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Articular com a política e o eleitorado pernambucano tem sido um passo crucial para a trajetória dos que irão encarar o pleito presidencial em 2022. Não somente aos presidenciáveis, Pernambuco possui um pólo de interesse a muitos parlamentares e equipes que desejam integrar chapas e coligações de peso no país. O estado é marcado por um conservadorismo expressivo, mas que é contraposto por alguns dos movimentos de militância da esquerda mais antigos do país e pelo legado da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que marca gerações e divide a população geral. 

Somente no último semestre de 2021, Pernambuco recebeu visitas de três presidenciáveis, todos da  “terceira via”: os governadores Eduardo Leite e João Doria, ambos recebidos pela colega de partido, a prefeita de Caruaru Raquel Lyra, do PSDB, no Porto Digital do Recife; e o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos), para lançamento de um livro no Shopping RioMar, também no Recife. Além destes, ministros bolsonaristas compareceram à capital pernambucana para cumprimento de agenda e propaganda do governo de Jair Bolsonaro (PL), como foi o caso de Gilson Machado (Turismo) e Marcelo Queiroga (Saúde). 

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Por concentrar zonas eleitorais de peso e um cenário político marcado por figuras vitoriosas tradicionais, Pernambuco possui uma movimentação bem independente diante do restante do país, o que é aproveitável para quem precisa expandir a própria campanha a fim de garantir uma vitória eleitoral.  

O doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Pedro Gustavo Soares, explica como as oligarquias pernambucanas cumprem esse papel de atrativo, em um espaço marcado por sobrenomes — Campos, Arraes, Coelho, Lyra — da capital ao Sertão. 

“Quando falamos de oligarquia, falamos de um campo muito bem sedimentado e que é difícil de desmontar. É necessário um jogo político muito grande. O segundo ponto é que estamos falando de algo enraizado em várias esferas da política, e que vai além da política. Uma oligarquia, quando consegue alcançar determinado poder dentro dessas inúmeras circunferências, é porque ela tem uma história pra contar. Ela tem uma herança. Então, nada melhor do que se alinhar a uma hierarquia, uma vez que exista apoio e domínio poder daquela região. Por essa razão, Pernambuco se torna um estado extremamente querido pelos presidenciáveis. Não apenas por eles, pelos partidos também”, afirma Soares. 

O especialista também destaca a chegada da centro-direita, antes muito movida pelos interesses de grupos expressivos no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a Pernambuco e ao Nordeste, e esclarece que o alinhamento ao conservadorismo é um comportamento padrão desta ala política. 

“Não é porque estamos falando de 2022 e século 21, que todas aquelas questões que desde o início da República são relevantes, vão ser abandonadas. Muito pelo contrário. Quando a gente classifica de 'centro' um perfil político, uma ala da política brasileira, esse centro é histórico. O que a gente percebe é que o centro continua com aquele mesmo comportamento desde quando o Brasil se tornou República. [De tratar] dessas necessidades básicas, que tiram a dignidade do outro. E quando atinge a dignidade, atinge a vida, atinge direitos fundamentais. Essas questões serão fundamentais para a sustentação de um tipo de mobilização política que é feita pelo pelo centro, e que vai continuar”, continua o cientista. 

 Pernambuco pode ser “mural” de realizações políticas 

Além da questão oligárquica, Pernambuco possui outros atrativos no campo do desenvolvimento socioeconômico. Litorâneo, atrai pelo potencial turístico e também logístico, tendo um porto privilegiado geograficamente e útil ao setor industrial. O Recife tem um dos parques tecnológicos mais produtivos do país, o que é o caso do Porto Digital, além das possibilidades para o Sertão, que é alvo de promessas de melhorias que perpassam décadas e que também funciona como palanque eleitoreiro de muitos políticos. 

“Os conglomerados industriais, como as indústrias sediadas em Suape e o estaleiro, a Jeep, o polo médico; no Sertão, a questão da água e a questão agroexportadora, que gira em torno do perímetro de Petrolina; são todos aspectos atraentes para todos os nomes [da disputa eleitoral]. E isso nada mais é do que uma consequência da época do governo Lula. Foram políticas extremamente positivas e preservadas, na época de Eduardo Campos, pelo PSB, porque fez bem, fez com que seus candidatos ganhassem e permanecessem em um palanque político”, diz Soares. 

Governo Lula 

O lulismo ou lulopetismo pode ser considerado o maior obstáculo dos demais pré-candidatos no estado. Não só Pernambuco é a casa do patrono petista, nascido em Caetés, no Agreste, como possui histórico de vitórias com folga nas eleições anteriores. Em 2002, quando foi eleito ao primeiro mandato, o ex-presidente venceu em solo pernambucano com 57.067% dos votos válidos. Em 2006, quando foi reeleito, obteve 78,483% dos votos válidos, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Para Pedro Soares, não há dúvida de que o protagonismo das eleições de 2022, em Pernambuco, ficará por conta de Lula e Bolsonaro. No entanto, acredita que a má condução da gestão bolsonarista, sobretudo na economia, conduzirá o conservador a um fracasso na região com impacto tão grande quanto o que existiu para adversários anteriores. O cientista não vê a terceira via como um ser crescente no cenário local, apesar de reconhecer que Sérgio Moro poderá fazer barulho. 

“Apesar dos números nos mostrarem hoje que Bolsonaro venceu em algumas cidades do Nordeste, como no Recife, a maldade, ignorância e incompetência dele foi tamanha, que eu acredito que Lula volta agora de maneira avassaladora. Por conta da herança e da articulação com políticos que Lula está adequando, ele fará com que sua herança volte de uma maneira que a incompetência de Bolsonaro não vai ter terreno”, continua o cientista político. Soares acredita também que a terceira via será acusada de ter apoiado a “incompetência” do atual presidente. 

E acrescenta: “Se essa coligação de Lula souber tirar proveito das questões positivas do legado que foi deixado no Nordeste à época e permanece, ou que foi destruído pelo atual governo, creio que eles têm uma chance de vitória enorme”. 

Por fim, o Recife volta a ser abordado pelo cientista. A cidade e autodeclarada “capital do Nordeste” garantiu vitória a Bolsonaro contra o petista Fernando Haddad em 2018, apesar do professor ter vencido no estado. À época, Bolsonaro chegou a 43,14% dos votos válidos, enquanto Haddad somou 30,05%. A vitória do atual presidente também se repetiu em outras cidades importantes da Região Metropolitana, como Olinda e Jaboatão, e no Agreste, em Caruaru. 

“Apesar de Recife ser uma cidade extremamente conservadora, racista e patriarcalista, acredito que a pauta econômica foi tão pesada na última eleição e não foi resolvida, pelo contrário, foi um massacre, um desastre do governo Bolsonaro; que será determinante para que Lula vença com sobra”, finalizou. 

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Mesmo já sendo antigo no mundo político partidário, exercendo o seu quarto mandato como deputado estadual, o pré-candidato à Prefeitura do Recife, Alberto Feitosa, tenta se colocar como uma espécie de ‘outsider’, trazendo para o fronte a sua carreira de tenente-coronel da reserva da Polícia Militar de Pernambuco. Reforçar que é um militar da reserva pode ajudar o deputado estadual, bolsonarista declarado, a angariar votos dos eleitores mais voltados à direita, como fez o atual presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).

Uma semelhança do pré-candidato com o líder do Executivo é que, na capital pernambucana, ele deve contar, também, com a população evangélica. Em abril deste ano, após ser expulso do Solidariedade, Feitosa filiou-se ao PSC, partido comandado pela família Ferreira, que tem bastante força dos grupos evangélicos no Estado, já tendo eleito Anderson Ferreira para a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes (que deve concorrer à reeleição), André Ferreira como deputado federal, o patriarca da família, Manoel Ferreira, como deputado estadual, e Fred Ferreira para vereador do Recife. Todos eles estão exercendo o mandato atualmente.

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“O Recife não enxergava essa possibilidade de marchar com uma candidatura mais à direita e mais conservadora. Quando foi mostrado um candidato (à presidência da República) com essa postulação, o recifense reagiu da forma como reagiu (dando uma expressiva votação a Bolsonaro). Além do mais, o combate à corrupção é uma das pautas evidentes de desejo dos recifense”, explica o pré-candidato.

Alberto Feitosa aponta que o governo Bolsonaro está, até agora, sem nenhum escândalo de corrupção, e diferente disso, a Prefeitura da Cidade do Recife e a sua Secretaria de Saúde estão envolvidas em um escândalo por conta de possíveis atos de corrupção com os recursos para combater a Covid-19 no município. 

“Na Prefeitura do Recife teve cinco vezes a visita da Polícia Federal, num momento mais caótico que é pandemia. A gente viu a prefeitura se comportar de uma maneira totalmente indevida”, ressalta Feitosa.

Em entrevista ao LeiaJá, o deputado estadual aproveitou para criticar os também pré-candidatos à Prefeitura do Recife, João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), que figuram bem nas pesquisas de intenção de voto na capital pernambucana e devem disputar com partidos de esquerda que já comandaram a PCR.

“As classes C e D demonstram uma rejeição total a esse tipo de comportamento (corrupto), bem como ao candidato João Campos. A outra não tem nada de diferente de João Campos, Marília é mais do mesmo. Ele é o príncipe e ela é a princesa. Ela é neta da família e não traz nenhuma pauta nova, muito pelo contrário, traz por trás dela o ‘lulopetismo'”, avalia Alberto. 

O Pré-candidato do PSC diz que a esquerda que comandou a Prefeitura da Cidade do Recife nos últimos 20 anos, não fez nada pela cidade. “Você anda pelo Recife e não vê uma pessoa satisfeita. As ruas estão esburacadas, fio pendurado, na pandemia os índices de contaminação por aqui são uns dos maiores do país. Eu não tenho nenhuma dificuldade de defender o governo federal que, mesmo durante a pandemia, está batendo recordes na bolsa de valores e melhorando o nível de avaliação do Brasil”, salienta.

Sem apoio declarado de Bolsonaro

Jair Bolsonaro já falou, em diversas ocasiões, que não vai apoiar nenhuma candidatura no Brasil nesta eleição municipal. Mesmo assim, Alberto Feitosa acredita que isso não vai ser empecilho para atrair os bolsonaristas declarados como ele. “A minha história se confunde com a história do presidente e ela fica bem evidente quando a gente ver as pautas comuns que nós defendemos. Há certos sinais que são tão evidentes quanto a própria declaração”, pontua.

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Desde a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último dia 8, a escancarada polarização política ganhou um novo fôlego no país. Ataques feitos pelo líder petista ao que classifica como 'lado podre', em frente a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, repeliram ainda mais as alas opostas e instigou manifestações de bolsonaristas pelo Brasil, no último fim de semana.

Ao passo que a esperança da esquerda foi renovada - percebida na multidão que esteve Festival Lula Livre, ocorrido no Recife, no último domingo (17) -, a liberdade do ex-presidente também efervesceu a insatisfação dos grupos antipetistas. "Você traz um cenário de turbilhão político que só aquece a polarização. O fato de Lula estar livre, traz esperança a uma série de lulistas, mas ao mesmo tempo traz o desgosto a uma série de antipetistas", destacou o cientista político Caio Souza.

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O estudioso classifica o bolsonarismo como "um movimento de oposição a esquerda que acaba sendo fragilizado pela própria figura do presidente", e acredita que a ala não sai derrotada com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que resultou na soltura de Lula; visto que, o benefício da prisão após o esgotamento de todos os recursos estende-se a todos, inclusive, a aliados deles.

Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

O mau do lulismo

Mesmo inelegível para 2022, sem dúvidas, o retorno de Lula fortalece as intenções da esquerda, à princípio para a retomada de prefeituras. Contudo, o destaque exacerbado da sua imagem atrapalha o processo de construção de novas lideranças. "A exaltação da figura dele, personificando a esquerda em uma pessoa é prejudicial para a própria concepção de esquerda", explicou o especialista; que continuou: "querendo ou não, o Lulismo tem esse mau. Ele causa a dependência de uma figura e uma orfandade de outros nomes que podiam se destacar na esquerda".  

Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Possível êxito de Bolsonaro

Após o atrito com os 'amigos' do PSL, o presidente Jair Bolsonaro decidiu abandonar a sigla e estrear seu próprio partido, batizado de Aliança pelo Brasil. Tal movimentação poderia enfraquecer a força do Governo no Congresso, no entanto, ele foi eleito por ser considerado uma solução contra a corrupção do PT.

Na visão do cientista, mesmo com o microfone aberto para falar "atrocidades", Bolsonaro só será enfraquecido caso os indicadores da economia não avancem. "Assim como Lula tem uma série acusações nas costas e muitas pessoas ainda o aplaudem pelos êxitos sociais que teve. Bolsonaro, por mais que as pessoas não gostem, vão aplaudi-lo se ele tiver êxito econômico", ressaltou.

Agora, resta aguardar os próximos passos dos dois líderes, Jair Bolsonaro e Lula, para observar até que ponto esse aquecimento da polarização seguirá no país e como impactará a política.

<p>Nesta segunda-feira (11), o cientista político Adriano Oliveira aborda no seu podcast dois pontos importantes para o cenário político brasileiro: a criação da base parlamentar que servirá de apoio para a Reforma da Previdência e o atual papel da oposição.</p><p>O analista avalia o trabalho que o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Bolsonaro (PSL) terão para a formatação dos apoiadores para o julgamento da Reforma: Bolsonaro continuará com o discurso de não distribuição de cargos? Outra questão abordada, é o papel da oposição (em suma, lulista), que no momento atual só observa as ações do novo governo.</p><p>O programa Descomplicando a política, além da exibição na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 19h, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras.</p><p>Confira mais uma análise a seguir:</p><p>
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Nesta segunda-feira (3) tem início a XIII Semana de Economia (SEMECO) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O evento será realizado até o dia 5 de dezembro, na instituição de ensino, bairro de Dois Irmãos, e contará com palestras, minicursos e ecogincanas realizadas na Sala de Seminários do Centro de Ensino e Graduação Obra-Escola (CEGOE).

A programação de todos os dias tem início às 18h com credenciamento e terminará às 21h30 com Coffee Break. O valor para participar de todos os dias do evento é de R$ 20 e o pagamento pode ser feito no local do evento a comissão organizadora. Para mais informações sobre o evento, os interessdos podem acessar o site da SEMECO. 

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De acordo com a coordenadora do Departamento de Economia da UFRPE, professora Chiara Araújo, a Semeco chega ao 13º ano de realização com o objetivo de discutir temas atuais no que se refere à política econômica nacional. Ela acrescenta que o evento é aberto ao público, mas tem foco em contemplar economistas e estudantes de economia. “Uma das palestras vai tratar sobre uma trajetória do lulismo ao bolsonarismo, levando em consideração o atual cenário político e da economia brasileira”, destacou a pesquisadora.

O evento foi criado em 2005 por iniciativa de um grupo de alunos do Curso de Economia, com o apoio das Professores, coordenadores e vice-coordenadores do curso no período.

Confira a programação completa do evento:

03/12 - Segunda-feira

18h - Credenciamento

19h - Abertura

19h15 - Apresentação cultural – Coral UFPRE

19h30 - Palestra com Professor Dr. e Cientista Político: Adriano Oliveira (Comentarista da CBN) - “Do lulismo ao bolsonarismo: o que esperar do futuro do Brasil?”

21h - Coffee Break

04/12

17h – Minicurso – Introdução a criptomoedas

18h - EcoGincana

19h40 - Mesa redonda com: Professor Dr. Guerino Edésio da Silva Filho (UFRPE) e Professor Dr. Luiz Flavio Arreguy Maia Filho (UFRPE) - “Uma análise da nossa atual Crise Econômica por aspectos Institucionais e Comportamentais.”

05/12

17h – Minicurso – Introdução a criptomoedas

18h - EcoGincana

19h40 - Palestra com a Professora Dra. Tânia Bacelar (Ceplan) - “Um olhar a partir do Nordeste.”

21h - Encerramento e Coffee Break (Apresentação cultural – Voz e Sanfona (Acústico)

Serviço

XIII Semana de Economia da UFRPE

De 3 a 5 de dezembro

18 às 21h30 | R$ 20

Sala de Seminários, Cegoe - Dois Irmãos, UFRPE

O PT perdeu apoios regionais na eleição presidencial deste ano e isso é inegável, mas e o lulismo, ainda resiste após a derrota do candidato Fernando Haddad (PT)? Especialistas ouvidos pelo LeiaJá apontam que sim, apesar da argumentação constante dos opositores ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segue preso cumprindo pena por corrupção e lavagem de dinheiro, de “extirpar” a força deste segmento do país.

O que mudou, contudo, é o cenário em que o lulismo saiu do auge de conquistar quatro mandatos presidenciais seguidos para o declínio dos escândalos de corrupção e a crise político-econômica instaurada no Brasil - que gerou o movimento antilulismo e antipetista.

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O retrato disso foi visto nas urnas, com a vitória de Jair Bolsonaro na disputa presidencial. Segundo levantamento publicado nesta semana pelo jornal Folha de São Paulo, o PT registrou queda nos votos em todas as regiões do país.

Se comparado a 2014, por exemplo, apenas na região Nordeste o segmento manteve força hegemônica e Haddad conquistou uma votação parecida com a da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), eleita naquele ano, mas, mesmo assim, houve uma perda de eleitores. Para se ter uma ideia, em 2014 o PT recebeu 71,7% dos votos válidos dos nordestinos e com Haddad 69,7%. A leve diferença não é vista nas outras regiões, onde a redução foi de quase dez pontos percentuais.

“O lulismo não foi enterrado em 2018. Existe uma força ainda presente, ainda que não tenha a mesma intensidade. A expressiva votação de Fernando Haddad foi uma votação de apoio ao lulismo. Agora, ao trilhar o caminho da oposição, o lulismo terá que se revisar. Terá que adotar as novas demandas da sociedade, que certamente virão com as reformas empreendidas”, considerou a cientista política Priscila Lapa.

O pensamento da estudiosa foi corroborado pelo professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e cientista político Adriano Oliveira. “O lulismo mostrou força nesta eleição, apesar da derrota, em particular na região nordeste. A diferença [de votos] de Bolsonaro para Fernando Haddad declinou nos últimos dias e a expressiva votação de Haddad não significa que seja, por inteiro, em virtude do lulismo, o candidato tem sua participação. Entretanto, quando olhamos o resultado pela região Norte/Nordeste, observamos que essa região era lulista e continuou a ser”, observou. 

Após a derrota no último domingo, surgiu o debate sobre uma espécie de “luladependência” do partido eleitoralmente. Alguns petistas refutaram a tese e outros admitiram que a ausência física de Lula na disputa teria sido prejudicial. Para Oliveira, o PT transformou-se em um partido dependente do líder-mor. “Existe sim uma ‘luladependência’ do PT e a derrota de Haddad é uma oportunidade para ela terminar. Isso é possível se o PT autorizar Fernando Haddad a liderar a oposição, caso isso não corra e a oposição fique fragmenta, essa ‘luladependência’ vai continuar”, salientou.

O argumento foi contraposto por Priscila Lapa, que viu na ausência física de Lula uma oportunidade de diminuir o tamanho da derrota de Haddad. “A derrota tem a ver com o emblema do combate à corrupção, cuja prisão de Lula é o seu símbolo maior. Tem a ver com o estado da economia, que restringiu conquistas de um público com o qual o PT sempre dialogou. A ausência de Lula no cenário pode, inclusive, ter ajudado a diminuir o tamanho da derrota. A presença física dele na eleição agregaria para o eleitor que já votaria no PT, mas impediria em angariar outros apoios que o PT conquistou ao longo da campanha”, ressaltou.

Um PT opositor e em renovação

Com 45 milhões de votos, Fernando Haddad já deixou claro, logo após a confirmação da derrota eleitoral, que pretendia protagonizar a liderança da oposição ao governo de Bolsonaro pontuando que “um professor não foge à luta”, pedindo coragem aos seus eleitores e já mencionando a disputa de 2022. A incógnita, porém, é se o PT abrirá espaço para o ex-candidato comandar as ações oposicionistas, lugar até agora ocupado com afinco, e ainda que da prisão, pelo próprio Lula.

Na avaliação de Lapa, Haddad se revelou capaz de aglutinar a esquerda. “O PT se fortaleceu em relação a 2014 no número de governadores eleitos e a sua bancada na Câmara foi a maior de 2018. A esquerda como um todo fez uma bancada expressiva, com a qual o presidente eleito precisará estabelecer diálogos. O PT revelou Fernando Haddad como um líder com capacidade de agregar a esquerda. Além do mais, os movimentos sociais certamente buscarão o partido e o partido os buscará num momento de muita repressão aos ativismos”, disse a estudiosa.

Para esta relação mútua com os movimentos sociais de base e outros partidos ser de sucesso, o PT também precisará de uma renovação interna. Já alertada por Fernando Haddad na campanha.

“Todo partido que sai do poder e toma o caminho da oposição ou se renova ou morre. Mas o PT dificilmente morrerá. Ele tem base consolidada em todo o território nacional, está no poder em diversos Estados e deverá, naturalmente, angariar as novas demandas que a sociedade terá nesse novo ciclo político. Com seu líder maior preso, inevitavelmente ele perde essa conexão. Logo, haverá um caminho de se renovar por essas novas forças políticas em atuação”, ponderou Priscila Lapa.

“A questão da auto crítica, explícita, como uma espécie de pedido de desculpas, não vai acontecer. Mas a história está se encarregando de mostrar ao PT que houve muitos equívocos. Mudar é um caminho para a sobrevivência. O tempo vai mostrar”, acrescentou a cientista política.

Um dos pontos essenciais que o partido deve expor para seus adeptos e os demais brasileiros, na ótica de Adriano Oliveira, é que mudou de prática. “É claro que o PT precisa de renovação e ela pode existir com Fernando Haddad, em vista do seu desempenho eleitoral. O PT precisa, de modo mais contundente, de uma nova agenda e colocar para os eleitores que mudou de prática, ou seja, aquilo que ocorreu no passado, em forma de corrupção, não irá mais ocorrer”, argumentou o professor.

O espaço conquistado na eleição

Apesar de ter perdido a disputa pela Presidência da República, o Partido dos Trabalhadores (PT) será a sigla com o comando de mais Estados do país a partir de 2019. A legenda elegeu quatro governadores: Rui Costa na Bahia, Camilo Santana no Ceará, Wellington Dias no Piauí - para o segundo mandato - e Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte, sendo ela a única mulher a conquistar o cargo no país.

Além disso, o PT elegeu 56 deputados ficando com a maior bancada na Câmara Federal, à frente, inclusive, do PSL de Jair Bolsonaro que conquistou 52 cadeiras. Já no Senado, o PT elegeu três nomes: Rogério Carvalho Santos pelo Sergipe, Humberto Costa por Pernambuco e Jaques Wagner pela Bahia.

A divisão política no Brasil tem sido cada vez mais latente e vai além das dependências das Casas Legislativas e dos Poderes Executivos, alcança a sociedade como um todo. O que tem provocado isso, de acordo com um estudo feito pelo Instituto de Pesquisas UNINASSAU que ouviu a opinião de um recorte de eleitores recifenses sobre a conjuntura eleitoral, é segmentação diante do atual quadro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a amostra qualitativa, encomendada pelo LeiaJá em parceria com o Jornal do Commércio, os eleitores ouvidos das classes A, B, C e D que “hoje existem os admiradores do ex-presidente Lula versus os que rejeitam ele”. E, para eles, "esta divisão tem ocasionado muitos conflitos, os quais são prejudiciais ao Brasil".

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“Os eleitores reconhecem a divisão do Brasil. Segundo eles, de um lado, estão os adeptos de Lula. Do outro, os contra Lula. Sugerem que esta divisão é ruim para o futuro do país. E por isto, além da descrença com a classe política, revelam incerteza quanto ao futuro do país”, salientou o cientista político e coordenador da pesquisa, Adriano Oliveira.

Um retrato claro disso pode ser observado no início do mês de abril, quando no dia 5 o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, ordenou a prisão do líder-mor petista para cumprir a pena de 12 anos e um mês pela qual foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 

Durante os três dias posteriores a ordem de Moro, o clima no país era de enfrentamento ideológico, porém não apenas dos militantes do PT, sindicalistas e de movimentos sociais contra integrantes de grupos como o Vem Pra Rua e dos partidos de direita, mas também entre cidadãos que não estão ligados diretamente a política, contudo saíram em defesa ou condenaram o ex-presidente. 

Um homem foi agredido e sofreu traumatismo craniano por se colocar contra Lula, em São Paulo. Já mais recente, nesse sábado (28), o acampamento montado em Curitiba em solidariedade ao ex-presidente foi alvo de tiros e um militante, atingido no pescoço, está em estado grave.

Método da pesquisa

Focado em verificar a opinião dos eleitores sobre o Brasil e a eleição presidencial, o estudo qualitativo feito pelo Instituto de Pesquisas Uninassau ouviu um recorte de três grupos recifenses  das classes A e B (com salários acima de R$ 5 mil), C (entre R$ 2 mil e R$ 4 mil) e D (entre R$ 800 e R$ 1,2 mil). 

A amostra coletou os depoimentos no dia 23 de abril e buscou identificar os sentimentos dos eleitores para com o momento do país.

Segundo Adriano Oliveira, o método qualitativo tem o poder de apresentar os elementos simbólicos que estão na conjuntura. “A pesquisa qualitativa possibilita que as visões de mundo, desejos e crenças dos eleitores sejam identificados e interpretados. O intérprete da pesquisa qualitativa deve decifrar os significados advindos das verbalizações dos indivíduos”, esclareceu. 

Enquanto o PT tenta romper o isolamento político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, líderes dos partidos de centro-direita no Nordeste enfrentam dificuldades em encontrar políticos dispostos a enfrentar o "lulismo" nas eleições majoritárias desse ano.

Esse foi o principal tema de debate nos bastidores do 17.º Fórum Empresarial do Lide, evento que reuniu empresários, presidenciáveis e lideranças políticas em Recife entre quarta-feira e hoje.

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Como acontece desde 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff rompeu com o idealizador do evento, o ex-prefeito João Doria (PSDB), o Fórum não recebeu neste ano políticos do campo da esquerda - a exceção foi o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).

Os dois casos mais emblemáticos - e que preocupam sobretudo o PSDB e o DEM - são justamente os de Pernambuco e Bahia, onde o deputado Bruno Araújo e o prefeito de Salvador, ACM Neto, desistiram de disputar os respectivos governos.

Em Pernambuco, as negociações locais caminham para a formação de um grande palanque estadual encabeçado pelo senador Armando Monteiro (PTB), que é próximo a Lula e faz elogios ao "legado" do ex-presidente no Nordeste. Nas conversas reservadas, tucanos reconhecem que o ex-governador Geraldo Alckmin tem "traços" nas pesquisas internas e não terá palanques sólidos.

"O Nordeste é o ponto forte do PT. Uma candidatura majoritária que não surfa na onda da opinião pública daqui tem um trabalho redobrado. A missão do DEM e de outros partidos de centro para chegar ao Nordeste é combater a guerra da desinformação", disse o deputado Efraim Filho (DEM-PB). Segundo ele, o "lulismo" ainda é muito forte no Nordeste, mas o petismo não. "O petismo está em decadência", afirmou o parlamentar.

Bruno Araújo também reconhece que a força de Lula é muito substancial. "A liderança exercida pelo ex-presidente Lula é um componente que tem influência na montagem do palanque e estratégia de campanha", disse Bruno Araújo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A investida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Nordeste vem causando reações diversas entre aliados e oposicionistas. O reflexo disso pôde ser observado em Pernambuco, na última semana, quando entre afagos e protestos, ele foi recebido para atos no Recife e em Ipojuca, na Região Metropolitana. Sob a ótica de cientistas políticos, a caravana protagonizada por Lula confirma a força e a popularidade dele, apesar da condenação a 9 anos e 6 meses por lavagem de dinheiro e corrupção, além de outras acusações que pesam contra o ex-presidente. 

Na avaliação da doutora em ciência política Priscila Lapa, Lula percebeu no périplo pela região em que politicamente ele é mais benquisto como uma “oportunidade” para reagir aos episódios negativos e refazer sua imagem. “Toda ação tem uma reação. Em política isso é bem evidente. Há muito tempo ele vem sendo alvo de ações negativas, o que é normal diante das acusações, mas agora chegou a hora da reação e ele percebeu [na caravana] esta oportunidade para recuperar sua imagem. Essa agenda dele não é à toa. Ele veio confirmar aquilo que já vinha ensaiando que é candidato até que isso não aconteça, não se viabilize [com a condenação em segunda instância]”, salientou. 

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Para Lapa, mesmo com as acusações da Lava Jato, Lula ainda é visto como “o candidato que representa o grupo de esquerda no país” e, de acordo com a estudiosa, o ex-presidente “veio testar um pouco a sua popularidade” e a tendência é de que “os votos de quem ele já tinha, do público mais cativo, não perca”. “Ele continua extremamente forte. Se fosse apenas Lula o condenado e acusado neste cenário, o eleitor diria que ele errou sozinho, mas não é isso que acontece. Além do mais, ainda é muito forte na memória do eleitor as ações implementadas por ele durante seu governo, por isso ele continua alimentando e tem grandes chances de ser eleito se for candidato e, caso não, de atrair uma boa votação [como cabo eleitoral]”, argumentou. 

A popularidade é um item que vem sendo bastante questionado diante da participação do público nas agendas de Lula. Algumas, como a de Ipojuca para sindicatos da indústria petroleira e naval, são marcadas por um esvaziamento perceptível, o que, em contrapartida, não foi visto na capital, quando aconteceu um ato em defesa da inocência dele e pela democracia no Pátio do Carmo.  

“Não devemos avaliar a vinda dele a partir da quantidade de gente que o acompanhou, isso é importante, mas com a caravana ele consegue o seu objetivo principal: manter vivo o lulismo e sua capacidade de influenciar a decisão dos eleitores. Ele tem feito uma agenda que desperta a atenção da imprensa e da opinião pública”, ressaltou o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e cientista político, Adriano Oliveira. 

“Mesmo com as denúncias e condenação ele continua sendo um político fortíssimo e o lulismo vai estar presente em nas eleições de 2018 com capacidade de levar o PT ao segundo turno”, acrescentou, projetando. Apesar da presença na disputa, Adriano não acredita que o candidato do PT à Presidência será Lula. “Não acredito que ele seja candidato, mas o lulismo estará vivo na hora da escolha do eleitor e ele tanto vai ser cabo eleitoral em Pernambuco quanto no Brasil. Os dois candidatos do PT vão ter chances de chegar ao segundo turno com votos atraídos pelo lulismo”, observou o estudioso. 

Lula iniciou a caravana pelo Nordeste no último dia 17 e segue até o próximo dia 5, quando encerra as agendas no Maranhão. Antes de chegar a Pernambuco, onde cumpriu agenda de quinta (24) a sábado (26), ele passou pela Bahia, Sergipe e Alagoas.

Construir cenários para as eleições é ato necessário para políticos e estrategistas. Os cenários clarificam o futuro e contribuem para orientar as decisões dos atores. Os cenários podem ser construídos através das ações dos atores ou nascem independentes da ação deles. Mesmo que o ator não tenha o “controle” do futuro, ele precisa estar preparado para agir diante dele. Os acasos não podem ser desprezados.

Vislumbro para a próxima eleição presidencial, a disputa entre o Lulismo e o Dorismo. O Lulismo é um fenômeno que já existe. O Dorismo não. Lulismo são manifestações favoráveis ao ex-presidente Lula. Dorismo são manifestações favoráveis à candidatura de João Dória, prefeito de São Paulo, a presidente.  O Lulismo é observado intensamente nas regiões Norte e Nordeste e em diversas classes sociais. O Dorismo nasce no Sudeste e em variadas classes sociais. O Lulismo é passado e presente. O Dorismo é futuro.

O passado do Lulismo existe e está vivo na mente de parte dos eleitores brasileiros em razão do sucesso da era Lula, da falência do governo Dilma, da Lava Jato e das reformas propostas pelo governo Temer. O Dorismo surgirá (ou surge) em virtude da crise de imagem dos políticos reforçada pela Lava Jato, do antipetismo, de sentimentos de antipolítica e da possibilidade do prefeito de São Paulo conquistar popularidade.

O Lulismo sobrevive e readquiriu força em razão da Lava Jato. Inicialmente, o Lulismo perdeu popularidade. Após a divulgação das variadas delações premiadas, parte dos leitores, conforme pesquisas revelam, passou a classificar os políticos como farinha do mesmo saco. Portanto, “se todo político é igual, o Lula fez muito por nós”. Esta é uma verbalização comum entre os eleitores.

A Lava Jato contribui para que o Dorismo surja: “Se todos os políticos são farinha do mesmo saco, o Dória não é”. O Dória é empresário, não está na lista da Odebrecht e bancou a sua própria campanha para prefeito de São Paulo. Não desprezem esta narrativa a qual será ofertada aos eleitores ou surgirá naturalmente. Outra narrativa a ser criada: O Dória fez muito por São Paulo, não é político, é gestor.

O Lulismo depende da Justiça para disputar a eleição presidencial. O Dorismo depende de João Dória e da sabedoria do PSDB. O Lulismo tem cheiro de povo, o Dorismo ainda não. O Lulismo emociona, o Dorismo também. Lulismo e Dorismo têm presença de palco. Quem vencerá, caso esta disputa venha a ocorrer?

O pretexto foi a Transposição. Mas na verdade, o que se viu, ontem, em Monteiro, cidade paraibana que virou um mar de gente vermelha, a cor do PT, foi o reencontro do povo nordestino com o ex- presidente Lula. As manifestações, desde a mais simples com uma foto dele na camisa, traduziram um único objetivo: ver Lula. “A saudade estava grande”, resumiu dona Maria Madalena Freitas, para quem Lula é o patrono nordestino.

E para vê-lo valeu todo tipo de sacrifício, desde levar sol escaldante na cara numa espera de mais de seis horas, que parecia não ter fim, até mesmo arriscar tocá-lo enfrentando o cordão de isolamento feito pela Polícia. Homens e mulheres de todas as idades, crianças no colo e desidratadas pelo sol forte encheram às margens do canal da Transposição, num primeiro momento, e a praça, depois, para ouvir o ídolo.

Não dá para fazer prognósticos quantitativos. Para não errar ou ser acusado de chute, prefiro falar num formigueiro de gente. Uma massa humana compacta, que foi ao delírio quando Lula botou seus pés em Monteiro. "Nem Frei Damião seria capaz de juntar tanta gente", resumiu o agricultor Antônio Oliveira, da longínqua Serrita, em Pernambuco, falando ao celular.

O ato foi convocado em nome da Transposição, que tinha quer ser entregue por Lula e não por Michel Temer, atual presidente. O que se viu na pequena Monteiro, no entanto, foi um verdadeiro desagravo. Os lulistas de carteirinha deixaram transparecer isso nas ruas, com gestos e palavras. No palanque, o desagravo ficou mais latente ainda por parte dos aliados de Lula.

A começar pelo padre da cidade, que chamou Lula de “predestinado”. O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, pediu para a elite bater mais nele. “Quanto mais batem, mas Lula cresce”, afirmou. Entre os artistas, o cantor paraibano Chico César fez uma música especial para a ocasião, levando Lula às lágrimas.

Em toda parte, o sentimento de agradecimento pela água transportada do rio São Francisco estava presente. Em algumas faixas, o Governo da Paraíba deixou claro que o pai da Transposição era Lula e também Dilma. Muitas frases emocionantes traduziram a alegria do povo. “Velho Chico, um rio que agora passa em minha vida”, dizia uma delas, carregadas com muito orgulho por um grupo de jovens.

CARA DE PAU– A ex-presidente Dilma fez um duro discurso em Monteiro classificando seus adversários, especialmente o presidente Temer, de cara de pau por tentarem vender a ideia de que são os verdadeiros responsáveis pela obra da Transposição. “Lula iniciou e eu deixei praticamente pronta, porque este era o nosso compromisso com o Nordeste”, disse. Dilma criticou ainda a proposta da reforma da Previdência encaminhada pelo Governo e disse que estão tentando um segundo golpe, que traduziu pelo esforço de impedir que Lula seja candidato a presidente.

Socialista de coração vermelho– Filiado ao PSB, partido que rompeu com o PT, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, foi tratado como aliado de coração vermelho por Lula, Dilma e os petistas de medalhões presentes ao ato da Transposição. Coutinho afagou o ego de Lula. Depois de chamá-lo de querido companheiro, Coutinho afirmou que quanto mais batem nele mais crescem as suas chances de ser eleito presidente da República. Coutinho chamou o Governo Temer de cínico e afirmou que é voltado para atender aos interesses da elite.

Pouso dificil– Tinha tanta gente, ontem, esperando Lula na beira do canal da Transposição, em Monteiro, que o helicóptero que o conduzia não conseguiu pousar onde estava previamente programado. Depois de duas tentativas, teve que arremeter pousando bem distante. De lá, Lula chegou num ônibus com toda a comitiva sendo aclamado como padrinho da Transposição e pai dos pobres. Muita gente ensaiou ainda a música da primeira campanha presidencial de Lula, com o refrão “Lula lá”.

Já havia vazado – Antes mesmo de a Operação Carne Fraca ser deflagrada pela Polícia Federal, um delator da Lava Jato já havia revelado ao Ministério Público detalhes de uma história que demonstrava como funciona a busca por influência no setor de fiscalização do Ministério da Agricultura. Essa história envolvia o ex-deputado Eduardo Cunha, o doleiro Lucio Funaro e o empresário Joesley Batista. Na última sexta, a Carne Fraca revelou um esquema envolvendo a corrupção de fiscais do ministério que, em troca de propina, liberavam licenças sem realizar a fiscalização adequada nos frigoríficos.

Entrando para ganhar– Na sua fala, ontem, em Monteiro, o ex-presidente Lula foi comedido quando tratou de 2018. Disse que não sabe ainda se será candidato, porque candidaturas só se definem em convenções, que estariam muito longe. Mas afirmou que se vier mesmo a disputar o Palácio do Planalto será eleito. “Seu eu entrar vai ser para ganhar”, afirmou, mandando um recado aos adversários que se tentarem impedir sua candidatura terão que se acertar com o povo.

CURTAS

AGRESSÃO – Tão logo o comício começou, ontem, em Monteiro, os animadores começaram a incitar a plateia a gritar “Abaixo a Rede Globo”, numa crítica à postura da televisão no noticiário da Lava Jato. Os militantes vermelhos agrediram com palavrões todos os veículos de comunicação, inclusive o meu blog.

FATURA ALTA– Nunca os donos de restaurantes, bares e hotéis de Monteiro faturaram tanto com a invasão que se deu na cidade, ontem, em função do ato da Transposição com a presença do ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma. Nas ruas, uma água era vendida a R$ 3 e não dava para ninguém. Refrigerante, R$ 4. Todos os restaurantes acabaram seus estoques de comida.

Perguntar não ofende: Lula fez o maior evento político do Nordeste para mostrar que tem a força do povo?

A derrocada da presidente Dilma Rousseff e a Operação Lava Jato colocam em dúvida a sobrevivência do que se convencionou denominar, entre acadêmicos e especialistas em marketing político-eleitoral, de "lulismo", o legado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu futuro político.

Francisco Malfitani, um dos precursores do marketing político no Brasil, avalia que o "PT está moribundo, mas não morto nas próximas eleições". Para ele, o legado dos dois mandatos de Lula ainda é capaz de fortalecer o partido.

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"Lula, apesar de estar com sua imagem bem arranhada, ainda é a maior liderança individual da política no Brasil", afirma. Essa imagem de líder, porém, só poderia ser mantida se um possível governo do vice-presidente Michel Temer fracassasse, analisa Malfitani. "Se o País voltar a progredir e crescer com Temer, o legado de Lula começa a ficar mais distante e ele pode se enfraquecer. Se o governo Temer fracassar, Lula é candidato favorito em 2018."

Para o filósofo e professor da Unicamp Marcos Nobre, o campo da esquerda deve decidir se Lula é o melhor candidato para 2018. "O lulismo é uma proposta de pacto social e político muito amplo que o Lula fez. Acho que o governo Dilma mostra que uma utilização tecnocrática do 'pemedebismo' não funciona, já que Lula mostra que uma utilização do 'pemedebismo' para fins de bandeiras de esquerda pode funcionar", diz.

Nobre ressalta que, apesar de haver o que ele chama de demonização de Lula e do PT, "Lula continua sendo a figura mais importante da esquerda do País e um líder político para uma enorme parcela da população".

'Cacoetes'

Na avaliação do professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj José Maurício Domingues, não há como a biografia e a popularidade de Lula não terem sido afetadas pelo impeachment de Dilma e pelo que ele chamou de "cacoetes típicos dos políticos tradicionais".

"Lula segue eleitoralmente muito forte, mas o sucesso do fim de seu segundo mandato parece haver embriagado a ele e ao PT. Será preciso mais humildade para dar a volta por cima, mostrando que pretendem modificar práticas políticas, reformar o sistema de verdade e apresentar uma agenda progressista para o País", avalia.

O historiador e professor da USP Lincoln Secco afirma que, com o impedimento de Dilma, "pode ser que o partido se recomponha com um discurso de defesa de suas políticas sociais e dos direitos trabalhistas". Secco lembra que ainda é cedo para responder se Lula pode voltar nas próximas eleições por causa do risco de uma prisão. "Se isso acontecer, ele será percebido como vítima", diz. Segundo o professor, para os mais pobres e menos escolarizados é "tênue" a linha que separa a crítica ao sítio de Atibaia e a compaixão com o operário perseguido.

Na avaliação do marqueteiro Paulo de Tarso Santos, que coordenou as duas primeiras campanhas presidenciais de Lula, em 1989 e 1994, ainda levará alguns anos para o PT se reerguer. "No longo prazo, o partido voltará a ter participação na vida política. Só não sei se volta ao poder." Para ele, o partido deveria se repensar, apoiando-se nas militâncias. "Espero que o PT não seja extinto, porque ele é importantíssimo para o Brasil. O próprio Fernando Henrique Cardoso disse isso." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se não existisse a liberdade de expressão, talvez o lulismo não existisse. Foi através da imprensa que Lula pôde publicizar os seus atos e mostrar o seu carisma, recheado de emoção, para os eleitores. Lula é produto, em parte, do exercício da liberdade de expressão da imprensa.

O PT é também produto da imprensa. O PT ao nascer precisou da imprensa. Através dela, o PT pôde apresentar as suas propostas para a opinião pública. O PT, em razão de Lula, conquistou, por três vezes, a presidência da República. Os méritos e escândalos do PT no exercício da presidência foram divulgados.

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O PT é hoje o partido mais admirado ou citado do Brasil em variadas pesquisas de opinião pública. A admiração, a citação e também a rejeição são provenientes do exercício da liberdade de expressão da imprensa. Então, indago: por que o PT quer regulamentar a imprensa?

Em razão dos méritos do governo FHC e da humildade não declarada do ex-presidente Lula, as transformações socioeconômicas iniciadas por FHC foram continuadas por Lula quando este assumiu a presidência. Em razão de Lula e FHC, o Brasil avançou nos indicadores sociais e econômicos. Hoje, inclusive, são mais pessoas que concluíram o ensino médio e estão no ensino superior.

Os novos indivíduos que melhoraram o seu nível de instrução podem desejar informações sobre a República. Se a imprensa não divulga a informação, já que ela poderá ser controlada, eles irão reclamar. Surveys sobre comportamento revelam que o brasileiro acredita na educação como instrumento de mobilidade social. Portanto, suponho que eles valorizam a liberdade de informação.

O PT cometeu erros com a República. Lula falhou ao não apresentar para os brasileiros um projeto de longo prazo para o Brasil. Por outro lado, reconheço que ambos ampliaram o Bolsa Família, criaram o PROUNI e instituíram instrumentos para o aumento da oferta de crédito. Portanto, o PT e Lula contribuíram para o desenvolvimento do Brasil.

Neste instante, diante de uma presidenta que mostra seriedade com a coisa pública (Com dificuldades) e tenta construir, lentamente, um projeto para o País, o PT não pode ir contra a agenda da opinião pública. Garanto ao PT que a opinião pública deseja liberdade e desenvolvimento socioeconômico.

 

Manifestações dos eleitores são observadas em momentos eleitorais ou durante o governo do ator político. Eleitores escolhem presidentes. Eleitores passam a confiar em presidentes. As escolhas possibilitam que o presidente governe democraticamente.

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A confiança do eleitor para com o presidente surge durante o exercício do governo. Presidentes que adquirem a confiança do eleitor são presidentes bem avaliados administrativamente. Presidentes bem avaliados podem ser reeleitos.

FHC foi reeleito. Os eleitores avaliavam positivamente a sua administração e confiavam nele. Semelhante fenômeno eleitoral ocorreu com o presidente Lula. Embora, a média de aprovação de FHC, em seus oitos anos de mandato, foi inferior a de Lula – FHC, 30,4%; Lula, 52,26%.

A média de confiança dos eleitores em relação ao presidente Lula foi de 65,8%. No caso de FHC, 45,3%. Em razão dos indicadores “Avaliação da administração” e “Confiança no presidente” afirmo que existiu o lulismo. Entretanto, não posso afirmar que houve o fernandohenriquismo (termo por mim criado!).

Neste instante, reflito quanto à possibilidade de existir o dilmismo. Para tal, é necessário que os percentuais das variáveis “Avaliação da Administração” e “Confiança” sejam próximos aos obtidos por Lula ou superiores.

Considerando as conjunturas econômica e política e vislumbrando o que ocorrerá nos âmbitos político e econômico nos próximos três anos, não acredito que nascerá o dilmismo. Em razão disto, friso que a oposição tem chances de reconquistar a presidência em 2014.

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