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O reajuste do salário mínimo para R$ 1.412 causará impacto de R$ 4,33 bilhões nos cofres municipais, aponta levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Em Pernambuco, o impacto será de R$ 295.938.666. Para o presidente Paulo Ziulkoski, o novo mínimo previsto no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2024 agravará ainda mais o quadro fiscal de crise financeira enfrentado.

As prefeituras empregam mais de 6 milhões de pessoas, e delas 2,3 milhões recebem até um salário e meio, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) 2021. Os Municípios pernambucanos possuem 167.916 servidores. E o novo valor deve ser pago a todos os trabalhadores do setor público e privado, aposentados e pensionistas. A CNM aponta que o reajuste impacta, principalmente, os Municípios de pequeno porte.

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Entes menos populosos são os que possuem funcionários com remunerações próximas ao valor do salário mínimo, ou seja, aumento do gasto de pessoal decorrente do reajuste. Minas Gerais, Bahia e Ceará concentram o maior número de servidores municipais que recebem até 1,5 salário mínimo. A soma dos servidores desses três Estados corresponde a 1/3 do total. Já os Estados com a menor concentração de servidores municipais que recebem até 1,5 salário são: Acre, Amapá e Rondônia.

Os reajustes do salário mínimo, entre 2023 e 2023, elevaram os gastos dos Municípios em R$ 38,6 bilhões. Com os encargos trabalhistas, o impacto chega a quase R$ 54 bilhões. “Além do mínimo, as demais elevações das despesas, ocorrem à revelia das prefeituras”, alerta Ziulkoski ao explicar: “as decisões aprovadas em outras esferas de governo têm provocado impacto nos cofres das prefeituras e agravado o quadro fiscal”.

A nova política de valorização do salário mínimo tem como cálculo de reajuste anual do piso nacional foi definida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses, encerrado em novembro do ano anterior, e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) consolidado de dois anos anteriores. O INPC foi de 3,85%, em novembro de 2023, somado ao crescimento do PIB de 2022 ajustado, de 3%. Assim, o mínimo de 2024 terá crescimento de 6,97%.

*Da CNM

O período de seca que atinge a região Norte do País já afeta a navegação do rio Amazonas e pode reduzir a capacidade de transporte por ele em 40% em duas semanas e até 50% até outubro. A estimativa é da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac), que monitora a vazão em três diferentes pontos, tendo identificado queda diária de até 35 centímetros, enquanto a média para este período é de 25. A cobrança do setor é por ações emergenciais, que, segundo o governo, estão sendo estudadas.

A seca é sazonal, sendo observada todos os anos. Neste, porém, teria chegado mais cedo do que o esperado.

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Desde agosto, a Marinha do Brasil decidiu restringir a navegação em rios no Estado do Amazonas, atingindo três pontos: a passagem do Tabocal, a 339 km de Manaus e as enseadas do Rio Madeira Enseada e do Rio Purus com o Rio Solimões.

O medo do setor de navegação é que o próximo afetado será o próprio Rio Amazonas, principal hidrovia da região.

No pior cenário, em função da segurança, não será possível a navegação pelo rio Amazonas. Ocorre que os navios que navegam por ele são os que permitem o escoamento da produção e mantêm o abastecimento da região com insumos básicos para toda a população e para a indústria local. No ano passado, a redução de capacidade de transporte foi, em média, de 40%, contra os 50% estimados para este ano. Os produtos que sofrem mais impacto são os mais pesados, como alimentos (arroz, congelados e resfriados), cimento, metais, cerâmica, porcelanato e fertilizantes.

"Manaus é uma ilha, não tendo produção de itens como alface e arroz. Nós é que levamos os insumos para lá, o ferro, a areia, o cimento. E também tiramos a produção feita lá. E como não estamos conseguindo navegar com o volume de carga normal, já prevemos para duas semanas uma redução de 45% da nossa capacidade de transporte", afirma o diretor-executivo da Abac, Luis Fernando Resano.

A crise atinge a população, podendo refletir em aumento direto do preço dos produtos, pela escassez e por aumento no frete. É impactada, ainda, a Zona Franca de Manaus, que não consegue escoar seus produtos, o que, dependendo da duração da crise, pode causar desabastecimento no mercado no Sul e Sudeste, em especial no "Black Friday".

Setor cobra medidas

Resano diz que, apesar de o problema da estiagem ter sua maior parte fora do controle humano, há iniciativas que podem ser usadas como mitigatórias. Para este momento, afirma ser necessária uma dragagem emergencial na enseada do Rio Madeira no trecho em que alcança o Amazonas. "Aquela área está assoreada, com acúmulo de areia. Precisaria de dragagem para abrir canal para que navios possam navegar próximo da capacidade", diz.

O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) entrou em contato com os ministérios dos Transportes e de Portos e Aeroportos, já que ambos têm iniciativas ligadas ao setor. A pasta de Portos diz que o órgão responsável pela segurança da navegação é a Marinha do Brasil, que indica as possibilidades ou possíveis restrições e a impraticabilidade de percorrer determinados trechos.

"O Ministério de Portos e Aeroportos, juntamente com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), acompanha a situação e está preparado para fazer a intervenção necessária nos trechos possivelmente indicados", afirma a nota.

Tecnologia pode ser aliada

Para Mario Veraldo, CEO da MTM Logix e ex-diretor da Maersk, a saída está na tecnologia somada à "perspicácia estratégica". Ele cita como exemplo as torres de controle da cadeia de suprimentos. "Elas oferecem uma supervisão centralizada de toda a cadeia de suprimentos, permitindo que as empresas monitorem suas remessas, avaliem os níveis de estoque em tempo real e antecipem possíveis interrupções", diz.

Paralelamente às torres de controle, defende sistemas de navegação avançados. "Com os níveis de água do Amazonas mostrando flutuações imprevisíveis, a margem para erros de navegação diminuiu. Esses sistemas de última geração, equipados com dados em tempo real sobre profundidades de água e possíveis obstruções, garantem que os navios naveguem pelos desafiadores terrenos do rio com segurança e eficiência", explica Veraldo.

Outra estratégia apontada por Veraldo é a adoção de embarcações menores. "Embora a tecnologia ofereça uma infinidade de soluções, às vezes, a resposta está em revisitar métodos tradicionais com uma perspectiva renovada", defende. Mesmo com custos maiores, as embarcações menores permitem navegação em situações mais desafiadoras.

Hoje (14) completa 35 anos que o piloto italiano e fundador da Ferrari e da fábrica de automóveis, Enzo Ferrari (1898-1988), morreu de insuficiência renal com 90 anos. Considerado um dos mitos da Fórmula 1 pelos seus carros vermelhos como símbolos de velocidade e potência, Enzo surgiu a Ferrari Spa, uma marca de conversão dos carros de corrida em veículos de rua. Confira a seguir, o processo da marca e o impacto que tem na Fórmula 1. 

Em 1930, com a ajuda de um empréstimo bancário, ele se torna proprietário da área de um estábulo, e no ano seguinte, deixa de pilotar e se dedica somente à marca Scuderia como gestor e preparador. Já em 1943, suas atividades cresceram tanto que ele se mudou para Maranello, onde a marca está até hoje. Quatro anos depois, funda a Ferrari Spa e sua logomarca aparece pela primeira vez em seu modelo 1255. Entre os anos 1940 e 1950, vencer nas pistas de corrida significava mais do que o dinheiro, representava a oportunidade de vender carros de passeio com alto valor e com isso, a estratégia de vendas nas vitórias nas pistas de corrida de Ferrari ocorreu de forma gradativa. 

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Ao convidar os clientes, que eram pessoas ricas, a se sentirem como pilotos também, Enzo vendeu seus primeiros carros apoiados em vitórias como em Le Mans e na Fórmula 1. Em termos de comparação, ele pode ter sido a primeira Tesla a projetar algo além de seus produtos, uma imagem de inovação que na época era performance e estilo. Ferrari deixou um legado dentro e fora das pistas, tornando dois estilos indivisíveis com apenas o logo amarelo com o cavalo negro empinado. Seu primeiro carro foi a Ferrari 125 Sport de 1947, seguida da Ferrari 250, em um Gran Turismo, cuja série seria emblemática em alguns aspectos. 

A polêmica gerou quando recusou a venda da marca de carros de passeio para a Ford, nos anos de 1950 e 1960, que buscava ter as competições como boa imagem de seus carros, mas isso não se realizou. Ferrari protagonizou na pista de Le Mans, um dos maiores duelos, quando a SF enfrentou os GT40 americanos e também queria independência, mas a Ford não daria, então xingou os dirigentes da montadora americana. Enzo confiava que seus carros eram os melhores do mundo e não aceitava a opinião de pessoas diferentes, gerando assim, um conflito que rendeu a criação de um de seus maiores rivais, a Lamborghini.  

Ferrari na Fórmula 1 em 2023 

A marca acredita que o aumento da confiança de Charles Leclerc e Carlos Sainz com o carro é fundamental para ajudar a diminuir a diferença do limite de custo na abordagem de desenvolvimento das equipes em relação à Red Bull na temporada 2023 da F1. O chefe da equipe, Fred Vasseur, disse ao site da Motosport.com que o mais importante para dar o passo final na luta pelas vitórias na temporada é entregar um carro que dê mais confiança aos pilotos, uma vez que ele acredita que os dois não estão conseguindo extrair todo o potencial do carro. 

Representantes do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) dizem ter sido pegos de surpresa pela portaria do Ministério da Fazenda, publicada na semana passada, que zerou a alíquota de importação para compras no exterior de até US$ 50. Segundo o presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho, o setor será prejudicado com a medida.

Um grupo do IDV se reuniu no sábado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy. "Não queremos redução de impostos. Queremos mais isonomia."

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O presidente da Petz, Sérgio Zimerman, que também participou da reunião, disse que o setor trabalha há três anos contra o que considera uma "ilegalidade". Segundo ele, não é justo o varejo brasileiro pagar mais imposto do que quem vem de fora do País. "Não podemos ter medidas que beneficiem apenas quem vem de fora. Saímos daqui otimistas, mas com moderação."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou, nesta segunda-feira (24), que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro não deve atrapalhar a agenda econômica do governo - sobretudo o arcabouço fiscal - no Congresso.

"Acredito que não, porque está tudo tão claro sobre o que aconteceu no dia 8 de janeiro. Ninguém tem dúvida sobre o que aconteceu, da tentativa de se criar no Brasil um ambiente de ruptura institucional. Não resta dúvida de que houve uma tentativa vil de comprometer a democracia brasileira", respondeu.

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A divulgação de imagens de agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em meio a golpistas dentro do Palácio do Planalto culminou com a demissão do ministro do GSI, general Gonçalves Dias.

"Ainda que um ou outro servidor público possa ter errado na condução do processo, de boa fé, a verdade é que a má fé está toda do lado dos derrotados. E isso vai ficar transparente", completou Haddad.

O chão estala quando Guillermo Cuitino atravessa as terras secas que deveriam estar verdes e exuberantes nesta época do ano. Ele pega um pé de soja e facilmente pulveriza suas folhas com as mãos. "A seca este ano foi extrema", disse o engenheiro agrônomo esta semana, na fazenda onde trabalha em Urquiza, uma cidade a cerca de 230 quilômetros de Buenos Aires.

Cuitino normalmente tem uma política de não caminhar sobre terra cultivada, mas está tudo tão seco agora que não há absolutamente nada para danificar: nem as ervas daninhas estão crescendo. Essa cena se repete em fazendas por toda a Argentina, onde a colheita deveria estar a todo vapor, mas que foram arruinadas por meses de tempo seco.

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Os agricultores estão lutando para sobreviver, e uma queda brusca na expectativa de receita com exportação de produtos agrícolas será um duro golpe para a instável economia argentina. "Esta seca não tem precedentes", disse o agricultor Martín Sturla, de pé no meio de seus campos empoeirados na vizinha San Antonio de Areco.

"É dantesco. Ninguém nunca viu nada assim."

A situação é especialmente desastrosa porque a Argentina já vinha sofrendo com dois anos de clima excepcionalmente seco. "Os últimos dois anos foram ruins, mas sempre tivemos algumas chuvas que nos permitiram sobreviver", diz Cuitino. Até os especialistas estão tendo dificuldade em se adaptar à crise.

"Não há palavras para descrever o impacto de um ano agrícola marcado por recordes históricos: escassez de chuva no verão pelo terceiro ano consecutivo, ondas de calor que persistem até meados de março, e geadas que chegaram até outubro de 2022 e já em fevereiro de 2023", segundo um relatório recente da Junta Comercial de Rosário, que reduziu drasticamente as estimativas para a colheita deste ano. "As condições das plantações, animais e recursos naturais deterioram a cada semana, e nos deixaram à beira do inverno com uma tempestade de prejuízos."

Em seu último relatório semanal, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires informou que a produção de soja deste ano será de aproximadamente 25 milhões de toneladas, uma queda de 44% em relação à média dos últimos cinco ciclos. A produção total de trigo, por sua vez, está prevista para 36 milhões de toneladas, uma queda de 31% em relação ao ano anterior.

Safras foram perdidas

Osvaldo Bo sentiu isso na própria pele em sua fazenda, em Urquiza. "Perdemos 90%", disse Bo, enquanto mostrava uma plantação seca de milho. "Nunca vi uma seca como esta, porque já houve secas em que não havia soja, grão, mas havia trigo e milho. Agora, porém, todas as safras foram perdidas."

Levando em conta as safras de soja, trigo e milho, que compõem 87% da produção de grãos da Argentina, o prejuízo chega a um total aproximado de US$14,4 bilhões (R$75,5 bilhões), segundo a Junta Comercial de Rosário.

Os Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola informaram recentemente em um relatório que as condições atuais levarão a quase US$20,5 bilhões (R$107,5 bilhões) de prejuízo nas exportações. Embora muitos tenham se apressado em culpar o aquecimento global pela seca, os especialistas dizem que não é tão simples.

La Niña

"Por enquanto, não temos indícios de que se trata de mudança climática", diz Anna Sörensson, pesquisadora de mudanças climáticas no instituto de pesquisa CONICET, financiado pelo governo. "Pelo contrário, vemos que a precipitação aumentou em razão das mudanças climáticas."

Ela acrescenta que há "grande certeza" de que a atual seca tenha sido gerada pela condição climática conhecida como La Niña, que envolve um resfriamento do Pacífico central, levando a mudanças no clima de todo o mundo. O fenômeno durou muito mais do que o normal desta vez. Mesmo não sendo diretamente responsáveis pela seca, as mudanças climáticas ainda desempenham um papel, segundo a cientista.

"O que acontece em razão das mudanças climáticas é que as ondas de calor se tornam mais frequentes e mais intensas", disse Sörensson.

Segundo ela, isso significa que "o solo seca mais rapidamente".

A Argentina sofreu com o verão mais quente desde 1961, de acordo com o Serviço Meteorológico Nacional. Na capital, os moradores enfrentaram o verão mais quente desde o começo dos registros, em 1906.

Os agricultores estão tentando descobrir como seguir em frente. "Já fiz algumas projeções e não tenho dinheiro para pagar as contas do ano e plantar novamente", diz Jorge Bianciotto, que administra a fazenda onde Cuitino trabalha.

"Perdemos muito capital de giro, então o que estou fazendo agora é procurar financiamento para cobrir o buraco financeiro, solicitando crédito na esperança de que o próximo ano seja melhor", disse Bianciotto.

"A gente sempre acredita que o que está por vir é melhor do que o que já passou." (Com Daniel Politi)

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O mês de março marca um período de preocupação para os barraqueiros de praia no litoral do Grande Recife. Antecedendo a baixa temporada, que se inicia em abril e vai até julho, em virtude das chuvas de outono-inverno, março também foi cenário de incidentes com tubarões nas praias urbanas da metrópole e que repercutiram a nível nacional.

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Com os banhistas locais e estrangeiros receosos de voltar ao mar da região, mesmo em áreas sem registros de ataques, comerciantes expressam medo de que seus negócios fechem, após semanas já difíceis e com atendimento expressivamente reduzido.

O primeiro incidente do ano ocorreu na praia Del Chifre, que pertence ao bairro do Varadouro, em Olinda. O trecho, que foi uma promessa turística entre duas e três décadas atrás, atualmente é um pedaço abandonado entre Olinda e Recife, sem suporte para receber turistas, com acesso limitado e bastante lixo. Além disso, é famoso pelo mar aberto, correntes fortes e principalmente pela presença de tubarões. 

As áreas mais afetadas 

Desconhecida por muitos, Del Chifre tem 2,3 quilômetros e começa na altura do Parque Memorial, mas termina na Praia dos Milagres. A praia em si não costuma receber banhistas, nem barraqueiros ou vendedores ambulantes. É ali do lado, no pequeno trecho de areia dos Milagres, após a Ilha do Maruim (comunidade que cerca Del Chifre), onde está o comércio da praia, que costuma receber cerca de 100 vendedores ambulantes aos finais de semana. 

Desde o ataque, em 20 de fevereiro, o movimento caiu consideravelmente. Durante a visita do LeiaJá ao local, havia apenas um barraqueiro com bar aberto na prainha dos Milagres. Geraldo, que é cadeirante, cuida do negócio da família há quatro anos, mas o estabelecimento existe ali há mais de uma década. 

Segundo ele, tem sido difícil pagar as contas e também foi preciso reduzir o número de ajudantes, já que os garçons e garçonetes recebem por diária trabalhada e, ultimamente, não tem sido possível tirar do negócio nem mesmo o dinheiro para pagar a mão de obra necessária para subir e descer a carga do bar diariamente.

“O movimento caiu uns 60%. Tem mais ninguém, a turma está com medo de tomar banho de mar. O prefeito não coloca uma rede de proteção, não faz nada, o governo também não colocou equipe aqui. A população de tubarão vai crescer por aqui e se expandir, em vez de ficar em um canto só. Eles não têm mais alimentação, o manguezal daqui acabou. O pessoal vai entrar e ser atacado”, disse o comerciante Geraldo Gonçalves, de 44 anos, que trabalhava ao lado da mulher, Josi, e do garçom e amigo, Márcio. 

O autônomo continuou: “Essa é minha única fonte de renda. Durante a semana, a gente coloca umas 20 mesas aqui, hoje só tem três e não adianta colocar tudo pra enfeitar, chamar atenção, porque dá trabalho para arrumar de volta. Sou cadeirante, não coloco nada sozinho”.

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De todas as praias do Grande Recife, a mais impactada pelos incidentes com tubarão, não apenas esse ano, é a de Piedade. O trecho da Igrejinha já ganhou a alcunha há muitas décadas, mas o segundo ataque registrado em Jaboatão dos Guararapes este ano ocorreu a poucos metros do ponto turístico, em uma área antes considerada segura para banho. Assim, a faixa litorânea do município vai ficando cada vez mais reduzida e os banhistas, sem opções. 

“Eu nunca vi a praia nessas condições. A cada vez que acontece um ataque, não tem movimento na praia e a gente depende disso. Pra eu armar o bar, tenho que ter dois homens pra puxar o material. Sem dinheiro, não pago a eles. A tendência é fechar o bar. O garçom que vem trabalhar quer receber, porque eles vêm buscar a diária e levam pra casa, pro filho poder comer. E eu dependo disso aqui pra comer também. Se não houver gente no bar, como eu vou conseguir armar e pagar funcionário? Eu não quero bolsa, esmola, auxílio, nada. Eu quero trabalhar”, desabafou a comerciante Marli Gonçalves, de 58 anos, barraqueira na Igrejinha há 17 anos. 

Na área, há 61 barraqueiros registrados pelo município. No dia da visita do LeiaJá, apenas três estavam lá, com dois clientes na areia, um em cada uma das duas barracas à esquerda. No estabelecimento mais distante, não havia movimentação. 

A Igrejinha é o trecho com o maior histórico de incidentes com tubarão em todo o estado: desde 1992, quando o monitoramento do Governo de Pernambuco foi iniciado, um em cada cinco incidentes registrados no estado aconteceram lá.  

Desde 2021, o lugar está proibido para banho, por ordem decretada no município. A decisão foi do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) e da prefeitura de Jaboatão, e foi publicada, à época, no Diário Municipal Oficial. 

A interdição abrange uma área de 2,2 quilômetros, que vai desde a Igrejinha de Piedade até o Hotel Barramares, localizado ao lado do Hospital da Aeronáutica do Recife, no limite com a capital pernambucana, onde começa a praia de Boa Viagem. A reportagem também visitou as praias de Boa Viagem e Pina para acompanhar o impacto dos incidentes na praia vizinha. 

“A partir da terça-feira [um dia após o último ataque em Piedade] a gente já viu a queda do movimento. Durante a semana, decaiu mais. A gente liga a televisão e só ouve falar em ataques de tubarão, a prefeitura está passando com uns panfletos avisando sobre as normas e cuidados, porém, mesmo que o ataque não tenha sido aqui, a gente não tem nenhum apoio. Os clientes chegam e perguntam 'e aí, como está a situação, pode entrar', e a gente faz as orientações com base na maré do dia”, informa a comerciante Suellen Patrícia, de 38 anos, que trabalha na altura do Acaiaca. 

LeiaJá também 

- - > ‘Após incidentes com tubarão, fiscalização sobe nas praias’ 

A derrocada dos papéis das Lojas Americanas na Bolsa de Valores não afetou apenas quem investe na companhia. A queda histórica no valor da empresa prejudicou, por tabela, os investidores de um dos fundos mais conservadores do Nubank, que registrou perdas nos últimos dias. Fundos de outras gestoras que tinham recursos aplicados nas Americanas e seus investidores também tiveram perdas.

Com aplicação a partir de R$ 1, o Nu Reserva Imediata tinha quase 1% do seu patrimônio aplicado em debêntures da Lojas Americanas e da B2W em setembro do ano passado, de acordo com o último dado disponível. O fundo tem um patrimônio de quase R$ 2,6 bilhões e é vendido como um produto de baixo risco dentro da ferramenta "caixinha" (espécie de poupança oferecida pela fintech). Os papéis da Americanas, por sua vez, também eram considerados de baixo risco por agências de rating.

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Ao todo, o Nu Reserva Imediata tem 18,61% do patrimônio aplicado em debêntures.

Entre quinta-feira (12) e sexta-feira (13), na esteira da perda de valor do papel da companhia na Bolsa, o valor da cota do fundo registrou queda. Caiu de R$ 1,147577 para R$ 1,138968, de acordo com dados compilados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

O recuo fez com que o fundo passasse a ter um desempenho abaixo do CDI, o referencial perseguido. Nos seis últimos meses o Nu Reserva Imediata tem ganhos de 6,4%, enquanto o CDI tem alta de 6,69%. Até o dia 12, porém, os ganhos do Nu Reserva em seis meses eram de 7,39%, enquanto o do CDI de 6,63%.

A rentabilidade negativa do produto provocou uma enxurrada de reclamações nas redes sociais, com os investidores questionando a perda com o fundo.

Procurado, o Nubank afirmou que cerca de 10% das "caixinhas" existentes têm recursos no Nu Reserva Imediata, que é uma das opções de fundo, com alta liquidez, baixo risco (grau de investimento), e que busca rentabilidade acima do CDI ao longo do tempo. " O impacto de rentabilidade nesse fundo específico, causado pelo evento atípico de mercado, tende a ser amenizado ao longo do tempo pela estratégia de gestão do fundo", disse em nota. Acrescentou que, "na experiência oferecida para as Caixinhas, o Nubank oferece diferentes opções de investimentos aos clientes, de acordo com seus objetivos, o questionário de adequação do perfil de risco do cliente e aceite do termo de adesão".

A gestora de fundos de investimentos do Nubank, a Nu Asset Management, por sua vez, afirmou que o "fundo de renda fixa 'Nu Reserva Imediata' possui estratégia desenhada para ser uma opção de baixo risco e altíssima liquidez, e busca performance acima do CDI ao longo do tempo". Destacou ainda que o fundo de tem grau de investimento, "possui rentabilidade nominal positiva de 2,72% nos últimos 90 dias, e segue trajetória de rentabilidade de longo prazo, apoiada pela diversificação de investimentos".

A gestora acrescentou que "a pequena parcela de investimento em debêntures das Lojas Americanas, historicamente avaliada como Triple A por diferentes casas de rating, já foi revista".

Os protestos antidemocráticos que impedem o tráfego em rodovias de todo o País já causam prejuízo para pacientes que precisam se deslocar para consultas, exames e tratamentos de alta complexidade, como cirurgias oncológicas, quimioterapia e hemodiálise. Há relatos de doentes que, por causa dos bloqueios, perderam atendimentos que demoraram meses para conseguir agendar.

As manifestações atrapalham ainda a entrega de medicamentos e insumos para hospitais, laboratórios e clínicas, que já observam queda nos estoques, além de dificultar a chegada de profissionais da saúde aos seus locais de trabalho.

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No município de Taquara (RS), na Região Metropolitana de Porto Alegre, ao menos cinco pacientes com câncer perderam atendimentos por ficarem presos na estrada. "Uma paciente perdeu uma cirurgia ginecológica (oncológica), os outros pacientes perderam consultas. A maioria era primeira consulta, que são reguladas pelos municípios de origem e que os pacientes geralmente levam muitos meses para conseguir", contou Vitória Silva, que trabalha no setor de regulação de um hospital que atende SUS no município e é referência em oncologia para cidades da região.

"Essas consultas são super importantes para que eles possam iniciar o tratamento", disse ela ao jornal O Estado de S. Paulo.

Vitória conta que alguns médicos estenderam seus plantões até mais tarde para conseguir atender outros pacientes que se atrasaram horas por causa dos bloqueios.

Crianças com câncer perdem sessões de quimioterapia

Em Florianópolis, crianças com câncer perderam sessões de quimioterapia por ficarem presas nas estradas de Santa Catarina, um dos Estados mais afetados pelas manifestações antidemocráticas. Segundo relato feito pela oncologista pediátrica Amanda Ibagy nas redes sociais, as crianças não conseguiram chegar a tempo na segunda-feira (31), e só puderam comparecer nesta terça (1º) ao "provarem" para os manifestantes que tinham câncer.

"Hoje (terça-feira) elas conseguiram (chegar), mas tiveram que sair muito cedo, ficaram presas nos bloqueios. Só deixaram passar porque elas tinham uma cartinha nossa, dizendo que elas têm câncer. Uma inclusive teve que tirar a touquinha para mostrar que a criança era careca. Isso tudo é muito triste porque, além de ter que lidar com a dor dos procedimentos, ainda tem essa incerteza se vão chegar ou não para o tratamento da criança", disse a médica, em sua página no Instagram.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, a médica contou que o paciente que mostrou a careca para conseguir autorização para passar no bloqueio é um menino de quatro anos que enfrenta uma leucemia. De acordo com a oncologista, a família mora em Lages, na Serra Catarinense, e saiu às 2 horas da madrugada de casa para conseguir chegar na manhã desta terça em Florianópolis. Foram seis horas na estrada em um trajeto que costuma demorar pouco mais de três horas.

"As mães entravam em contato com a gente desesperadas pedindo uma carta para provar que as crianças estavam indo para tratamento oncológico. Os pacientes que estavam em carros de secretarias da saúde até conseguiam passar, mas as que estavam com carro particular tinham dificuldade", relatou Amanda.

Uma das mães de paciente pediu que a equipe médica enviasse o documento detalhado para ela reconhecer a autenticidade em cartório para mostrar aos manifestantes e à Polícia Rodoviária Federal nos dias das próximas sessões de quimioterapia.

Ainda em Santa Catarina, a Prefeitura de Navegantes informou que profissionais da saúde não estavam conseguindo chegar aos postos de saúde. Ao menos três Unidades Básicas da Saúde (UBS) do município estavam sem médico na manhã desta terça.

Atraso em insumos para tratamento de leucemia

Em São Paulo, os pais de Clara, de 2 anos, que faz tratamento contra uma leucemia, sofrem com o atraso dos insumos para o medicamento quimioterápico que a menina precisa tomar todos os dias. O estoque que os pais tinham terminou nesta terça-feira e uma nova quantidade do medicamento foi solicitada pelo hospital que atende a criança na semana passada, com entrega prevista para segunda, 31, o que não se concretizou por causa das paralisações.

"A empresa transportadora disse que não tem previsão de quando vai conseguir entregar", conta a mãe de Clara, a enfermeira Marina Martins Ondei, de 36 anos.

Sem o remédio, a família conseguiu com outro hospital a doação de comprimidos para mais três dias e não sabe como dará continuidade ao tratamento caso o abastecimento não seja normalizado até a próxima sexta-feira. "Esses bloqueios insanos não vão prejudicar apenas minha filha, mas várias crianças que precisam chegar a outras cidades para fazer seus tratamentos. Isso é muito grave", disse ela.

O Hospital de Amor (antigo Hospital do Câncer de Barretos), no interior de São Paulo, informou que as paralisações já afetam o setor de suprimentos da unidade, que "deixou de receber mantimentos alimentícios, exigindo uma readequação no cardápio, mas não ocasionando danos aos pacientes, acompanhantes e colaboradores".

De acordo com o hospital, pacientes tiveram dificuldades para retornarem para suas cidades de origem, pois o transporte precisou ser remarcado devido aos bloqueios.

Pacientes em tratamento renal também estão sendo prejudicados. De acordo com a Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), "estoques de insumos e medicamentos para o tratamento de doentes renais já começam a ficar em estágio crítico e pacientes relatam dificuldade em chegar às clínicas em algumas cidades". A entidade destaca que cerca de 150 mil brasileiros dependem da diálise realizada três vezes por semana para sobreviver.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) também manifestou preocupação diante dos bloqueios. De acordo com a entidade, "laboratórios de medicina diagnóstica de todas as regiões brasileiras já registram dificuldades em relação ao transporte e abastecimento de insumos, como reagentes e contrastes, e até mesmo de amostras coletadas dos pacientes para processamento de exames".

No Pará, população ribeirinha perde cirurgias

No Estado do Pará, pacientes com cirurgias agendadas em um hospital do município de Belterra não compareceram por causa dos bloqueios. Graças a uma iniciativa da ONG Zoé, a unidade de saúde abriu uma agenda excepcional de cirurgias, exames e consultas nesta semana para atender a população ribeirinha de povoados do entorno. A expedição organizada pela ONG reuniu 30 profissionais da saúde, entre eles mais de 20 médicos, para atender a população gratuitamente.

"Estamos fazendo cirurgia laparoscópica e aberta, colonoscopia, endoscopia, ultrassom, clínica médica e dermatologia. Mas eles (manifestantes) fecharam a BR, então há uma dificuldade de locomoção e essas pessoas acabaram prejudicadas e não conseguiram chegar ao hospital. Algumas especialidades estão tendo uma ociosidade até. O que a gente traz é algo que eles não têm no dia a dia, então isso (bloqueios) gera um prejuízo para a população. É uma pena", disse Marcelo Averbach, cirurgião, colonoscopista e cofundador da ONG Zoé.

"Em termos do direito de ir e vir, não podemos deixar que a saúde, que é um direito universal, seja prejudicado", afirmou o endoscopista Marco Aurélio D'Assunção, também fundador da ONG e outro médico que integra a expedição.

A proposta da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de criar uma regra de correção do salário mínimo acima da inflação com base na média do Produto Interno Bruto (PIB) dos últimos cinco anos permitiria um ganho real de 1,3% da renda do trabalhador em 2023. O custo adicional ficaria em torno de R$ 6,2 bilhões.

Hoje, o valor do salário mínimo está em R$ 1.212. No projeto de Orçamento, o salário mínimo previsto a partir de janeiro de 2023 é estipulado em R$ 1.302, com base na correção apenas da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Mas o valor pode ser mais baixo, se o INPC fechado do ano for menor, como previu o Ministério da Economia a poucas semanas do envio do projeto de Orçamento ao Congresso, no final de agosto.

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A simulação de aumento real proposto pela equipe de Lula leva em conta uma previsão de expansão da economia mais otimista, de 3% neste ano. A partir de 2024, seria aplicada a nova política de valorização do salário mínimo, com o novo arcabouço fiscal também em discussão, para revogar o teto de gastos (a âncora fiscal que atrela as despesas à variação da inflação). Outro ponto relevante em discussão é se a correção do mínimo valeria o ano todo ou, por exemplo, a partir de 1.° de maio, Dia do Trabalhador, o que diminuiria o seu custo.

Uma das possibilidades é conceder um reajuste maior, de 2%, o que teria um custo de R$ 10 bilhões se valesse o ano todo. Como o cobertor é curto para 2023 e já há uma série de despesas contratadas para o ano que vem que não cabem no Orçamento do jeito que foi feito, alguns economistas do partido avaliam que a promessa de Lula tem de ser cumprida de forma gradual. Se o aumento real de 2% fosse dado a partir de 1.º de maio, por exemplo, o custo ficaria em torno de R$ 6 bilhões.

Nos últimos anos, o salário mínimo tem sido corrigido apenas pela inflação do ano anterior. A última vez que o piso nacional foi reajustado acima da inflação foi no início de 2019, em um decreto assinado por Bolsonaro no primeiro ano do seu governo. A fórmula de correção seguia até então uma política de valorização aprovada pelo Congresso ainda no governo Dilma Rousseff.

A valorização do salário mínimo é central na agenda econômica do ex-presidente Lula, que em debate na campanha destacou que a política de maior distribuição de renda adotada no seu governo não foi via somente o programa Bolsa Família, mas também sustentada pela correção do valor do mínimo acima da inflação, que teria, na visão de economistas do partido, sido mais preponderante para inclusão social e de renda do que o programa.

Resistência

Entre os economistas, há resistência à correção do salário mínimo acima da produtividade do trabalho. No mercado financeiro, a política para o mínimo é acompanhada com lupa por causa do forte impacto nas contas públicas. No Congresso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), encampou a proposta de desvincular e desindexar as despesas do Orçamento, o que acabaria tendo impacto na política para o salário mínimo ao retirar, por exemplo, a exigência de que benefícios sociais e previdenciários estejam atrelados ao piso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a largada para o segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou, nessa terça-feira (4), a promessa de conceder o 13.º a mulheres chefes de família que recebem o Auxílio Brasil em 2023 caso reeleito - sem dizer, porém, de onde sairiam os recursos. Com isso, as promessas eleitorais do presidente - parte delas sem a garantia de recursos no Orçamento - já somam R$ 158,6 bilhões.

Depois de prometer a manutenção do Auxílio em R$ 600, correção da tabela do Imposto de Renda, reajuste salarial para os servidores e prorrogação da desoneração dos tributos federais sobre combustíveis, Bolsonaro aposta agora em novas "bondades" nos benefícios sociais para derrotar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Na segunda-feira, ele já havia anunciado a antecipação do pagamento do Auxílio em outubro.

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Competição predatória

"O segundo turno inaugura um período de competição fiscal predatória promovida principalmente pelo Bolsonaro", avalia o coordenador do Observatório Fiscal da Fundação Getúlio Vargas, Manoel Pires. O custo de conceder a 13.ª parcela a mulheres que recebem o Auxílio Brasil é de R$ 10,1 bilhões. Segundo informações da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do Ministério da Cidadania, são 16,85 milhões de famílias chefiadas por mulheres que recebem o mínimo de R$ 600 do programa.

A promessa do presidente não tem espaço no Orçamento de 2023 enviado ao Congresso, que prevê o pagamento médio de R$ 405. Segundo o Ministério da Economia, o custo extra para a manutenção dos R$ 600 seria de R$ 52 bilhões. Já na comparação com o orçamento do programa em 2022, o custo adicional para o ano que vem é R$ 67 bilhões - pois contempla a inclusão de novos beneficiários, totalizando 21,6 milhões de famílias.

A "fatura" ainda deve aumentar. No mês passado, Bolsonaro prometeu pagar um adicional de R$ 200 a beneficiários que conseguirem um emprego formal. O chamado Auxílio Inclusão Produtiva Urbana já consta na lei do Auxílio Brasil e prevê o pagamento extra, mas ainda não saiu do papel. Procurado, o Ministério da Cidadania afirmou que o programa "está em fase de regulamentação". Ainda não se sabe quanto a medida vai custar.

"Ainda temos um longo mês pela frente para ver o poder da caneta ressuscitando propostas e comprometendo ainda mais o Orçamento do ano que vem", avalia Juliana Damasceno, economista da Tendências.

Outra medida que ficou de fora do Orçamento do ano que vem é a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, que levaria a uma perda de no mínimo de R$ 17 bilhões de arrecadação. A promessa, aliás, vem desde a campanha de Bolsonaro 2018. Há medidas inclusas no Orçamento, como os R$ 11,6 bilhões reservados para reajuste dos servidores do Executivo. Esse valor, porém, só permite uma correção de 4,8%, menos do que a inflação prevista.

Desonerações

Também foram prorrogadas as desonerações sobre combustíveis - grande aposta de Bolsonaro na campanha. A prorrogação da redução do PIS/Cofins e da Cide sobre gasolina, gás natural e etanol custará R$ 34,3 bilhões. Já a do PIS/Cofins sobre diesel e gás de cozinha, R$ 18,6 bilhões.

"Temos a obrigação de, num horizonte de oito anos, reduzir os gastos tributários pela metade - e estamos indo na contramão", diz Damasceno. "Por que a gente prorrogaria essa desoneração se o próprio Ministério da Economia diz que não teremos pressão pelo lado do preço no ano que vem, nem do petróleo, nem do câmbio?", questiona. (COM BROADCAST)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dormir é uma parte da rotina fundamental para restabelecimento do organismo. Além de organizar as funções físicas e cognitivas, uma boa noite de sono fortalece o sistema imunológico do corpo e também é um ato de autoacalento, de cuidado para a constituição física. Entretanto, atividades intermitentes e fatores externos como estresse e ansiedade podem resultar na falta ou privação de sono, que é cientificamente comprovado que prejudicam a saúde do coração.

A médica neurologista Dalva Poyares, do Instituto do Sono, explica as diferenças entre eventos que limitam o sono e a doença que acomete pessoas que passam pela abstinência excessiva dele. "A falta de sono ou privação é diferente da Síndrome do Sono Insuficiente. Uma coisa é perder o sono por um dia ou curtir algum evento e ficar três dias sem dormir, por exemplo. Esse é um caso. A privação de sono aguda é um processo crônico, é outra ocorrência", ensina.

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Há comprovações científicas e estudos, no entanto, que atestam que um encurtamento do período de sono em uma única noite pode mudar o ritmo cardíaco. "Pode ter uma alteração no eletrocardiograma", afirma Dalva.

Algumas doenças podem surgir em decorrência de noites mal dormidas. De acordo com o médico cardiologista e mestre em cardiologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Silvio Gioppato, a falta de sono pode ser um fator para desenvolvimento de doenças que prejudicam as artérias do coração. "Segundo dados e levantamentos, estudos com animais e observacionais de grandes grupos populacionais, a privação de sono, mas também o excesso, predispõe a hipertensão, favorece ou piora o aparecimento e controle da diabetes e como consequência, as doenças de deposição de gordura nas paredes das artérias coronárias", ensina o cardiologista. Comorbidades como a obesidade, também podem ocorrer em decorrência de noites mal dormidas ou a ausência do sono.

Outro fator importante a ser levado em conta é o tempo de descanso. O intervalo ideal para um sono reparador é de seis a oito horas, segundo Dalva Poyares. "Dormir menos de seis horas, na média, pode predispor o indivíduo a consequências cardiovasculares, e o sono de mais do que oito horas pode indicar algum problema ou comorbidade que o indivíduo não tratou e precisa tratar para também não prejudicar o bom funcionamento do coração", pontua.

Apneia Obstrutiva do Sono

A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio do sono relativamente frequente na população. Segundo especialistas, ela pode predominar em homens, mas também acomete mulheres. O transtorno se dá por pequenas obstruções que ocorrem nas vias aéreas superiores, especificamente na região da faringe, atrás da língua e do palato. Segundo a neurologista Dalva Poyares, esse fenômeno faz com que a região responsável pela respiração tenha uma desordem na hora do sono.

"Quando a pessoa relaxa durante o sono, ela pode ter uma redução da respiração, que geralmente é acompanhada do ronco. Na média, são pessoas acima do peso que roncam bastante. Então, se além de dormir pouco a pessoa tem apneia, aumenta muito mais o risco de ter doenças cardiovasculares, arritmia cardíaca e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Também coopera para maior predisposição à Doença Arterial Coronariana, que pode levar ao infarto, até à esclerose", pontua Dalva.

O estresse também é um elemento que precisa ser levado em conta na hora de detectar os sintomas de uma noite mal dormida ou da insônia. "A falta de sono pode ocorrer em decorrência da exaustão excessiva ou ela pode ser a causa de um estresse. Nós temos então uma íntima relação desse fator com a ausência do descanso", alerta Silvio. O cardiologista continua dizendo que isso pode levar a uma sobrecarga do sistema cardiovascular. "Os vasos vão ficar mais contraídos, o coração vai ficar mais acelerado, nós produziremos outras substâncias que serão degenerativas e isso vai trazer danos ao funcionamento do coração, especialmente deposição de gordura na parede das artérias".

Segundo o otorrinolaringologista Guilherme Scheibel, diretor-chefe do Instituto Scheibel, a maioria das pessoas que tem apneia e hipopneia do sono, que é a interrupção parcial das vias aéreas durante o descanso, costumam ter má qualidade na hora de dormir, mesmo que repousem por mais horas, acarretando no estresse, no aumento de peso por uma alimentação inadequada e consequentemente na saúde do coração. "Por isso, normalmente, pessoas assim estão cronicamente cansadas e com níveis de hormônios de estresse aumentados, fazendo com que, ao longo do dia, essa pessoa tenha menos disposição, mais sonolência um apetite por carboidratos maior. Consequentemente, também a facilidade de ganho de peso e dificuldade para perdê-lo. Isso acaba se tornando um ciclo porque, quanto mais a pessoa engorda, mais aumenta a circunferência do pescoço, que é um dos principais fatores que contribuem para o aumento na gravidade da síndrome de apneia e hipopneia do sono".

O cortisol, hormônio do estresse, é um dos agentes responsáveis por despertar o corpo do sono. Ele é um importante elemento executor de reflexos de proteção e impulsionamento da fisiologia quando há perigo. Entretanto, quando os níveis de tensão permanecem elevados mesmo depois de situações específicas, é importante ter o cuidado de tratar a causa do estresse contínuo. Além dos fatores de riscos para doenças cardíacas, pode ocorrer um sono de má qualidade ou a ausência dele. De acordo com Silvio Gioppato, essas alterações podem levar a ocorrências fatais. "Menos de 50% da população está na faixa normal de sono. Por ano, nos Estados Unidos, existem cerca de seis mil acidentes de carro fatais por noites mal dormidas. Ou o indivíduo teve erro de julgamento ou dormiu no volante e acabou sofrendo a colisão. A privação de sono reduz de 3 a 5 anos a expectativa de vida da pessoa".

Insuficiência Cardíaca

A insuficiência cardíaca, que é uma doença em que o coração não bombeia sangue de forma adequada para atender às necessidades do organismo, tem uma relação direta com a Apneia Obstrutiva do Sono. Segundo Dalva Poyares se o indivíduo tem uma insuficiência leve, pode ter um sono praticamente normal, seguindo os devidos protocolos e tratamentos médicos, entretanto, quando a doença é mais avançada, combinada com a interrupção do sono, é necessário ter cuidados redobrados. "O sono da pessoa com insuficiência cardíaca deve ser monitorado. Outro fator que deve ser levado em consideração é o edema, que é um inchaço. Quando não controlado, o líquido que se acumula nos pés na hora do sono, pela pessoa estar deitada, se espalha e isso pode agravar a apneia do sono". A especialista ainda diz que a insuficiência cardíaca traz desconforto, falta de ar, o que leva à insônia, que pode agravar o quadro de um paciente já com a qualidade do sono prejudicada.

Controlar a apneia do sono, contudo, diminui o trabalho e a dinâmica do coração para um bom funcionamento do organismo.

Como ter um bom sono, afinal?

Tratar não somente da saúde do coração, mas também do processo de respiração, é muito importante. Guilherme Scheibel ensina que os acompanhamentos em sua especialidade conseguem evitar desordens noturnas, facilitando, assim, uma boa noite de sono. "O nariz e a parte da boca, mais especificamente a laringe que, tendo uma boa saúde, um bom tônus, conseguem evitar colapsos noturnos, que causam apneia do sono. Ou seja, respirar bem pelo nariz é muito importante e ter um bom tônus muscular e uma circunferência do pescoço adequada contribuem para um sono melhor".

Muito mais do que recorrer a medicações, os especialistas são unânimes: o ideal para se ter uma boa noite de sono, além do acompanhamento médico adequado para quem possui já doenças crônicas, é criar um ambiente favorável para o sono. Evitar exposição à luz intensa como de computadores, smartphones e televisores. A iluminação vinda desses dispositivos antes de dormir ativa o sistema nervoso central que entende que ainda é dia, retendo a liberação da melatonina, que é o hormônio do sono, e ocorre a dificuldade em dormir. Evitar bebidas e alimentos estimulantes como a cafeína e o cacau também são recomendados. A parte de tudo isso, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos também são bem-vindos. Dormir faz parte de ter uma rotina benéfica para bom desempenho cognitivo, no trabalho, mas também para manter o coração com suas funções preservadas.

As projeções para o avanço da doença de Alzheimer colocam o Brasil em um situação desafiadora: o número de casos de demência pode aumentar muito nas próximas três décadas. E não só aqui. A alta da doença deve ser maior em países de média e baixa renda, como os demais da América Latina, na comparação com as nações mais ricas.

Essa tendência acende o alerta para a necessidade de que o Brasil prepare seu sistema de saúde para atender ao grande contingente de pessoas que precisará de ajuda médica - e seus familiares, que assumem o cuidado. Também ressalta a importância de estratégias de prevenção para reduzir o volume de pessoas com demência.

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O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa e progressiva. Pessoas diagnosticadas com Alzheimer ou outras demências passam a ter dificuldades para realizar tarefas cotidianas e deixam de trabalhar. Com custo global de US$ 1,3 trilhão, as demências são hoje uma das principais causas de incapacidade e dependência em todo o mundo.

No Brasil, ainda não há clareza sobre o total de pessoas com a doença, mas estima-se que cerca de 2 milhões vivam com demências - o Alzheimer corresponde à maior parcela. Para 2050, a projeção é de que esse número chegue a cerca de 6 milhões de pessoas - um aumento de 200%.

O envelhecimento acelerado da população brasileira amplia os desafios. Em países europeus, como na França, foram cem anos para que a taxa de idosos dobrasse. "No Brasil, está levando só algumas décadas", explica Cleusa Ferri, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Por isso, a importância de ter ações muito rápidas para cuidar das pessoas nessa faixa da vida."

Em todo o mundo, a previsão é de que os casos de demência passem de 57,4 milhões para 152,8 milhões - uma alta de 166% - em 2050. A tendência de crescimento é menor do que a média global em países como Alemanha, Itália e Japão. E maior em outros, como Brasil, Bolívia, Equador, Peru e países africanos. Os dados fazem parte de uma pesquisa global publicada neste ano na revista Lancet Public Health.

O aumento e o envelhecimento populacionais são as principais razões para a projeção de crescimento maior do Alzheimer em países da África e da América Latina. Problemas de baixa escolaridade e hábitos de vida pouco saudáveis também concorrem para que a incidência de pessoas com demência não caia nessas regiões.

Em países da América do Norte e da Europa, por exemplo, os dados já sugerem uma tendência de redução na incidência de demência - o que cientistas atribuem ao aumento nos níveis de escolaridade e à maior oferta de tratamentos para problemas cardiovasculares, uma das principais formas de se prevenir contra o Alzheimer.

Países de alta renda já têm serviços de cuidados para pessoas com demência, como atenção primária e reabilitação, mais estruturados, segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), do ano passado. Já as nações de baixa e média renda, como o Brasil, são mais dependentes dos cuidados informais desempenhados pelos familiares, que muitas vezes têm de deixar suas atividades profissionais, com impactos à economia.

Início precoce

Em países latino-americanos, a presença associada de demências vasculares e Alzheimer preocupa. "A prevalência de demência na América Latina é a maior do mundo. E não só é muita gente (com demência), mas ela começa dez anos antes aqui", alerta Claudia Suemoto, professora de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Entre outros temas, Claudia pesquisa de que modo reduzir os fatores de risco na população brasileira, como controlar doenças como hipertensão, obesidade e diabete, pode ajudar a evitar casos de Alzheimer e outras doenças. Uma pesquisa nesse sentido, publicada há dois anos na Lancet, mostrou que 12 fatores de risco estão ligados a 40% dos casos de demência, incluindo o Alzheimer, em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é de que o potencial de prevenção seja ainda maior.

Um dos focos, segundo os cientistas, deve ser a escolarização da população. Claudia explica que estudar no início da vida ajuda a formar o que se chama de "reserva cognitiva". É como se fosse uma poupança no cérebro - quanto maior, menor o risco de que os danos ligados ao envelhecimento comprometam as funções cerebrais.

"Há uma janela de oportunidade incrível para prevenir não só demência como outras doenças mentais", diz a pesquisadora. Além da educação formal, explica a especialista, atividades intelectuais como aprender um novo idioma ou a tocar instrumentos ajudam a formar essa "poupança" de conexões.

Política

Apesar do cenário preocupante para as demências no Brasil, ainda faltam políticas específicas sobre o tema, na avaliação de especialistas. O Brasil se comprometeu a elaborar um plano sobre o assunto, que ainda não existe. Um projeto de lei que cria a Política Nacional de Enfrentamento à Doença de Alzheimer está em debate no Congresso Nacional. Alguns municípios, como São Paulo, já têm planos locais.

"Há países em que isso já está mais avançado, como Costa Rica, Chile. No Brasil e em vários outros países, isso está no radar, mas não foram tomadas medidas efetivas", diz Paulo Caramelli, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do conselho consultivo da Sociedade Internacional para o Avanço da Pesquisa e Tratamento da Doença de Alzheimer.

Falta de dados

Um dos pontos de partida para isso é reconhecer a complexidade da situação brasileira: ainda não se sabe a exata incidência da doença nem a mortalidade. Há ainda alta subnotificação: pesquisadores estimam que mais de 1 milhão (dos 2 milhões de casos) não tenham sido diagnosticados. Essa situação coloca pacientes e parentes em um limbo de proteção e cuidados.

Para Cleusa, é preciso educar a população brasileira para o Alzheimer. A falta de conhecimento sobre demências faz com que, muitas vezes, as perdas de memória sejam vistas como um sinal normal de envelhecimento - o que não é verdade. A pesquisadora coordena o primeiro mapeamento do Brasil sobre Alzheimer, financiado pelo Ministério da Saúde, e que deve ser publicado no ano que vem. "É necessário apoiar a família e oferecer serviços de cuidado a curto e longo prazo."

O Ministério da Saúde aponta que as demências devem ser entendidas "como uma prioridade em saúde pública" e destaca iniciativas como um curso para os cuidadores e a elaboração de guias com orientações para rastreio de demências e transtornos cognitivos leves.

A proposta de Orçamento para 2023 (PLN 32/22) mostra que a reforma da Previdência teve um forte impacto para a redução do déficit do regime dos servidores públicos. Para 2023, o déficit projetado é de R$ 47,3 bilhões, mas, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o déficit deve passar de 0,64%, em 2021, para 0,49%, em 2023.

Também no regime geral do INSS, o déficit deve sair de 3,79% do PIB, em 2020, para 2,49%, em 2023. A equivalência com o PIB, que é quanto o País produz em um ano, tem o objetivo de possibilitar a comparação entre os valores. O déficit em valores deverá ser de R$ 265,6 bilhões no regime geral. O Orçamento que é pago com receita de impostos tem um valor total de R$ 2,2 bilhões.

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Outra despesa significativa é a com pessoal, que deve atingir R$ 395,8 bilhões em 2023. Apesar de alta, essa despesa também vem caindo em relação ao PIB e está bem abaixo dos limites dados pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Na lei, existe um limite de 50% da receita líquida para as despesas com pessoal da União. Para 2023, esse total está em 32,05%.

Tabela divulgada pelo Ministério da Economia mostra que o total destinado para a manutenção da máquina pública e investimentos dos ministérios deve cair de 8,4% do PIB para 6,3% ou R$ 99 bilhões. Este percentual girava em torno de 20% até 2015. Estes recursos são chamados de discricionários porque seriam passíveis de corte.

Os ministérios da Saúde e da Educação têm os maiores recursos discricionários – mais de R$ 20 bilhões cada. Em seguida, vem o Ministério da Defesa, com R$ 11,5 bilhões e, depois, Infraestrutura com R$ 7,3 bilhões, veja abaixo.

*Da Agência Câmara de Notícias

Cresceu nos últimos meses o número de brasileiros que não conseguem levar para casa toda a comida que escolhe e coloca no carrinho do supermercado. O corte na compra ocorre na boca do caixa, quando o valor da conta passa do previsto. A saída tem sido abandonar desde itens básicos, como óleo de soja, até supérfluos, como refrigerantes.

Impulsionado pela alta de preços dos alimentos, o carrinho que fica nos caixas dos supermercados está cada vez mais cheio. Entre janeiro e junho deste ano, 4,997 milhões de itens foram abandonados. É um volume quase 16,5% maior que o do primeiro semestre de 2021, ou 704,9 mil itens a mais, revela pesquisa inédita feita, a pedido do Estadão, pela Nextop. A empresa atua há 25 anos com tecnologia de segurança do varejo.

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Por meio de inteligência artificial e de um grande banco de dados, foram extraídas informações autorizadas do movimento de caixa de 982 supermercados de médio e pequeno porte do País, que atendem a todas as faixas de renda e que juntos vendem R$ 5 bilhões.

Para chegar ao volume de produtos abandonados, Juliano Camargo, CEO e fundador da empresa, reuniu itens cancelados e produtos que o consumidor consultou o preço e desistiu.

"Um crescimento de 16,42% na quantidade de itens abandonados é altíssimo e reflete que muita gente deve estar tomando susto", afirma Camargo. Apesar de não ter uma série longa de dados, ele acredita que as devoluções não teriam aumentado se a inflação de alimentos estivesse controlada.

Em julho, o IPCA teve deflação de -0,68%, por causa dos corte de impostos de combustíveis e eletricidade. Porém, os preços da comida se aceleraram e aumentaram 1,30%, ante avanço de 0,80% em junho. Em 12 meses, alimento subiu 14,72%, ante IPCA de 10,07%.

O economista Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar), ressalta a clareza desse indicador. "O tamanho da pilha de produtos deixados no caixa é a medida concreta do tamanho da crise." Ele diz que indicadores de inflação, renda e emprego têm dimensão abstrata.

SEM REFERÊNCIA. Além da falta de dinheiro, Felisoni acrescenta que a perda de referência de preços, provocada pela aceleração da inflação, e a pouca clareza da loja para passar a informação aos clientes podem contribuir para desistência da compra.

A Associação Brasileira de Supermercados não tem dados sobre devoluções. Marcio Milan, vice-presidente, diz que o resultado do estudo é um alerta para empresas e que eventualmente isso pode estar acontecendo em maior ou menor escala, dependendo do tipo de loja e da região. •

Um ranking dos dez produtos mais devolvidos pelos consumidores no caixa de supermercado no primeiro semestre deste ano indica que a alta de preços da comida é generalizada: atinge pobres e ricos, com itens básicos e supérfluos.

Quem lidera a lista é o refrigerante, aponta um estudo da Nextop, empresa especializada em tecnologia de segurança. Na sequência vem o leite, seguido pelo óleo de soja, cerveja e açúcar. Dos dez itens que mais sobraram na boca do caixa, quatro são básicos - leite, óleo de soja, açúcar e farinha de trigo - e seis não tão essenciais - refrigerante, cerveja, molhos, biscoitos, hambúrguer e bebida láctea.

Quatro produtos mais abandonados no caixa - leite, óleo, cerveja e biscoito - também constam entre os dez que registraram as maiores quedas nas quantidades vendidas no varejo de autosserviço no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado, segundo um levantamento inédito feito, a pedido do Estadão, pela NielsenIQ, consultoria que monitora as vendas dos produtos nos supermercados.

A cerveja puxa a fila dos itens com maiores quedas de venda em volumes apurada pela consultoria, com -15,6%, seguida pelo leite (-13,7%), cortes de frango (-11,6%), café (8,5%), legumes (-8,2%), óleo (-7%), queijos (-6,5%), biscoitos (-5,1%), industrializados de carne (-2,8%) e cortes bovinos (-2,7%).

Não por acaso, vários desses produtos estão entre os que mais registram altas de preços nos últimos meses, como leite, café, óleo, carne, biscoito, por exemplo, segundo o IPCA, índice oficial de inflação.

A freada brusca do consumidor na reta final das compras provoca um efeito em cascata. O encalhe faz com que os supermercados comprem volumes menores da indústria e esfriem o ritmo de produção e atividade. "Hoje, o nível de estoques dos supermercados é o mais baixo dos últimos anos", afirma Juliano Camargo, CEO da Nextop.

Na opinião de Marcio Milan, vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados, o setor está fazendo compras mais planejadas por conta dos níveis de inflação atingidos. "As negociações estão muito mais intensas, à procura sempre do menor preço." Segundo ele, falta de algum produto é algo momentâneo e não há indicação de desestocagem.

MAIS TRABALHO. O movimento de devolução nas prateleiras de itens deixados pelo consumidor no caixa cresceu desde o mês passado numa loja da capital paulista onde Marcos Paulo da Silva Moura é subgerente. "Antes, eram no máximo dois carrinhos por período e agora são de três para cima." Entre os itens que mais retornam às prateleiras estão carne e os supérfluos, como biscoitos, frios e laticínios. Estes últimos voltam imediatamente para a geladeira para evitar perdas. O maior ritmo de devolução aumenta a carga de trabalho do pessoal de loja.

A aposentada Maria do Carmo Azevedo, de 63 anos, que ganha um salário mínimo e faz bico como diarista, por exemplo, já deixou produto no caixa várias vezes. Com um pacote de pão na mão e outro de mandioquinha e abóbora - ingredientes para preparar a sopa -, na última quarta-feira ela conferia o preço do biscoito, que, segundo ela, subiu de R$ 3 para 6,98, e fazia contas. "Se passar de R$ 30 vou ter de tirar alguma coisa, porque amanhã tem de comprar pão de novo."

Maria do Carmo conta que ficou muito constrangida nas ocasiões em que teve de devolver produtos na boca do caixa. "Já aconteceu isso algumas vezes por eu ter feito conta errada e também por me surpreender com os preços: hoje é um e amanhã é outro."

Já a consumidora Juliana Gomes Rosa, de 35 anos, casada e mãe de dois filhos, que trabalha no mercado financeiro, nunca teve de devolver produto no caixa. Mas a seleção é feita antes. "Tenho deixado de escolher coisas que gostaria de comprar", conta.

De seis meses para cá, Juliana sentiu uma diferença muito grande nos preços e no gasto da compra do mês. Até pouco tempo desembolsava, em média, R$ 1,5 mil. Hoje gasta um pouco mais de R$ 2 mil, mesmo tendo reduzido a compra de itens não essenciais, como chocolates e laticínios, e cortado quantidades de básicos, como açúcar. "O nosso poder de compra não aumentou e os preços estão um absurdo."

Ela explica que o aumento da inflação levou à perda de referência de preços de vários produtos, como leite, café, ovos, óleo, azeite, por exemplo. Juliana diz que ela, como todos os brasileiros, está tentando viver um dia após o outro para não ficar ansiosa e ter reflexos em outras áreas da vida. "Toda essa situação não impacta só as compras: é a viagem, a escola. Tudo isso a gente tira para poder se alimentar."

Pressionados pela alta dos custos, acentuada no último mês como consequência da guerra na Ucrânia, produtores de suínos e ovos passaram a reduzir suas ofertas em uma tentativa de elevar os preços de venda e diminuir os prejuízos que foram acumulados nos últimos dois anos. A medida deve dificultar - ainda mais - a vida do consumidor, que enfrenta uma inflação de 11,3% nos últimos 12 meses.

Desde o início da pandemia, a cotação do milho, uma das principais matérias-primas da atividade, avançou 71%. Enquanto isso, o preço no atacado da caixa de ovos comercializada em Bastos (SP), cidade que é a maior produtora de ovos do País, aumentou 36%. No caso da carne de porco, a situação é ainda mais delicada: o valor médio pelo quilo pago ao produtor em cinco Estados subiu 18%.

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A analista Juliana Ferraz, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea-Esalq/USP), explica que, para os produtores de suínos, há uma dificuldade de repassar a alta nos custos porque a carne é tida como produto intermediário, nem caro nem barato.

Isso significa que, quando a carne bovina encarece, os consumidores não recorrem à de porco, mas à de frango. "Os preços do suíno acabam ficando muito voláteis e é mais difícil fazer o repasse", diz Juliana.

Preço da ração

Segundo ela, a suinocultura vive uma das piores crises da história, com produtores tendo prejuízos há mais de um ano. Entre as principais dificuldades enfrentadas pelo setor está o preço da ração. Do total do custo de produção, 70% é com milho e farelo de soja.

O suinocultor Fernando Haidemann Esser, de Santa Catarina, conta que, antes da pandemia, pagava R$ 45 na saca de milho e R$ 1,20 no quilo do farelo de soja, também usado na alimentação animal.

Em março, chegou a pagar R$ 105 e R$ 3,10, respectivamente. Sem conseguir repassar essa alta, diminuiu o número de matrizes de 600 para 400. "A cada ano eu renovava metade do plantel. Desde agosto passei a reduzir. Minha reserva financeira acabou. Não tenho mais como fazer reposição", diz. "Antes da guerra, a alimentação já estava cara, mas tinha perspectiva de que os preços começassem a cair. Com a guerra, ficou mais difícil."

Segundo o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, Losivanio de Lorenzi, o prejuízo dos produtores da região hoje é de R$ 1,10 por quilo de carne e deve se manter por mais um ano, período em que os custos estarão pressionados e ainda haverá excedente de carne suína no mundo.

A oferta da proteína tem crescido globalmente desde 2019, quando a peste suína africana dizimou o plantel da China. Produtores de todo o mundo ampliaram suas ofertas de forma desordenada para atender o mercado oriental.

Ovos

O setor de ovos também tem registrado perdas. Segundo o Sindicato Rural de Bastos, com o aumento no preço das commodities desde 2020, o custo para produzir uma caixa de 30 dúzias alcançou R$ 200, enquanto o preço de venda ronda os R$ 140.

Cristina Yabuta, diretora da entidade, reconhece que houve alta de 40% no preço de venda apenas neste ano, mas afirma que, ainda assim, não foi suficiente para cobrir os custos.

Segundo Cristina, diante do prejuízo, os produtores passaram a mandar as galinhas para o frigorífico e, assim, o número de aves destinadas à produção de ovos caiu de 12 milhões em 2020 para 8 milhões. "Nunca imaginamos que teríamos tanto prejuízo. Cada galinha é um rio de custos sangrando. E, para nosso consumidor, que é a base da pirâmide, também não está barato", afirma.

Com três granjas em operação em Bastos, Jorge Miyakubo precisava comprar 27 mil pintinhos a cada dois meses para manter o nível de produção. Agora, reduziu para 21 mil. "Tive de diminuir porque, quanto mais ração, mais prejuízo. Não estou repondo o total para ver se os preços melhoram."

Cristina afirma que o equilíbrio entre custo e preço de venda só deve ser atingido quando houver redução ainda maior no número de aves. Isso deve levar cerca de um ano para ocorrer, dado que, ao contrário do ciclo da carne de frango, o do ovo é longo. São ao menos seis meses para a galinha botar os primeiros ovos e, a partir daí, mais 70 semanas produzindo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Se os produtores de carne suína e ovos já enfrentavam dificuldades desde o começo da pandemia por conta da alta das commodities, a guerra se tornou motivo extra de preocupação. Com a Ucrânia e a Rússia sendo, respectivamente, o quarto e o sexto maiores exportadores de milho, a cotação disparou nas primeiras semanas após a invasão russa.

A média do preço da saca ficou em R$ 99,69 - valor que não se via desde maio de 2021 e quase o dobro do registrado dois anos atrás.

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Agora, porém, há sinais de trégua no mercado, o que pode garantir, ao menos temporariamente, um alívio aos produtores de proteína animal.

Por enquanto, o preço médio da saca de milho é de R$ 90,22, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea-Esalq/USP).

Além da desvalorização do dólar ter ajudado nesse recuo, a expectativa de que a segunda safra deste ano no Brasil será boa reduziu a pressão no preço.

Terceiro maior exportador de milho, o País deve ter uma oferta 46% maior na segunda safra de 2022 na comparação com a de 2021, segundo estimativa divulgada na semana passada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Exportação

Dados dos EUA apontam que, pelo menos neste ano, as exportações ucranianas ficarão 23% abaixo do esperado. É uma redução significativa no volume de milho disponível no mercado, mas inferior ao que se esperava em março.

Ainda que haja indicativos de uma melhora para os produtores de proteína, a tendência é que os preços também não recuem muito mais. No mercado futuro, a cotação fica entre R$ 86 e R$ 87 até o fim do ano.

Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, os preços devem se manter elevados até início de 2023.

O pesquisador Lucilio Alves, do Cepea-Esalq/USP, lembra que ainda não se sabe se os ucranianos vão conseguir plantar a próxima safra. "A guerra prejudica o fornecimento de sementes, combustível, fertilizantes, além da comercialização. Boa parte da produção era escoada via Mar Negro, o que fica complicado agora. Isso tudo ainda pode mexer nos preços", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quatro semanas após do início da ofensiva na Ucrânia, os primeiros efeitos concretos das sanções ocidentais e da repressão começam a ser notados no dia a dia dos russos. Confira abaixo alguns exemplos selecionados pela AFP:

- Açúcar -

As imagens de pessoas brigando por açúcar em supermercados foram muito compartilhadas nas redes sociais, com muitos russos correndo para comprar comida nos últimos dias por medo da escassez.

Nas lojas, o açúcar - cujo preço disparou - começou a ser racionado.

Uma parte da população, traumatizada pelas dificuldades dos anos 1990, busca estocar esse produto, muito usado para conservar alguns alimentos, assim como o trigo sarraceno.

As autoridades têm tentado tranquilizar a população, negando que estes produtos sejam escassos, dias depois de terem limitado as exportações. Nesse contexto, o Kremlin fez alusão a uma reação "emocional" por parte dos consumidores.

- Folha de papel -

Outro produto básico que está com o preço nas alturas e chegou a sumir de algumas prateleiras é a folha de papel. Seu preço dobrou, triplicou, ou até mais, nas vendas pela Internet.

Algumas fábricas, como a SvetoCopy, na região de São Petersburgo (noroeste), suspenderam sua produção por falta de clorato de sódio. Usada para branquear papel, esta substância é, em grande parte, importada.

Na segunda-feira (21), o ministro do Comércio disse que a situação "vai-se estabilizar" em breve.

- Viagens -

Há anos, surgiu uma classe média acostumada a viajar pela Europa e por outras partes do mundo. Agora, isso acabou, por causa das sanções, com os países ocidentais fechando seu espaço aéreo para as companhias aéreas, que também não conseguem obter peças de reposição do exterior, ou seguros válidos para fora do país.

Da Rússia, os voos internacionais são contados nos dedos de uma mão. Os voos domésticos podem acabar sendo feitos, em grande parte, por aviões russos, como o Superjet, cujo início foi marcado por acidentes. A segurança aérea pode se ver afetada como um todo pelas sanções.

Nas redes sociais, os russos brincam sobre suas futuras férias em casa, ou na Ásia Central. Uma piada com gosto amargo, pois remonta à União Soviética e às suas viagens impossíveis.

- Divisas e cartões bancários -

Com a suspensão das operações da Visa e do Mastercard para as contas russas, os russos no exterior ficaram sem acesso ao seu dinheiro. O ApplePay também parou de funcionar na Rússia. Com isso, os russos não podem mais comprar aplicativos de pagamento, jogos, ou outros bens digitais.

Com a medida, também ficam sem acesso a serviços como a Netflix. A empresa suspendeu seus serviços na Rússia, porque os pagamentos não podem ser feitos. Além disso, foram impostos rígidos controles de capital, tanto para a retirada e quanto para a compra de moeda estrangeira e para saques no país.

- Redes sociais -

A Rússia bloqueou o Facebook em seu território, em represália à decisão do grupo americano de proibir meios de comunicação próximos ao poder (como a emissora RT, ou o portal Sputnik) na Europa.

O acesso ao Twitter também foi fortemente restringido por motivos parecidos. E o mesmo aconteceu com o Instagram, usado como site por muitas pequenas e médias empresas (PMEs) russas. A Meta, empresa controladora do Facebook e do Instagram, foi classificada como uma organização extremista pelo governo.

O efeito da alta dos combustíveis não vai se restringir às bombas dos postos de gasolina ou às prateleiras dos supermercados, inflacionadas com o custo do transporte. A conta de luz também vai subir.

O governo e órgãos do setor elétrico ainda fazem as contas, uma equação complicada em função da volatilidade diária que domina os preços dentro e fora do Brasil, mas o fato é que o preço do óleo diesel subiu, e esse repasse é inevitável para bancar as operações de usinas térmicas movidas pelo combustível.

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Essas usinas, que são as mais caras de todas as fontes de geração, já foram acionadas à exaustão até o fim do ano passado, por causa da crise hídrica. Com as chuvas de verão, parte delas foi desligada, mas ainda assim há centenas que continuam em operação, por dois motivos: o primeiro é que essa geração ajuda a preservar os reservatórios das hidrelétricas para que eles atravessem o período seco; o segundo é que as térmicas a óleo são, basicamente, a única fonte de energia elétrica em centenas de municípios do Brasil que ainda não estão conectados ao sistema nacional de transmissão de energia.

Seja qual for o motivo de acionamento das usinas a óleo, quem paga mais essa conta é o consumidor. Cada centavo gasto por essas térmicas é bancado por um encargo embutido na conta de luz, a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). No fim do ano passado, já se previa que as despesas com o encargo subiriam 21% neste ano, chegando a R$ 10,3 bilhões, justamente em função do aumento dos preços dos combustíveis. Agora, em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia e das dificuldades de se prever os impactos nos preços dos combustíveis, não se sabe exatamente onde isso vai parar.

Distribuidoras

O Estadão apurou que, desde a semana passada, as principais distribuidoras de energia da Região Norte, onde funciona a maioria das usinas térmicas, passaram a fazer contas e procuraram a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para tratar do assunto.

Tome-se como exemplo o caso de Boa Vista. A capital de Roraima, que é a única do País que não está conectada ao sistema interligado nacional, depende completamente de usinas a óleo diesel. Por dia, é consumido mais de 1,05 milhão de litros de óleo diesel para abastecer a cidade e sua região. "O reflexo imediato na alta do diesel é basicamente o aumento do preço médio da energia, o que impacta sobremaneira a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), haja vista que o custo acima da cobertura tarifária é totalmente coberto via reembolso pelo encargo", afirmou a distribuidora Roraima Energia.

A Amazonas Energia declarou que "os limites de preço para os insumos de geração dos sistemas isolados são definidos pela regulamentação" do setor. Por isso, tem tratado do tema com os agentes públicos que fiscalizam o setor elétrico.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia também provoca estragos na cadeia da pecuária. Criadores de bovinos, suínos e aves, que têm boa parte de custos baseada no consumo de grãos (como milho e farelo) para alimentar os animais, terão pela frente um cenário mais complicado.

A Ucrânia é uma grande produtora de milho e a Rússia, um dos maiores produtores de trigo. Mesmo que o trigo não seja usado como ração no Brasil, quando o preço do grão sobe ele puxa a cotação de outros grãos.

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Apesar da alta moderada esperada para o preço do milho, a principal fonte de ração animal, na casa de um dígito, analistas afirmam que o nível atual das cotações do grão já é muito elevado e pressiona custos. "O aumento dos preços das commodities vai impactar no custo das cadeias de produção de aves, suínos e bovinos", afirma Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA.

Ele diz que essa alta adicional de preço do milho por conta do conflito piora um quadro que já era crítico para muitos pecuaristas. Isso porque houve quebra na segunda safra de milho de 2021, e a primeira safra do grão deste ano foi afetada pela seca no Sul.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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