Tópicos | 116ª Festa do Morro

A pandemia não abala a devoção à Nossa Senhora da Conceição, mas modificou a rotina de cerca de 300 voluntários da 116ª Festa do Morro, na Zona Norte do Recife. Em condições opostas, Ananda Duarte comemora a estreia como voluntária na celebração, enquanto Dona Maria José lamenta ter que interromper seus 45 anos de apoio à festa, por conta da Covid-19.

Aos 93 anos, Dona Maria José é natural de Gravatá, no Agreste de Pernambuco, e lembra que ao chegar no Morro da Conceição, em 1975, ainda orava em uma simples capela, que deu lugar ao grandioso santuário. Desde então, a idosa mora ao lado da imagem da Santa e dedica suas conquistas à Virgem Imaculada.

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Incluída no grupo de risco da Covid-19, ela lembra do esforço em prol dos ciclos da padroeira afetiva do Recife e não esconde a frustração de estar longe da festa. Afastada dos trabalhos pela paróquia, Dona Maria tenta participar mesmo à distância e fez da casa um espaço para produzir de luminárias de garrafa pet, usadas no encerramento das homenagens, nesta terça-feira (8).

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Em sua primeira experiência como voluntária, a integrante do grupo jovem da igreja, Ananda Duarte, de 17 anos, ficou responsável por reforçar a proteção sanitária dos fiéis na entrada e na mobilidade interna do santuário.

Envolta em um sentimento de gratidão, a estudante conta que é a única católica da família e garante que o cansaço dos dias de serviço é recompensado com o reconhecimento dos fiéis. Segundo a jovem, o contato com a fé das pessoas é um incentivo para participar da organização da Festa nos próximos anos.

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"Terço a partir de R$ 3, cinco fitas por R$ 1, R$ 5 faço dois calendários e a vela sai por R$ 2", é a proposta oferecida pelo ambulante Edvaldo Neto aos devotos de Nossa Senhora da Conceição. Em meio à crise financeira agravada pela pandemia, o desemprego é atenuado com a venda de artigos religiosos na 116ª Festa do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife. A oportunidade é recebida com a esperança de melhores condições em 2021. 

Em seu primeiro ano de vendas na Festa do Morro, Edvaldo trocou a rotina dentro dos coletivos pelo sol quente dos arredores do santuário. Sem certeza do retorno, investiu apenas R$ 800 e, mesmo com o público reduzido, sentiu potencial para seguir no ramo após o término da celebração. "Graças a Deus as vendas estão boas, pensava que ia ser ruim por causa da pandemia, mas a gente tá vendendo. Eu tô pensando em investir nisso daqui para continuar trabalhando", garantiu.

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Sem emprego formal há três anos, Edvânia Rodrigues divide espaço com outros vendedores de calendário na saída da Imagem. Nos últimos cinco anos, ela alterna os 11 dias da Festa com o marido e consegue vender até 150 calendários nos fins de semana mais movimentados. "Eu nunca ia imaginar que ia tá isso tudo, mas tá ótimo. O pouco com Deus é muito", agradeceu.

Assim como Edvaldo, o objetivo de Edvânia é aproveitar a movimentação de pessoas na visita à Virgem Imaculada. O dinheiro das vendas será investido no próprio negócio, após o abatimento das dívidas de início de ano. "Vou pagar as coisas dos meus quatro filhos e do meu netinho, e vou botar um negocinho para mim de pastel", almeja a moradora do bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife.

Por outro lado, os tradicionais barraqueiros reclamam da proibição deste ano imposta pela Diretoria Executiva de Controle Urbano do Recife (Dircon). "Eu sei que essa doença voltou com toda a carga, mas acontece que a pandemia só é pra gente? A gente podia colocar uma barraca aqui, outra com dois metros, mas ninguém colocou", criticou Nanci Fernandes.

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Ela trabalha na limpeza de uma unidade de saúde e conta que monta seu comércio todos os fins de semana do ano para complementar a renda. Com a restrição da Prefeitura, Nanci precisou alugar um terreno próximo a um dos acessos da igreja para não perder parte do seu rendimento habitual. "Não vai ser como eu vendo todo ano. Tá muito fraquinho, num tá vendendo nada. Tá pingando uma vela, uma água, uma santa" lamentou.

Com as dificuldades já previstas e o gasto fora do esperado, a comerciante conta que até os fornecedores espantaram-se durante as negociações. Em anos anteriores, ela lembra que comprava cerca de R$ 800 em artigos religiosos e, para 2020, adquiriu apenas R$ 257. "Ele chega falou assim, 'Nanci, só vai comprar isso?', eu disse 'claro, que não vou investir numa coisa que não sei como vou pagar'", relatou.

Para quem encerrava a comemoração com cerca de R$ 2.500 no bolso, Nanci faz planos, mas acredita que esse ano será difícil de alcançar o lucro projetado. "Sempre quando chega uma festa, a gente quer comprar uma televisão ou um objeto pra dentro de casa e fazer uma ceia mais reforçada, mas esse ano, infelizmente, não vai acontecer isso", queixou-se.

Em virtude da Covid-19, que já infectou 190.415 pessoas e matou 9.148 em Pernambuco, os administradores do santuário chegaram a enviar um ofício às paróquias da Região Metropolitana do Recife para que não haja romarias. Além da entrada restrita a cerca de 540 fiéis por missa, o acesso só é permitido com máscara de proteção e aferição da temperatura.

Os velários estão fechados ao público, oito pias foram instaladas na área interna e as cinco celebrações diárias são transmitidas simultaneamente no YouTube. Para esta terça (8), nove missas serão dedicadas à Santa.

As celebrações estão marcadas às 0h, 2h, 4h, 6h, 9h, 12h, 14h, 16h e o encerramento às 19h, com o culto presidido pelo arcebispo Metropolitano de Recife e Olinda, Dom Fernando Saburido.

Mesmo com a crise mundial da Covid-19, que acumula mais de um milhão e meio de mortes, a devoção por Nossa Senhora da Conceição atrai milhares de fiéis à Zona Norte do Recife, nesta terça-feira (8). Em celebração pela 116ª Festa do Morro, religiosos mais preocupados com aglomerações anteciparam as homenagens e foram surpreendidos com as normas sanitárias adotadas pelo santuário.

"Tá bem organizado, com muita orientação, mesmo com o fluxo de carros um pouquinho maior. A entrada aqui me surpreendeu, porque eu não esperava que fosse ter álcool e aferição de temperatura", relatou a nutricionista Larissa Amorim, que antecipou a visita à imagem da Santa na sexta-feira (4).

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Moradora do bairro de Parnamirim, também na Zona Norte, desde criança ela renova a fé no dia da Imaculada Conceição. Contudo, a tradição foi rompida pela pandemia neste ano. "Desde que me conheço por gente, venho aqui todos os anos com a família. Na verdade, a gente sempre vem no dia 8, mas com a pandemia, eu vim antes para receber a benção de Nossa Senhora", pontuou Larissa.

A festa da padroeira afetiva do Recife é reconhecida como um dos principais eventos do ciclo religioso do município e recebeu mais de 1,7 milhão de devotos em 2019. "Tenho uma devoção muito grande por ela. Todo ano eu venho pra festa dela e no ano passado, vim no dia dela mesmo, mas com essa pandemia eu vim antes", reforçou a dona de casa Nilza Teixeira, moradora de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana da capital pernambucana.

Apesar de não haver uma alta expectativa de fiéis presentes neste ano, a celebração de encerramento deve unir menos pessoas. Pernambuco está em alerta por conta do aumento dos índices da Covid-19. O estado totaliza 190.415 casos e 9.148 óbitos em decorrência do novo coronavírus.

Ainda que o vírus cause receio, há fiéis que participam pela primeira vez da celebração, como é o caso do empreendedor Wilson Silva. "Sempre acompanho de longe, esse ano resolvi vir. Como eu estou abrindo um pequeno empreendimento, então pedi a proteção dela para que tudo dê certo e prospere", relatou o autônomo, que saiu do bairro da Imbiribeira, na Zona Sul, para dar continuidade à devoção herdada da mãe.

Sem a disponibilidade de uma vacina eficaz contra a doença, a fé na Virgem é o remédio para a alma. "É uma doença que a gente não sabe como tratar. A gente não vê ela. É pelo ar, né? Aí a gente fica com medo [...] tem que se agarrar com a fé de que tudo vai dar certo e a gente vai sair dessa. A gente tem que ter fé", acrescentou Nilza.

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Em virtude da Covid-19, os administradores do santuário chegaram a enviar um ofício às paróquias da Região Metropolitana do Recife (RMR) para que não haja romarias. Além da entrada restrita a cerca de 540 fiéis por missa, o acesso só é permitido com máscara de proteção e aferição da temperatura.

Os velários estão fechados ao público, oito pias foram instaladas na área interna e as cinco celebrações diárias são transmitidas simultaneamente no YouTube. Para o ápice da comemoração, nesta terça, nove missas serão dedicadas à Santa.

As celebrações estão marcadas às 0h, 2h, 4h, 6h, 9h, 12h, 14h, 16h e o culto de encerramento às 19h, presidido pelo arcebispo Metropolitano de Recife e Olinda, Dom Fernando Saburido.

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