A ausência do prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), no tradicional forró promovido pelo ex-governador João Lyra Neto (PSB), sábado passado, na fazenda Macambira, só serviu para ratificar que não há de fato a menor chance de entendimento nas eleições para prefeito do ano que vem entre os dois grupos.
Já o deputado Tony Gel (PMDB) roubou a cena, deixando de lado as indiferenças. Sua presença sinalizou que deseja e pode fazer uma aliança com João Lyra. Adversários históricos e figadais, Gel e Lyra contam com a torcida do governador Paulo Câmara, que aprovou o gesto do parlamentar peemedebista. “Ele (Gel) deu uma demonstração de grandeza”, disse Câmara.
Antes de seguir para a fazenda Macambira, o governador foi recebido pelo prefeito, que com ele circulou pela cidade para mostrar três grandes obras que vem tocando na área urbana. Mas ao final da última visita Queiroz se despediu e disse, secamente, que não poderia acompanhá-lo até o forró de Lyra. “Eu pensei que Queiroz viria”, lamentou Câmara.
Enquanto o prefeito optou pela radicalização no confronto com Lyra, no plano estadual o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) quebrou o gelo com o governador, cumprimentando-o em sua mesa repleta de aliados, entre os quais o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), e o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa (PDT).
Antes dele já havia chegado o senador Humberto Costa, líder do PT no Senado, que circulou bem à vontade no convescote. A ausência do prefeito, assunto mais comentado, já era esperada pelos correligionários do ex-governador, que chegou a ligar pessoalmente para convidá-lo.
“Ele me disse que viria”, chegou a comentar João Lyra após confirmar o telefonema. Há quem diga que o prefeito tenha se ausentado para não contrariar Wolney Queiroz, seu filho, deputado federal, que segundo uma fonte ouvida pelo blogueiro, além de não atender a ligação de João Lyra não teve a delicadeza de retornar a ligação, mostrando que de sua parte o grau de radicalização é maior.
Mesmo assim, Lyra conseguiu fazer uma grande festa, atraindo cerca de 800 convidados, a maioria políticos, que os recebeu ao lado da filha, a deputada estadual Raquel Lyra. Pela desenvoltura do ex-governador, que fez questão de circular ainda por quase todas as mesas, ficou a impressão de que será ele e não a filha o candidato do grupo a prefeito.
MÃO ESTENDIDA– Muito bem à vontade na fazenda de João Lyra, o deputado Tony Gel (PMDB) disse que não foi a primeira vez que ali esteve. “No jantar do seminário Todos por Pernambuco eu também estive aqui”, lembrou o parlamentar, dando a entender que pode discutir uma aliança com o ex-governador. “Tudo é possível na política”, disse Gel, que é pré-candidato a prefeito e se uniria a Lyra com o único objetivo de acabar com a hegemonia de Queiroz.
Quebrando o gelo– Já sem conseguir dissimular desconforto na fazenda de João Lyra, o ministro Armando Monteiro deu um abraço muito rápido no governador e reclamou dos jornalistas. “Não é a primeira vez que estive com Câmara. Na inauguração da Fiat, em Goiana, também nos encontramos”, justificou. Mas foi o próprio Armando que reclamou que o governador não o procurava em Brasília para cuidar dos interesses do Estado depois de afirmar que sua articulação política era falha.
Bateu, levou! – O deputado Aluísio Lessa (PSB) também foi escalado pelo Palácio para rebater o ministro Armando Monteiro, que afirmou que o PSB fez um desajuste nas contas estaduais. “Ele foi desrespeitoso com os 27 governadores e 5,5 mil prefeitos do País, que por causa da desastrosa política econômica do PT estão enfrentando dificuldades e aguardando a boa vontade da equipe econômica para fazer os ajustes fiscais”, afirmou.
Unindo forças – Na tentativa de fortalecer politicamente o Estado na busca do Hub da Latam, o governador Paulo Câmara (PSB) reúne, hoje, toda a bancada federal, às 11 horas, no Salão das Bandeiras do Palácio do Campo das Princesas. Pernambuco tem 25 deputados federais e três senadores, entre os quais Humberto Costa, líder do PT no Senado, que pode ter papel importante pelo trânsito fácil com a presidente Dilma.
O dedo petista– O que se diz em Brasília é que se a decisão da Lan e da Tam, que juntas abrirão uma Hub (central de operações de voos internacionais) no Nordeste, se der no campo da política ganha Fortaleza. “Dilma tende a arrastar a sarda para a sua brasa”, diz uma fonte candanga ao se referir ao fato de o governador do Ceará, Camilo Santana, ser do PT, partido da presidente, tendo sido fiel escudeiro na campanha presidencial.
CURTAS
CAPACITAÇÃO– Secretários, fiscais de obras e consultores de 28 prefeituras do Agreste participam hoje do 1º Ciclo de Capacitação promovido pela Secretaria de Planejamento. As aulas serão ministradas na Universidade Maurício de Nassau, em Caruaru, como forma de o Estado fortalecer as parcerias com os municípios.
BANDIDAGEM- Do líder nas Minorias na Câmara dos Deputados, Bruno Araújo(PSDB), ao endurecer o discurso contra o Governo Dilma: “Mais do que nunca o Brasil precisa de uma organização para se opor a esse grupo de mentirosos e bandidos que tomou o Brasil de assalto”.
Perguntar não ofende: José Queiroz não foi ao forró de João Lyra temendo levar mais um coice?