Diego Rocha

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Cultura Nerd

Perfil: Publicitário de formação, mestre em Design, entusiasta da Estética. Professor universitário, fashion-geek, zen-gamer e aficcionado por séries de tv, quadrinhos e cinema de ficção.

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Histórias dentro de Histórias

Diego Rocha, | ter, 01/09/2015 - 17:18
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A arte de contar histórias é parte do que faz o ser humano o que ele é. Desde muito antes de serem capazes de escrever ou registrar qualquer tipo de informação ou pensamento, os seres humanos se reuniam e contavam suas histórias. Foi assim na  pre-história, reunidos ao redor das fogueiras, foi assim na antiguidade egípcia registrando nas paredes das pirâmides os hieroglifos que contavam as histórias dos deuses e da volta da morte, foi assim na Grécia antiga, onde sugiram as fábulas (contos que misturam realidade e fantasia para transmitir uma lição de moral). E é sobre uma fábula que falaremos hoje.

O filme em cartaz "O Pequeno Príncipe" traz uma variação muito elegante de estilos de animação. E digo elegante porque ele desenvolve uma linguagem e permite que o expectador se guie e entenda (ou ao menos sinta) as variações da história. Sim, porque essa história é contada em duas frentes distintas: a história do filme e a história confirme é lida pela protagonista do filme... Então NÃO, esse não é um filme que conte a história do Pequeno Príncipe... é um filme que conta a história de uma garotinha que se depara com a história do Príncipe, apaixonado por uma rosa e morador do asteroide B-612.

Quando eu digo que o filme cria uma "linguagem" quero dizer que ele cria regras de uma semântica que fazem sentido para a interpretação. Vejamos detalhes sobre essas técnicas, mas eu prometo não colocar NENHUM SPOILER neste texto sobre a história do filme.

1) Animação computadorizada

(Cena do filme "Os Incríveis" de 2004, um exemplo da animação computadorizada atual da Pixar)

A técnica clássica de sobrepor desenhos em frente à tela, que foi popularizada pelas produções de Disney e modernizada pela aplicação computadorizada.

Da forma como se faz hoje, os personagens são desenhados e transportados para o modelo computadorizado que o interpreta em três dimensões, permitindo que o computador receba os comandos dos movimentos desse personagem e sua interação com o cenário. Dessa forma não é necessário desenhar cada posição intermediária do personagem, mas desenhá-lo (e modelá-lo) uma vez para depois vê-lo ganhar movimento.

2) Animação de recortes

(Personagem Kenny, da série South Park, cuja técnica básica de animação é a de recortes)

Uma técnica não tão comum, se caracteriza por fazer elementos "soltos" se movimentarem na tela.

Essa técnica é muito peculiar e oferece uma grande vantagem: cria uma impressão de profundidade (como você poderá perceber no finalzinho deste texto).

3) Stop Motion

(Making off do filme "A Noiva Cadáver" de 2005, longa metragem em Stop Motion)

Essa técnica, embora muito trabalhosa, apresenta grandes resultados.

Em geral, as animações que utilizam stop motion, ao invés de desenhar quadro a quadro em papel, fotografa quadro a quadro montado com bonecos. Para isso se cria um cenário real (de tamanho reduzido) e se posiciona os bonecos, movimentando-os sutilmente para fazer fotografias que, quando postas em sequência, criam a ilusão de movimento.

Neste filme, entretanto, a delicadeza e o preciosismo dos bonecos impressiona. Eles são construídos com partes de madeira, vestidos com tecido, aplicações de lã e mesmo papel (aparentemente folhas de papel seda), o que lhe dá a transparência e a aparência de movimento especial. Simplesmente incrível!

E caso você esteja se perguntando, aquela imagem lá em cima é uma das cenas do filme que mostra bem a técnica de animação de stop motion com aplicações de papel no cenário e nas camadas de pelos da raposa. E caso você não tenha assistido o filme ainda, veja o trailer abaixo e aceite meu conselho: ASSISTA! De nada!

 

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