Setores da cidade venezuelana de Maracaibo estão há quatro dias sem energia elétrica, enquanto, na maioria das regiões, os cortes de luz são diários e duram horas.
"É um terror, pessoas estão desde quinta-feira sem luz. Minha cunhada está há quatro dias sem luz. A minha é cortada todos os dias, ontem por 12 horas", conta a dona de casa Lucía González.
Os cortes de energia são frequentes na Venezuela, principalmente nas províncias. Em vários estados do oeste, como o petroleiro Zulia, cuja capital é Maracaibo, aplica-se um racionamento de até 12 horas diárias.
"Sempre ficamos sem luz por, no mínimo, quatro horas. Meu filho, que mora nos arredores da cidade, tem luz por apenas três horas diárias, já passou 24 horas sem energia, e tem que vir para a minha casa, porque tem um bebê", conta Lucía.
O ministro da Energia Elétrica, Luis Motta Domínguez, denunciou na última sexta-feira que os apagões em Zulia se devem a uma sabotagem orquestrada por desconhecidos que, supostamente, incendiaram uma linha de transmissão na Ponte Rafael Urdaneta, que conecta Maracaibo ao restante do país.
Em um mercado de rua da cidade, os comerciantes perderam a comida que vendem, porque não têm como refrigerá-la, acrescenta Lucía.
"Isso é grave, há setores que se aproximam de 60 horas sem luz, incluindo onde moro. Ontem, tivemos que comer um montão de carne, porque senão iria estragar", diz Deivis González.
O governador de Zulia, o governista Omar Prieto, informou hoje que os trabalhos de recuperação da linha "afetada por atos terroristas" continuam na ponte.
O governo atribui os apagões a sabotagens de adversários para gerar descontentamento, mas especialistas os vinculam à deterioração da infraestrutura por falta de investimentos, imperícia e corrupção.
Na capital do país, os cortes não são frequentes, mas, entre dezembro passado e fevereiro, foram registrados vários, que duraram entre três e cinco horas.