Tópicos | Adriano Oliveira

Prognósticos eleitorais requerem a compreensão da conjuntura e a construção de cenários. De acordo com a Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal), a economia brasileira deve crescer em torno de 4%. A taxa de inflação, conforme especulações do mercado, tenderá a ficar fora da meta estipulada pelo Banco Central.

É necessário também considerar a conjuntura econômica dos Estados Unidos e da Comunidade Européia. Ambos enfrentam dificuldades nos âmbitos da dívida pública, oferta de emprego reduzido e baixo crescimento econômico. As situações econômicas dos Estados Unidos e da Comunidade Européia afetam o desempenho da economia brasileira.

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No âmbito político, a presidente Dilma sofre ameaças da sua ampla coalizão partidária. O Partido da República (PR), através do senador Alfredo Nascimento, já ameaçou rompimento com o governo. Em alguns instantes, a relação Dilma-PMDB revela-se conflitante. Por conta do corte de gastos anunciados no início do ano, parlamentares ameaçam não colaborar com Dilma no Parlamento – O ato de colaborar deve ser compreendido em diversos sentidos, inclusive no ato de evitar aberturas de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

É importante salientar, o papel fiscalizador da imprensa. São corriqueiros os casos de corrupção trazidos por ela. Estes fatos incentivam a oposição a agir, como também despertam a atenção da opinião pública.

Diante de fatos de corrupção, turbulências no Parlamento e conjuntura econômica desfavorável, a média de aprovação da administração do governo Dilma é de 48% (Datafolha). A média da confiança é de 69,5% (IBOPE). Ambos os percentuais sugerem que Dilma ainda está bem. Entretanto, as conjunturas política e econômica precisam melhorar. Caso não, ela não adentrará 2014 como favorita a reeleição.

 

Manifestações dos eleitores são observadas em momentos eleitorais ou durante o governo do ator político. Eleitores escolhem presidentes. Eleitores passam a confiar em presidentes. As escolhas possibilitam que o presidente governe democraticamente.

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A confiança do eleitor para com o presidente surge durante o exercício do governo. Presidentes que adquirem a confiança do eleitor são presidentes bem avaliados administrativamente. Presidentes bem avaliados podem ser reeleitos.

FHC foi reeleito. Os eleitores avaliavam positivamente a sua administração e confiavam nele. Semelhante fenômeno eleitoral ocorreu com o presidente Lula. Embora, a média de aprovação de FHC, em seus oitos anos de mandato, foi inferior a de Lula – FHC, 30,4%; Lula, 52,26%.

A média de confiança dos eleitores em relação ao presidente Lula foi de 65,8%. No caso de FHC, 45,3%. Em razão dos indicadores “Avaliação da administração” e “Confiança no presidente” afirmo que existiu o lulismo. Entretanto, não posso afirmar que houve o fernandohenriquismo (termo por mim criado!).

Neste instante, reflito quanto à possibilidade de existir o dilmismo. Para tal, é necessário que os percentuais das variáveis “Avaliação da Administração” e “Confiança” sejam próximos aos obtidos por Lula ou superiores.

Considerando as conjunturas econômica e política e vislumbrando o que ocorrerá nos âmbitos político e econômico nos próximos três anos, não acredito que nascerá o dilmismo. Em razão disto, friso que a oposição tem chances de reconquistar a presidência em 2014.

O comportamento dos eleitores sofre mutações. Em razão delas, ciclos eleitorais surgem. Em dado instante, partido X ou ator Y vencem a disputa eleitoral. Em outros, perdem as disputas. Os ciclos eleitorais revelam que o poder não é eterno.

Muitos, e a própria imprensa, apostam em Lula para a disputa presidencial de 2014. Por diversas vezes frisei que Lula não voltará. Desde a chegada de Lula à presidência da República, o PT virou o partido da moda em razão do lulismo. O lulismo é um fenômeno eleitoral visível no eleitorado brasileiro, mais visível na região Nordeste. Por meio do lulismo, candidatos vencem as eleições. Este foi o caso de Dilma. Entretanto, neste instante, tenho dúvidas quanto à influência do lulismo junto à escolha eleitoral dos indivíduos.

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Lula é admirado, mas isto não significa que os eleitores querem ele de volta à presidência. Ou que ele é um forte cabo eleitoral. Líderes podem ser admirados em razão do seu passado. Mas eleitores podem não desejá-los para o futuro.

Lembro, que por muito tempo, o PFL, hoje o DEM, tinha ministérios, secretários de estado e uma grande quantidade de prefeitos. Muitos atores precisavam do PFL para conquistar um mandato. Hoje, nem todos precisam. São os ciclos eleitorais. O lulismo, portanto, não é perene.

Em Pernambuco, desde a vitória de Eduardo Campos, um novo ciclo político surgiu. O PSB é o partido da moda. Todos querem fazer parte do PSB ou serem aliados dele. Em Recife, o PT cresceu em razão da liderança de João Paulo. Porém, o PT hoje depende – eleitoralmente e politicamente –  claramente do PSB ou de Eduardo Campos para manter a prefeitura do Recife e para conquistar o governo do Estado em 2014.

Eduardo Campos avança sobre o eleitorado do PT na Região Metropolitana do Recife (RMR). As Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), o seu estilo, a conquista de adeptos em prefeituras da RMR e a associação com o ex-presidente Lula, possibilitaram que Eduardo conquistasse à opinião pública. As obras viárias anunciadas reforçarão a imagem de Eduardo Campos junto ao eleitor.

Mesmo que a oposição vença a disputa eleitoral em Recife, Eduardo manterá a sua liderança. E, prevejo, que caso um ator oposicionista conquiste a prefeitura do Recife, ele buscará uma aproximação política com o governador.

É claro que o quadro sucessório em Recife não está claro. Surpresas podem ocorrer, pois ainda existem duas dúvidas: 1) Quem será o candidato da oposição? 2) E qual será a escolha de João Paulo? A oposição poderá, caso dado ator vença a disputa, criar uma sombra para a liderança de Eduardo. O retorno de João Paulo a prefeitura poderá trazer problemas para a base de Eduardo na eleição em 2014.

Contudo, neste instante, a conjuntura é caracterizada pelo eduardismo. Todos desejam ser aliado de Eduardo Campos. Prevejo que a forte expectativa (Eduardo Campos forte eleitoralmente) de poder do eduardismo e sua forte influência sobre os atores durará até 2018 em Pernambuco.

Na era Lula, a Polícia Federal brasileira (PF) conquistou a opinião pública por conta da sua atuação. Funcionários públicos foram detidos. Esquemas de corrupção descobertos. A criminalidade organizada endógena, a qual tem origem no estado, foi enfrentada.

Entretanto, no Brasil, as ações das instituições coercitivas têm limites. E as ações da PF tiveram limites. Em pesquisa realizada em parceria com Jorge Zaverucha, comprovei esta assertiva. Em dado instante, na era Lula, a PF recuou no enfrentamento ao crime organizado endógeno.

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Diversas pesquisas de opinião, inclusive uma realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau em 2009, mostram que a Polícia Federal tem credibilidade e é admirada pela opinião pública. Saliento que Lula utilizou as ações da PF em sua retórica para angariar votos.

Presidentes da República são chefes da Polícia federal. Mas a Polícia Federal tem, supostamente, autonomia em relação ao presidente da República. No caso, o diretor-geral da PF não precisa avisar ao presidente sobre determinada operação ou prisão. Do mesmo modo, suspeito que delegados não precisam informar ao Diretor geral as investigações em andamento.

A PF, portanto, tem autonomia em relação ao presidente da República. E delegados têm parcial autonomia em relação aos diretores. Se assim for, a PF realiza investigações de modo autônomo. Portanto, a prisão de A ou de B não é comunicada previamente ao presidente da República.

As prisões realizadas pela Polícia Federal no ministério do Turismo mostram que Dilma não sabia de nada. Foi pega de surpresa – hipótese palatável. Se assim ocorreu, Dilma, mais uma vez, mostrou para a opinião pública que não tolera corrupção em seu governo. Embora, a intolerância tenha limites. Ou seja: alguns atos por parte de atores importantes serão tolerados.

As operações da PF ofertam atributos mercadológicos para Dilma. Por consequência, a sua imagem junto à opinião pública é construída. “Intolerância com a corrupção”, “Doa a quem doer”, “Não admito corrupção no meu governo”, “A Polícia Federal tem autonomia”, “Enfrentaremos os corruptores”.

As frases sugeridas poderão, aos poucos, ser utilizadas por Dilma. E com isto, conquistar eleitores. Dilma tem um oportunidade única para construir a sua marca junto ao eleitor. Qual seja: utilizar as ações da Polícia Federal como instrumento de marketing e consolidação da sua imagem junto à opinião pública.

Fernando Haddad e Marta Suplicy disputam a indicação do PT para disputar a prefeitura de São Paulo. Haddad tem o apoio de Lula e assevera que é o novo. Marta tem o aval de parte do PT e não é o novo. Ambos têm certeza do sucesso eleitoral.

Em minha opinião, Haddad tem mais condições de vencer a disputa em São Paulo. Tenho esta intuição (não tenho argumentos baseados em pesquisas) em razão de que Fernando Haddad representa o novo. É um professor universitário. Contribuiu para a ampliação das universidades públicas. É jovem. Tem o aval de Lula.

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Haddad, e isto é uma hipótese, tem condições de crescer em todos os segmentos econômicos. Ao contrário de Marta, a qual tem forte rejeição nos segmentos A e B
Intuições precisam ser testadas empiricamente. Portanto, recomendo ao PT paulista que realize um Diagnóstico Estratégico para verificar qual candidato é mais competitivo.

O Diagnóstico Estratégico verifica o ânimo do eleitor, constrói e avalia cenários eleitorais, verifica a rejeição, identifica a imagem dos competidores, aborda os aspectos emocionais do eleitor e descobre as demandas da população. Através do cruzamento e avaliação dessas variáveis, é possível prognosticar quanto às chances de sucesso de cada candidato.

Competidores, costumeiramente, e com o aval de publicitários, optam por avaliar numa pesquisa eleitoral apenas a intenção de voto. Para eles, quem “tem mais” é o favorito. Portanto, o melhor candidato para adentrar na disputa. Engano! Pesquisas realizadas neste instante devem ter o objetivo de verificar as potencialidades de cada competidor em variados cenários.

Muitos políticos se decepcionam quando as urnas são abertas. E responsabilizam os institutos de pesquisas. A razão disto ocorrer é o raciocínio falso de que a variável intenção de voto é suficiente para garantir a candidatura de um ator político.

Na disputa de 2012, variados competidores ficarão surpresos com os seus resultados, pois acreditaram na intenção de voto e esqueceram de avaliar as potencialidade da sua candidatura junto ao eleitorado. 

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