A confiança do consumidor recifense, inferida pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (ICC-IPMN), continua descendo a ladeira desde janeiro. Este mês o indicador atingiu 73,3 pontos, vale ressaltar que somente nos últimos dois meses tal indicador recuou 23,2 pontos. Outro agravante de tal contexto é o recorde negativo, o indicador nunca apresentou um patamar tão baixo na série pesquisada que data de Nov/2010.
O conjunto de notícias ruins diariamente repercutidas: Inflação, modesto desempenho da economia, elevação das taxas de juros, fraco desempenho do setor externo, problemas de infraestrutura; cenário político conturbado; parecem estar contribuindo para a disseminação de uma percepção pessimista e talvez ajudem a compreender uma queda tão rápida do indicador nos últimos dois meses. O comportamento de tal indicador pode ser visualizado abaixo:
Fonte: Pesquisa Mensal de Expectativa de Consumo – Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau
Mas qual é a importância de tal indicador para o nosso dia a dia?
A confiança do consumidor é um indicador que antecipa o consumo futuro das famílias. Quando as famílias estão menos otimistas, adiam compras, passam a consumir menos, etc., fato que cria um efeito recessivo sobre toda a economia. Alimenta-se assim um ciclo no qual as empresas contratam menos e com menos emprego as famílias consomem menos e a economia entra em recessão.
Outros indicadores da mesma pesquisa apontam para o aumento da cautela do consumidor. A intenção de compra de bens duráveis este mês é 5,81% inferior ao valor obtido no mesmo período do ano passado, bem como pela primeira vez na série pesquisada a intenção de aquisição de bens a vista é superior à intenção de aquisição de bens a prazo.
Ou seja, o consumidor está mais cauteloso em suas estratégias de consumo, diminuindo o consumo e controlando o endividamento.
Quando acaba tal declive e retomamos o crescimento?
O segundo semestre do ano é uma época em que o consumo e o investimento se ampliam, no entanto tal crescimento pode não ser suficiente para recuperar as expectativas.
Desta vez, medidas conjunturais “tapa buracos” isenções de impostos sobre determinado grupo de produtos e a facilitação do crédito podem não resolver o problema.
Cabe ao governo criar um ambiente positivo na economia a partir do controle da inflação e ao mesmo tempo expandir o investimento em áreas prioritárias que historicamente tem se colocado como limitadores do nosso crescimento, tais como infraestrutura, qualificação da mão de obra, etc. Além de fazer o dever de casa e acertar alguns ponteiros: diminuir a burocracia, tornar mais simples e mais barato o sistema tributário, dentre outras reformas tão necessárias.
A equação que o governo precisa resolver não é fácil, mas é necessária para manter o nível de crescimento que o país necessita e recuperar a confiança dos consumidores e investidores.