A jornalista russa Tatiana Felguenhauer, esfaqueada em Moscou, foi vítima de um louco, e não da hostilidade em relação aos meios de comunicação críticos do poder, afirmou o Kremlin nesta terça-feira (24).
"As ações de um louco são as ações de um louco", declarou a jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, assegurando que "tentar vincular este trágico acontecimento a outra coisa não é lógico nem correto".
O sindicato de jornalistas russos lamentou a recente difusão de reportagens contra a rádio Echo de Moscou, para qual a jornalista trabalha, no canal público de informações Rossia-24, que difunde os pontos de vista do Kremlin.
"Achamos que esses temas alimentam o ódio contra nossos colegas e podem ter provocado o ataque contra Tatiana por um indivíduo desequilibrado", afirma o comunicado do sindicato.
Tatiana Felguenhauer foi esfaqueada na segunda-feira (23) na redação da Eco por Boris Grits, um cidadão russo-israelense de 48 anos nascido na Abkházia e residente em Israel.
Felguenhauer, hospitalizada com um ferimento no pescoço, foi operada e se encontra em estado grave, segundo fontes hospitalares e de seu empregador.
A polícia privilegia a hipótese de um ataque pessoal do agressor contra a vítima e postou um vídeo em que Grits faz comentários pouco coerentes, afirmando ter um "vínculo telepático desde 2012" com a vítima, e que ela "o perseguia sexualmente todas as noites através desse vínculo".
Depois do ataque, várias pessoas denunciaram o clima de ódio promovido pelo governo em relação à mídia independente.
A rádio Eco de Moscou, a primeira rádio livre criada em 1990 antes da queda da URSS, passou para o controle do grupo público Gazprom em 2001, um ano depois da chegada de Vladimir Putin ao poder.
A rádio consegue se manter como a principal emissora russa e oferece visões independentes em um setor onde os principais meios de comunicação estão sob controle.