Gustavo Krause

Gustavo Krause

Livre Pensar

Perfil: Professor Titular da Cadeira de Legislação Tributaria, é ex-ministro de Estado do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, no Governo Fernando Henrique, e da fazenda no Governo Itamar Franco, além de já ter ocupado diversos cargos públicos em Pernambuco, onde já foi prefeito da Capital e Governador do Estado.

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

Como vai o Brasil?

Gustavo Krause, | ter, 18/08/2015 - 16:18
Compartilhar:

Henry Youngman, Judeu inglês (1906-1998), naturalizado americano, foi um violinista famoso e destacado humorista. Fazia rir com piadas inteligentes, intercalando frases curtas, nas suas performances musicais. Uma das mais lembradas: ao sair de casa, recebeu o cumprimento de um amigo que indagou: - Como vai sua esposa?- Comparada com o que? Respondeu.

A propósito, todas as conversas têm, hoje, como tema a situação do Brasil que oscila entre uma rósea visão oficial e um pessimismo assustador das pessoas. Seguindo a lição de Youngman, vamos comparar os indicadores de desempenho das nações no contexto global.

O Índice de Desenvolvimento Humano, criado pelos economistas Amartya Sen  e Mahbub ul Haq, usado pela ONU (PNUD) e que tem como critérios de avaliação: expectativa de vida ao nascer, o acesso ao conhecimento e o PIB per capita. O Brasil ocupa a 79ª posição entre 187 países avaliados.

Índice de Produtividade. Padrão de avaliação: o trabalhador americano. O trabalhador brasileiro alcança 24,1 do mencionado indicador (Conference Board); segundo dados da Universidade da Pensilvânia (1980/2008), o Brasil ocupa 130º lugar entre 151 países pesquisados. A Produtividade Geral dos Fatores é o calcanhar de Aquiles do crescimento sustentado. A média da produtividade brasileira emperrou nos últimos 30 anos. O Nobel de Economia (2008), Paul Krugman, ensina: “A produtividade não é tudo, mas, em longo prazo, é quase tudo”.

Índice de Competitividade (World Economic Forum), intimamente ligado ao de produtividade, utiliza doze critérios de avaliação e mede a capacidade de disputar mercados locais e globais. O Brasil ocupa a 57ª posição (2013/2014) entre 144 países. No item “ineficiência das instituições públicas” o Brasil ocupa a 135ª posição; no item “desperdício de recursos”, a 137ª; e em matéria de “regulamentação estatal”, o Brasil está à frente, apenas, da Venezuela.

Programa Internacional de Avaliação de Alunos da Organização para Cooperação do Desenvolvimento (PISA, trienal: 2010/2012). O programa avalia o desempenho de alunos de 15 anos em matemática, leitura e ciências. Média geral 501; média brasileira 405. Entre 65 países, o Brasil ocupa 58º lugar. Evoluiu, considerando o ano base 2000, porém os demais países evoluíram significativamente. O Brasil investe 25,7 mil dólares nos alunos de 6 a 15 anos; os países da OCDE 83,3 mil dólares.

O Mapa da Violência. Mortes matadas por arma de fogo: 1980/2012, 880 mil mortes (de 8.710 para 42.416) um incremento de 387% no geral e, quando a comparação é especifica em relação à população jovem o aumento é de 463%; a taxa de mortalidade passa de 21,9 mortes para 47, por cem mil habitantes. No período, o crescimento médio anual foi de 6,8% com tendência crescente. Regiões (2002/2012): as maiores taxas de incremento se localizam no nordeste (135%) e no norte (89,19%). A exceção é Pernambuco (-33%) e o sudeste (São Paulo e Rio, -58,7% e -50,3%, respectivamente). Nas capitais, o Recife apresenta uma redução de 50%, atrás de São Paulo e o Rio de Janeiro, o que deve ser creditado ao programa Pacto pela Vida. No contexto internacional o Brasil é o 11% país mais violento do mundo no conjunto de 90 países. São alarmantes os números dos municípios de Simões Filho (BA) com 300 mortes por cem mil habitantes e com mais de duzentas, Lauro de Freitas (BA), Ananindeua (PA), Maceió (AL) e Cabedelo (PB).

Não é de estranhar que o Brasil ofereça o pior retorno do mundo (30 países) em relação aos impostos pagos pelo contribuinte. E agora sofrendo a real ameaça de perder o grau de investimentos (bom pagador) para o de potencial caloteiro.

A lição que fica é a seguinte: as nações prosperaram porque estudaram muito, trabalharam muito, pouparam, investiram muito e as instituições sólidas puniram e punem exemplarmente os delinquentes, em especial, os criminosos de colarinho branco. 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando