Gustavo Krause

Gustavo Krause

Livre Pensar

Perfil: Professor Titular da Cadeira de Legislação Tributaria, é ex-ministro de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, no Governo Fernando Henrique, e da fazenda no Governo Itamar Franco, além de já ter ocupado diversos cargos públicos em Pernambuco, onde já foi prefeito da Capital e Governador do Estado.

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O Manicômio na Política

Gustavo Krause, | seg, 22/04/2013 - 11:12
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A manchete do JC, edição de domingo, 21/4/13, “Você sabe quem são?”, fala por si. Ilustrada com um painel de fotos de 38 ministros de Estado (faltando foto do titular do 39º, não escolhido, que cuidará das micro e pequenas empresas), é um tratado de ciência política e um perfeito manual de como fracassar na gestão de qualquer organização, seja pública, privada, meio pública, meio privada, governamental, não governamental, celestial ou infernal. 

Na página 4 do Caderno de Economia, vem a cereja do bolo: a chancela da opinião de respeitados especialistas em gestão (até do notável Peter Drucker) e um tiro fatal no antimodelo gerencial que está na sentença de outra manchete: “Só perdemos para o Congo”.

Tá tudo dito. Mas não custa fazer um esforço para adicionar alguns comentários, até porque o cidadão brasileiro é quem sofre os efeitos perversos do excesso inútil da máquina governamental, entre os quais os sintomas manicomiais de alienação, amoralidade, estupidez, hiperexicitação, provocados pelo processo político visto como um todo.

Neste exercício, cidadão brasileiro precisa juntar as peças deste tabuleiro maluco: 29 partidos oficializados no TSE (até hoje, amanhã o número pode estar desatualizado); sistema eleitoral do voto proporcional em lista aberta (dá um trabalho arretado para explicar as pessoas como quem tem menos voto ganha eleição parlamentar para quem tem mais voto); o número incalculável de cargos comissionados nas três esferas de governo com custos astronômicos o que significa aparelhamento do Estado e uma solene banana às virtudes da meritocracia, tudo isto sob o discurso embromador da governabilidade do “presidencialismo de coalizão”.

Ora, faz tempo que o discurso ideológico sobre o tamanho do Estado, mais precisamente do seu braço político, o governo, perdeu força e sentido; faz tempo que o cidadão quer que o governo funcione, ou seja, não importa a cor do gato contanto que ele coma ratos, na visão pragmática e insuspeita do líder comunista chinês Deng Xiao Ping.

No entanto, põe-se em marcha a insensatez do gigantismo estatal com a obscenidade explícita do crescimento tentacular de células cancerígenas para cada assunto, admitamos, que tenha certa relevância, mas que não justifica a criação de ministérios como se a estrutura formal transformasse, magicamente, o mundo real. E haja metástases! E haja ralos por onde escorre o dinheiro do contribuinte e de onde brotam espinhos da burocracia a espetar o sofrimento da população.

No cola do que é explicito, o governo obriga o cidadão trabalhar cinco meses por ano para suportar a monstruosa carga tributária, enredada no cipoal de milhões de normas, regulamentos, portarias, montanhas de papel e intricados controles. Para quê? Mistério! Menos aquela parte que anima a festa promíscua do capitalismo de compadres.

Meu “guvernu” (disse, o matuto lá das brenhas do sertão pernambucano, dirigindo-se a uma autoridade), repito, dando o devido crédito, meu “guvernu”, somente vosmicês fazem lei, aplicam a lei, criam e cobram impostos e têm, por nossa delegação, o legítimo monopólio da força, da coação, da punição para assegurar a paz e a harmonia social. Será que já não está de bom tamanho? Não. Precisam fazer mais coisas: educação de boa qualidade; ambiente, juridicamente, seguro, com infraestrutura decente, funcional para produzir, empreender, realizar negócios e, no mais, como diz o respeitado Professor Silvio Meira, saia da frente! O resto a gente faz.

Por um fim, um alerta amigo: que não se crie o 40º ministério. Este número não é bom.

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