Tópicos | validação de cotas

Morador da Mata Norte de Pernambuco, Gustavo Henrique Lima de Andrade, de 18 anos, foi um dos candidatos presentes na fila para reavaliação de cotas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na manhã desta quinta-feira (21). Aprovado no curso de ciências contábeis da UFPE pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o estudante se considera pardo e disse que sentiu, desde a primeira validação, não incluído pela banca avaliadora. “Quando eu entrei sabia que não iria passar pela forma que me olharam e pelo tratamento em si. Querendo ou não foi uma forma de racismo por não terem me considerado pardo”, garante.

Ele afirma, porém, que essa foi a primeira vez que se sentiu vitimado por ser pardo. “Em todos os lugares que eu fui, fui considerado como pardo, e mesmo que não tenha sido considerado por algumas pessoas eu não fui desrespeitado”, afirma. Apesar de entender que o processo é complicado e que a validação “não está totalmente errada”, o estudante não acredita que deveria existir uma comissão de validação na instituição. “Todo mundo sabe que no Brasil não tem quem diga que você não pode ser uma cor”, diz.

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Após sair da sala de avaliação, porém, Gustavo contou que achou a segunda avaliação mais justa, principalmente pela pluralidade de etnias na formação da banca. "Dessa vez eu acho que foi bem melhor. Acho que fui tratado como igual a todo mundo. Acho que as pessoas que estavam nessa sala também se pareciam com a minha raça, no caso, que eu me considero pardo. Acho que eles começaram a entender depois dessa primeira avaliação que nem todo mundo é uma cor mas pode se declarar de outra", analisa.

Acompanhada da filha Ana Beatriz, aprovada em ciências biológicas, a autônoma Iara Albuquerque, de 49 anos, encara o sistema de comissão avaliadora de cotas como uma “insegurança” grande por parte do governo. “Ela não é loira do olho azul, ela não é preta, não é de uma cor escura. Ela só pode ser parda. E aí vem uma surpresa muito grande e o prejuízo, porque o aluno já entra como retardatário já que a decisão [da banca avaliadora] não sai na hora”, afirma. Segundo a mãe, no registro dela, do pai de Ana Beatriz e no da filha a cor apontada é parda.

Autônoma Iara Albuquerque, de 49 anos, acompanhada da filha, Ana Beatriz

Ao todo, 188 candidatos passarão pelo processo de reavaliação, que será realizado pela comissão da UFPE ao longo do dia e continuará na sexta-feira (22). O resultado será divulgado pela instituição na segunda-feira (25).

* Com informações da repórter Eduarda Esteves

Após protesto de alunos reprovados pela Comissão de Validação de Autodeclaração Racial da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o pró-reitor de assuntos acadêmicos, Paulo Góes, fez pronunciamento à imprensa explicando quais serão os próximos passos da instituição de ensino quanto ao assunto. Ao todo, 280 candidatos entre as 2,4 mil vagas disponibilizadas em cotas étnico-raciais por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) foram reprovados pela comissão composta por três pessoas.

Góes, que participou de reunião com a comissão de validação pouco antes da coletiva de imprensa, afirmou que a reprovação depende de toda a comissão, composta por um estudante, um professor e um técnico da universidade. “Para o aluno ser rejeitado, é preciso que a decisão da banca avaliadora seja unânime”, garante.

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Segundo o pró-reitor, 188 alunos entraram com recurso na UFPE após serem reprovados pela comissão. A análise dos pedidos feitos por esses alunos será feita até o dia 22 de fevereiro e o processo deve ser encerrado até o dia 30 de março.  A instituição se responsabilizou, ainda, em emitir nota até o fim desta terça explicando como serão feitos os trâmites burocráticos referentes aos candidatos reprovados.

*Com informações do repórter Fábio Filho

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