Janguiê Diniz

Janguiê Diniz

O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

A eleição da França e a retórica ideológica

Janguiê Diniz, | sex, 27/04/2012 - 09:27
Compartilhar:

A recente eleição francesa reacendeu o debate sobre as ideologias. Marine Le Pen, candidata considerada de extrema direita, conquistou cerca de 20% de intenções de voto. Nessa perspectiva, o eleitorado de Le Pen decidirá quem será o próximo presidente francês no segundo turno. Com efeito, uma possível vitória eleitoral de Sarkozy depende,  e muito,  dos eleitores de Marine Le Pen.

Registre-se que Marine Le Pen e Nicolas Sarkozy são rotulados de candidatos da direita em virtude  de defenderem um  maior controle nas fronteiras da França e uma rígida fiscalização de imigrantes. Ademais,  Sarkozy, em particular, defende a  diminuição do papel do estado na economia, sendo, inclusive, denominado o “presidente dos ricos” já que, nos últimos cinco anos, ele teve 84 bilhões de euros distribuídos, principalmente, para as famílias mais ricas e empresas.

Em face ao debate da eleição francesa, os  candidatos de direita passaram a ser qualificados como xenófobos. De fato,  eles tem se mostrado extremamente  intolerantes para com os estrangeiros,  ao argumento de que esses contribuem imensamente para o enfraquecimento da economia francesa.  Outrossim,  aqueles  candidatos de direita também são considerados defensores dos ricos e não lutam contra a desigualdade econômica, ignorando os mais pobres.  

Nesse contexto, diante das rotulações apressadas, indagamos:  será que apenas os candidatos da direita ignoram a população mais pobre?  Será que apenas os candidatos de direita são xenófobos?  Se as respostas forem positivas, é importante perquirir: para onde irão caminhar os franceses, caso Sarkozy seja reeleito presidente da França?  Em conclusão  apressada afirmamos que  a França caminhará  para ser um estado absolutista, intolerante com o próximo e defensor dos interesses dos mais  ricos.

Em face à conclusão exposta acima, embora seja ela apressada e carente de fundamentos mais concretos, será  importante verberar  que o mundo deve temer a vitória de Sarkozy.  É que o estado francês, sob a presidência de Sarkozy, não contribuirá para a inclusão social e para o convívio harmonioso entre as nações e os indivíduos. 

Por outro lado, importa registrar que este problema não afeta apenas a França.  Os países da Comunidade Europeia também sofrem de males semelhantes que precisam ser enfrentados, pois, o estado de bem-estar social está sofrendo forte deterioração. Como consequência disto, os povos daquelas nações  reclamam por soluções e buscam culpados.  Estão com ideia fixa de que os verdadeiros responsáveis pela crise econômica e pelo mal-estar social são os imigrantes. Embora nós saibamos que elementos como o envelhecimento da população e a incapacidade fiscal do estado de garantir o bem-estar social à população são, na nossa ótica, grandes responsáveis pela crise.

Diante de tais problemas, debates ideológicos, os quais carecem de argumentos sofisticados, surgem. E a discussão entre candidatos de esquerda e direita concentra-se nas seguintes premissas: 1) candidatos da esquerda salvarão a Comunidade Europeia; 2) candidatos de direita salvarão a Comunidade Europeia.

Ora, diante das multicausalidades que proporcionam a crise do estado de bem-estar, não é recomendado que as soluções sejam originadas do debate meramente ideológico - embora ele seja, aparentemente, enriquecedor.

O debate entre esquerda e direita não apresenta soluções diferenciadas para os mesmos problemas. Apenas as retóricas dos candidatos são distintas nos momentos eleitorais. Independente de quem será o vencedor na eleição presidencial da França, os franceses continuarão a reclamar da economia, da imigração e da fragilidade do estado de bem-estar econômico. E as soluções, em razão do debate ideológico, não serão racionalmente debatidas. Por consequências, os problemas tendem a perdurar.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando