Relações Exteriores no governo de Dilma Rousseff. Em 2016, Michel Temer nomeou Mauro Vieira como representante permanente do Brasil na ONU.

Luiz Alberto Figueiredo (07/05/2015 a 05/09/2016)

Penúltimo embaixador do Brasil nos EUA, Luiz Alberto Figueiredo graduou-se pelo Instituto Rio Branco em 1979. Chefiou, entre outras, as negociações da Rio +20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. 

No governo da presidente Dilma Rousseff foi representante permanente do Brasil junto à ONU e ministro das Relações Exteriores, antes de ser nomeado para ocupar o cargo em Washington. Deixou o posto para ser embaixador em Portugal - cargo que ocupa até hoje. 

Sergio Silva do Amaral (05/09/2016 a 03/06/2019)

O último brasileiro que se tornou embaixador nos EUA foi Sergio Silva do Amaral. Ele foi nomeado pelo presidente Michel Temer (MDB) e afastado do cargo em junho deste ano. Antes disso, Amaral ocupou as embaixadas de Londres e Paris, além de ter sido professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília.

Formado em Direito pela Universidade de São Paulo, ele concluiu a pós-graduação em Ciência Política (DESS) na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne). Como diplomata serviu em Paris, Bonn, Genebra e Washington. 

Na administração pública foi secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República e Porta-Voz do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi também Ministro de Estado do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio Exterior, Presidente da Camex e do Conselho do BNDES.

*Fotos: Agência Senado/Fiesp/Reprodução Youtube

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