O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da primeira quadrissemana de junho confirmou a expectativa de desaceleração da inflação ao longo do mês, mas a grande questão, agora, é saber até onde vai este fôlego. A afirmação foi feita nesta segunda-feira, 9, pelo coordenador do IPC-S e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti. "A dúvida são Alimentação e a combinação de dois preços administrados - energia elétrica e água em São Paulo", disse. O IPC-S da primeira leitura de junho ficou em 0,46%, ante 0,52% na quarta quadrissemana de maio, segundo a FGV.
Os principais vetores a puxar o alívio da inflação foram os grupos Habitação (de 0,68% para 0,56%) e Alimentação (de 0,45% para 0,39%). Picchetti explicou que algumas hortaliças que apresentaram queda na primeira quadrissemana já estão em alta nas pesquisas de ponta (semanais), que trazem um quadro mais atualizado da inflação. E outras, que mostram alta na ponta apresentaram recuo na primeira apuração do mês, o que traz incertezas para o comportamento de Alimentação nas próximas medições. A batata, por exemplo, teve deflação de 19% na primeira quadrissemana mas já tem variação positiva nas pesquisas de ponta. Já o tomate, por sua vez, subiu 11,42%, mas já tem queda na ponta. "O tomate e a batata ilustram bem a volatilidade do grupo", afirmou o coordenador.
##RECOMENDA##Também os administrados, que pesam sobre o grupo Habitação, estão sob um jogo de forças representado pelas tarifas de energia elétrica e de água e esgoto. "De um lado, tem o desconto da água em São Paulo, que vai ajudar, mas ainda não é possível quantificar porque vai depender da adesão dos consumidores. De outro, há novos aumentos de tarifa de energia entrando no índice, que vão impactar nas próximas semanas. Ainda não dá para estimar qual será o saldo líquido", disse. Na primeira quadrissemana de junho, o item tarifa de eletricidade residencial passou de 2,84% no fechamento de maio para 1,92%, e taxa de água e esgoto residencial subiu de 0,29% para 0,42%.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está concedendo, desde o início de fevereiro, desconto de 30% nas tarifas para os clientes que reduzirem em ao menos 20% o seu consumo. A exemplo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a FGV também vai incorporar no cálculo do seu índice de inflação ao consumidor o desconto da Sabesp.
Paulo Picchetti reafirmou sua projeção de que o IPC-S fechará junho com taxa de 0,10%, mas uma eventual revisão após a segunda quadrissemana de junho não está descartada, a depender, justamente, da dinâmica de Alimentação e dos preços administrados. Para o encerramento de 2014, a expectativa é de inflação acumulada em 6,40%. No acumulado de janeiro a maio, o IPC-S atingiu inflação de 3,85%. Nos últimos 12 meses até maio, o indicador da FGV tem taxa de 6,57%.