O governador João Lyra Neto (PSB) tem uma velha birra com o prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), que de vez em quando aflora. Na campanha da reeleição de Queiroz, em 2012, Lyra radicalizou a briga. Chegou a publicar uma nota oficial nos jornais informando que não subiria no palanque do prefeito.
Por várias vezes, o ex-governador Eduardo Campos (PSB) tentou evitar que a briga se acirrasse, obteve êxito em algumas investidas, mas neste episódio não conseguiu dobrar o seu então vice. Em mais um capítulo da velha e renhida queda de braço, Queiroz acusou, ontem, no Frente a Frente, o governador de não fazer nada por Caruaru.
“A única obra dele aqui é uma sala onde funciona o Expresso Cidadão”, desabafou. Quando tomou posse em abril, o primeiro prefeito que João Lyra recebeu em audiência foi o próprio Queiroz, que a ele entregou um pacote sugerindo a execução de 14 grandes projetos no município.
Lyra, segundo Queiroz, não tirou nenhuma das 14 obras sugeridas nem fez algo por sua conta, passando assim à história de forma negativa como um governante que fechou os olhos à sua terra natal. Muito ruim para quem está na vida pública com início de carreira marcada por Caruaru, que governou por dois mandatos.
Mas Lyra não fez nada por Caruaru, como diz Queiroz, pelo simples fato de não querer? Em absoluto! Sua intenção era fazer e muito, mas faltou caixa, faltaram as condições materiais. O Estado que herdou está com um déficit de R$ 8 bilhões, segundo levantamento feito pela mídia nacional.
A grande e única obra de Lyra, na verdade, será fechar as contas dos oitos anos de Eduardo e entregar um Estado aparentemente ajustado do ponto de vista fiscal. Ao deixar o Governo em janeiro, passando para Paulo Câmara, Lyra estará de volta a sua aldeia.
Lá, dará continuidade a este embate sem fim com José Queiroz. Em 2016, teremos ali uma disputa bastante emocionante. De um lado, o candidato de Queiroz contra o de Lyra, que tende a ser a sua filha, a deputada estadual reeleita Raquel Lyra (PSB). Medem forças com outro personagem: Tony Gel (PMDB), candidato fortíssimo a prefeito. E que, certamente, vai tirar proveito da divisão histórica e insanável dos seus históricos adversários.
DESPEDIDA – No almoço de fim de ano com jornalistas, ontem, o presidente da Compesa, Roberto Tavares, já fez o balanço da sua gestão em tom de despedida. O que se diz é que seu nome está cotado para a Secretaria da Fazenda ou para Infraestrutura no lugar de João Bosco, que seria remanejado para outra área.
Demitido, mas poderoso– Na ida a João Pessoa, ontem, para o encontro dos governadores eleitos do Nordeste, Paulo Câmara (PSB) chegou acompanhado do ex-procurador-geral do Estado, Thiago Norões. Demitido recentemente por João Lyra, Norões dá provas de que será poderoso na gestão de Câmara.
Só beijos– O deputado federal eleito Sebastião Oliveira garante que fumou, definitivamente, o cachimbo da paz com o deputado estadual Alberto Feitosa. “Antes, vivíamos entre tapas e beijos, hoje só tem beijos”, brinca, adiantando que o adversário comum deles no PR é o deputado federal Anderson Ferreira. “Este, combateremos”, reforça.
Bem-feitor– Na entrevista que concedeu, ontem, ao Frente a Frente, o prefeito José Queiroz (PDT) disse que só está mudando o local da feira da sulanca graças ao ex-governador Eduardo Campos, que ao apagar das luzes do seu segundo mandato liberou R$ 10 milhões. “De todos os tempos, Eduardo foi o maior bem-feitor de Caruaru”, assinalou.
Crise braba– Depois de demitir, ontem, todos os seus 11 secretários e afastar 130 cargos comissionados, o prefeito de Taquaritinga do Norte, Evilázio Araújo (PSB), disse que ainda não conseguiu arrecadar o valor total para pagar o salário de dezembro e o 13º salário dos servidores. “Nunca vi uma crise tão aguda em toda a vida”, lamentou.
CURTAS
VIDEO– Na confraternização de fim de ano hoje com jornalistas, o governador João Lyra Neto (PSB) vai assistir com os seus convidados a um vídeo produzido pela equipe do secretário de Imprensa, Ivan Maurício, sobre bastidores vividos por ex-porta-vozes do Governo.
O BANHO– Entre os depoimentos no vídeo, o deste blogueiro contando os bastidores do banho que o ex-governador Joaquim Francisco teve que tomar na praia de Boa Viagem, em 1991, para mostrar aos banhistas que cólera não se transmitia no contato com a água do mar.
Perguntar não ofende: João Lyra não fez nada por Caruaru por falta de caixa ou por causa da sua briga com Queiroz?