A Universidade de Pernambuco (UPE) tem duas formas de selecionar estudantes para cursos de graduação: o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que é um programa de nível nacional organizado pelo Governo Federal ao qual a instituição aderiu; e o Sistema Seriado de Avaliação (SSA), vestibular próprio realizado em três fases, ao longo de todos os anos do ensino médio, com escolha do curso desejado apenas ao final do processo.
Nesta quinta (4) e sexta-feira (5), as provas do SSA 3 2021 serão aplicadas para estudantes do terceiro ano, às 8h15, com fechamento dos portões dos locais de aplicação às 8h em ponto.Os candidatos poderão fazer as provas nas cidades de Arcoverde, Garanhuns, Recife, Petrolina, Nazaré da Mata, Palmares, Serra Talhada, Caruaru e Salgueiro.
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As provas terão quatro horas e 30 minutos de duração e não será permitido entrar nos locais de aplicação de provas levando telefone celular, além de ser obrigatório o uso de máscara de proteção contra a Covid-19. Ao todo, são 100 questões de múltipla escolha distribuídas entre as disciplinas de física, química, biologia, geografia, língua estrangeira (Inglês ou espanhol), história, português, matemática, filosofia e sociologia. Há também uma redação de natureza dissertativo-argumentativa que deve ter no mínimo três parágrafos e um total de 20 a 30 linhas.
Nesta quinta-feira, os estudantes responderão às questões de português, matemática, língua estrangeira, filosofia, além da redação. Na sexta-feira, será a vez das provas de biologia, química, física, história, geografia e sociologia.
De um lado, confiança na prova, do outro, medo do vírus
Com a aproximação da prova, Giovana Nascimento, de 19 anos, se sente confiante. A jovem mora no município de Carpina-PE, Zona da Mata de Pernambuco, e deseja fazer o curso de licenciatura em ciências biológicas. “Como a prova da UPE é sempre conteudista, eu realmente sei que o que tem no edital, terá na prova. Para mim, é de longe, a melhor forma de entrar em uma faculdade pública. Pena que nem todos percebem isso no primeiro ano”, disse a estudante.
Encarar o vestibular após um ano letivo como foi o de 2020, com aulas remotas em isolamento, é sem dúvida um desafio enorme para Giovana. Apesar disso, ela se mantém focada nos seus objetivos. “Acho que esse ano foi uma verdadeira questão de perseverança, de seguir realmente seus objetivos, tentar ao máximo focar e pensar que valeria a pena depois. Várias vezes pensei em desistir, mas é meu sonho, meu objetivo, não poderia me desviar dele. Enquanto eu pudesse, teria que estudar”, relatou.
Outro ponto importante no que diz respeito a fazer vestibular durante a pandemia de Covid-19 é, obviamente, a saúde, uma vez que provas reúnem grande quantidade de candidatos concorrendo às vagas. Questionada se está se sentindo segura para responder às questões, a jovem respondeu que “na medida do possível, sim”.
“Acho que se você seguir os cuidados com as medidas sanitárias previstas tanto no edital quanto no cartão de confirmação, vai ficar tudo bem. Na minha sala do Enem tinha apenas sete pessoas e os aplicadores seguiram o protocolo. Não espero menos da UPE”, disse a estudante. No entanto, ao tomar conhecimento de que alunos com Covid-19 terão direito de fazer a prova do SSA em local isolado desde que façam uma solicitação, Giovana mudou de opinião.
“Acho que a UPE poderia colocar uma reaplicação modelo Enem, e não deixar os infectados pela Covid-19 no mesmo prédio do restante. Vou dormir do lado de fora de casa sete dias após o SSA com medo de infectar minha família. Não sabia disso não, eu estou besta!”, exclamou a jovem.
Maria Fernanda Tenório Luna, de 18 anos, mora na cidade de Garanhuns, Agreste pernambucano, e deseja cursar medicina no campus da UPE localizado na mesma cidade, onde também fará as provas. A jovem conta que considera o SSA um vestibular mais organizado, o que lhe dá mais segurança e, consequentemente, melhores expectativas.
Devido à pandemia do novo coronavírus, algumas bancas de vestibulares pelo País implementaram mudanças em suas provas visando a redução do tempo de permanência dos candidatos nas salas de aplicação. Questionada se esperava por algo nesse sentido no SSA, Maria Fernanda nega. “Não espero nada para não acabar criando expectativas em relação a prova. Acredito que a UPE mantenha o mesmo estilo de prova difícil e conteudista”, disse a jovem.
No que diz respeito à Covid-19, a candidata se sente segura com as medidas instituídas pela comissão de vestibulares da UPE, incluindo as mais polêmicas. “Acredito que a questão da contaminação vai muito do cuidado pessoal de cada aluno que irá fazer a prova”, disse Maria Fernanda.
Mais de 14 mil inscrições estão confirmadas no SSA 3. Ao todo, na fase 3 do vestibular seriado, são oferecidas 1.740 vagas. "O curso de medicina, ofertado no campus da UPE em Serra Talhada, é o mais concorrido do SSA 3 da UPE, no sistema universal, com 36,63, candidatos na disputa de uma vaga. Em segundo lugar vem direito no campus Benfica, com 35,20 candidatos por vaga e, em terceiro, medicina, no campus de Garanhuns, com 34,63", informou a instituição de ensino.
Prova tradicional em 2021?
Para o professor de matemática Educ Coelho, o SSA tem um perfil de prova “mais tradicional e conteudista, que pode pegar desavisado o estudante que fez muitas questões do Enem e não treinou esse tipo de questão mais objetiva e menos contextualizada". Acredito que a prova seguirá a mesma tendência, com poucas mudanças em relação ao conteúdo, restando então esperar o nível de dificuldade que será apresentado. Particularmente, acredito na continuidade do perfil dos últimos anos”, acrescentou.
Em matemática, ele conta que a prova “aborda diversos tópicos mais específicos que mal aparecem na prova do Enem”. Falando especificamente do SSA 3, Edu cita a presença, nas últimas provas, “de questões de geometria analítica cobrando equações da reta e da circunferência, além de gráficos das funções trigonométricas”.
Questionado sobre a possibilidade de adaptações da prova para o contexto de pandemia, o professor disse que “isso é o que eu desejaria". "Na verdade, seria o mínimo. Numa situação excepcional como a que estamos vivendo, é impensável a forma que foram levadas muitas questões, como os processos seletivos foram. Entendo todas as questões envolvendo a organização dos calendários letivos, mas tratar a situação atual sem nenhum tipo de adaptação, não concordo”, disse o professor.
Josinaldo Lins é professor de química e afirma que, no SSA, essa matéria traz uma prova que “se aproxima muito da realidade vivida pelo aluno, sempre trazendo questões inspiradas em situações cotidianas”, citando como exemplo uma questão do SSA 2 inspirada na série Dark, da Netflix, “sem deixar de ter o padrão de exigência comum da UPE, bem acima do Inep”.
Para o professor, é uma prova que “costuma ser bem trabalhosa, não nego que a queixa dos estudantes tem fundamento". Mas é conteudista num sentido, vamos dizer, positivo da palavra (espero que exista), porque não valoriza o decoreba, mas sim o conhecimento que o aluno tem a respeito daquele assunto”, alertou Lins.
Apesar disso, as dificuldades do ano letivo deixam Josinaldo esperançoso de que a banca que elabora as provas do vestibular leve em consideração as dificuldades dos alunos ao longo de 2020 e a segurança sanitária na aplicação da prova, buscando reduzir o tempo em sala.
“Agora, uma coisa é certa: a pandemia afetou muito o processo ensino-aprendizagem em 2020, e espero por parte da banca não que ela 'alivie', mas que tenha compreensão quanto ao momento que todos passamos no último ano. Enunciados mais enxutos e diretos ajudariam bastante nisso, mas, infelizmente, não foi o que foi visto até agora nas provas realizadas neste último final de semana”, disse o professor.
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