Magno Martins

Magno Martins

Política Diária

Perfil:Graduado em Jornalismo pela Unicap e com pós-graduação em Ciências Políticas, possui 30 anos de carreira e já atuou em veículos como O Globo, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário de Pernambuco e Folha de Pernambuco. Foi secretário de Imprensa de Pernambuco e presidiu o comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. É fundador e diretor-presidente do Blog do Magno e do Programa Frente a Frente.

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

Beto é bom camarada

Magno Martins, | qui, 21/08/2014 - 00:13
Compartilhar:

Escolhido, oficialmente, ontem, como candidato a vice na chapa de Marina Silva, o deputado gaúcho Beto Albuquerque amplia e fortalece o palanque da ex-senadora, quebrando também arestas com segmentos refratários à sua candidatura, como o agronegócio. Duro e articulado, ele sempre foi de marcar posição.

Mesmo dentro do PSB isso tem um preço – avalia um ex-integrante do seu gabinete. Beto foi um dos primeiros socialistas a defender o rompimento do PSB com o PT e a entrega dos cargos que o partido tinha na gestão Dilma. Beto é o dono da língua mais ferina contra os ex-aliados. “Nosso adversário é o Brasil parado, que é a principal proeza do Governo Dilma.

Com ela, o Brasil empacou de vez”, diz.  Enquanto fez parte da base, o socialista tinha o respeito dos líderes e da presidente, que o tratava como Betinho mesmo em acaloradas discussões. Conquistou prestígio ao integrar o núcleo duro da base no Congresso durante o primeiro mandato de Lula (2003-2006), época em que chegou a vice-líder do governo.

Era o tempo em que ele e os colegas Aldo Rebelo (PC do B), Renildo Calheiros (PC do B) e Eduardo Campos (PSB) ditavam a pauta da Câmara. Não raro, eram chamados ao Planalto durante a noite para reuniões com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Assim, o gaúcho e Campos estreitaram laços.

Quando o pernambucano se elegeu governador, em 2006, Beto se engajou no projeto de gestão do amigo. Passou a levar comitivas do Sul a Recife, para mostrar o que o companheiro sonhava estender ao Brasil. O parlamentar gaúcho sempre foi tido como workaholic. Ficava em Brasília de segunda até quinta-feira à noite, raridade no Congresso.

O baque no ritmo de trabalho veio com a doença e a morte do filho, Pietro, que enfrentou a leucemia entre dezembro de 2007 e fevereiro de 2009. Com a experiência traumática, Beto passou a dedicar mais tempo à família. Do primeiro casamento, tem o filho Rafael. Com a atual mulher, Daniela, tem Nina e Luca.

Dois meses após a morte do jovem de 19 anos, seria sancionada a Lei Pietro, que reserva uma semana em dezembro para campanhas de doação de medula óssea. Quando o acidente aéreo com Eduardo comoveu o país, no dia 13, seu fiel escudeiro tuitou que "dor igual" ele só sentira na perda do filho.

Alçado agora a vice de Marina Silva, Beto é filiado ao PSB desde a redemocratização, em 1986. Estava na legenda antes mesmo de Miguel Arraes, que ingressou em 1990. Dele, o partido não espera votos pelo desempenho eleitoral, mas que transmita a Marina a habilidade de ser contestador sem desprezar boas alianças, apesar de divergências ideológicas.

APREENSÃO TUCANA– Os tucanos não receberam boas notícias dos primeiros trackings com Marina Silva na sucessão, substituindo Eduardo Campos, morto em acidente aéreo. A nova candidata tirou votos de Dilma, mas em maior proporção de Aécio. Marina entrou bem em Minas e São Paulo. Os especialistas dizem que ainda é cedo para avaliar se isso é consistente ou passageiro. Mas creem que esse movimento não se encerrou. Marina ainda vai estrear na TV.

Duelo agora é com Marina – Depois da morte de Eduardo, o maior cabo eleitoral de Paulo Câmara, candidato a governador pela Frente Popular, passa a ser Marina Silva, enfrentando a força e o prestígio de Lula em Pernambuco, que estará no palanque de Armando Monteiro, postulante das oposições ao Palácio das Princesas.

Bonner reage– William Bonner enfrenta pelo Twitter os que não gostaram da sua firmeza diante de Dilma. Com ironia e sarcasmo, afirmou que quem não gostou de sua postura foram os "corruptos", os "robôs partidários" e os "blogueiros sujos". Revelou que sempre foi durão com todos os entrevistados e que não seria diferente com Dilma por ser ela presidente.

Bombando no NE – Na pesquisa do Datafolha, Marina surpreende em todas as regiões do País. Tem mais votos no Nordeste que o próprio Eduardo Campos. Enquanto o ex-governador tinha 12%, conforme o último levantamento entre os dias 15 e 16 de julho, Marina, que agora encabeça a chapa do PSB ao Palácio do Planalto, tem 20% da preferência do eleitorado nordestino.

Uso da máquina– Para pegar carona no jato oficial da Presidência da República, a presidente Dilma inventou uma vistoria ao projeto da Transposição do São Francisco em Cabrobó, mas, na verdade, o que ela vem fazer no Estado é gravar imagens para o seu programa eleitoral na televisão. Não seria mais apropriado assumir que a viagem é de campanha e o PT pagar o seu jatinho?

CURTAS

PIPAS– A Codecipe lançou, ontem, edital para selecionar, através de sorteio, 113 carros pipas de reforço ao abastecimento de água em 22 municípios que decretaram estado de calamidade no Agreste e Sertão devido ao nível baixo das chuvas.

JUVENTUDE– Em artigo, ontem, na Folha de São Paulo, o ex-ministro Delfin Neto elogiou Eduardo. “Com as lições de um avô arguto e revolucionário, Eduardo Campos relativizou a generosa utopia da juventude no duro confronto de suas ideias com o estudo da economia”, disse.

Perguntar não ofende: Beto Albuquerque, o novo vice de Marina, se elegeria senador no Rio Grande do Sul?

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando