Já dado como certo para disputar o cargo de governador de Pernambuco pela Rede Sustentabilidade, o ex-prefeito de Petrolina Julio Lóssio (MDB) desembarcou no Recife, nesta quinta-feira (18), para conversar sobre suas propostas para o Estado com a militância da legenda. Lóssio falou muito sobre educação afirmando que não se pode dizer que Pernambuco possui a melhor educação do Brasil e ainda tocou no tema da violência urbana. O evento aconteceu no auditório do Shopping ETC, no bairro dos Aflitos.
“A classe média do Recife hoje está morrendo de medo dos assaltos. Na década de 90, não tem muito tempo, o Brasil tinha 50 mil presos. Hoje, nós temos 700 mil presos. Em pouco tempo, nós saímos de uma taxa de 50 pessoas presas por cada 100 mil habitantes para 300 pessoas presas por cada 100 mil habitantes. E aí se fala muito em mais polícia. O Pacto pela Vida foi isso, mais polícia, mais arma, mais polícia, tem gente aí defendendo botar arma na mão de todo mundo como se isso fosse resolver o problema”, declarou.
O ex-prefeito pontuou que a questão da violência está ligada com a falta de educação. “Dos nossos presos no Brasil, daqueles que estão presos hoje em regime fechado, 70% não conseguiram concluir o ensino fundamental, então é pensar que se tivessem concluído o ensino fundamental, essas pessoas talvez não estivessem presas. Isso é um dado que nos mostra que precisamos olhar e proteger as nossas crianças desde muito cedo”.
Julio Lóssio também contou que, caso seja eleito governador, uma das ideias é criar a Polícia Rodoviária Estadual para cuidar das fronteiras e criar um agrupamento voltado especificamente para o combate ao tráfico. “Não acredito, por exemplo, que a inteligência da polícia não consiga descobrir o número de traficantes. Não é fácil resolver isso não, mas com esforço e criando as estratégias corretas, eu penso que nós conseguiremos.
Educação em PE
Ele falou que o Estado pode até fazer uma propaganda de que possui um bom ensino médio. “Mas é preciso mergulhar um pouco nos números e ver que os municípios ficam encarregados de cuidar da pré-escola até os 14 anos e os estados ficam responsáveis por três anos: primeiro, segundo e terceiro ano científico. Então, já ficam em uma posição confortável”.
“Todos os anos nós temos em torno de 150 mil crianças matriculadas em cada ano do ensino fundamental, isso vai até o nono ano, mas quando chega no ensino médio, esse número cai para 95 mil no terceiro ano. Está entrando na boca do cano 150 mil pessoas, estão saindo 95 mil, então isso quer dizer que todo ano 55 mil vão sair do sistema. Então, nós não podemos dizer que, de fato, temos o melhor ensino médio do país”, lamentou, também afirmando que esses que foram excluídos formam a “matéria-prima” da violência, da droga e do homicídio.
Lóssio ainda defendeu a federalização da educação. “Se quisermos que o país tenha uma educação boa, ela tem que estar na batuta da presidente da República. Tem que ser o presidente dizer que quer e que vai ajudar. Se é possível criar agência do Banco do Brasil de qualidade em Afrânio e no Recife, a gente precisa federalizar a questão da educação e puxar a responsabilidade da discussão”.