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Uma máscara esculpida da África Central do século 19 foi leiloada por 4,2 milhões de euros na França neste sábado (21), apesar dos protestos durante a venda pelos gaboneses exigindo seu "retorno" ao país de origem.

A peça de madeira, extremamente rara e de linhas limpas, pertencia a uma sociedade secreta do povo Fang do Gabão.

O preço do leilão "pulverizou" a estimativa inicial de 300.000 a 400.000 euros, disse o Hotel des Ventes em Montpellier (sul da França) em um comunicado.

Com impostos, os lances chegaram a 5,25 milhões de euros. A peça foi vendida a um valor próximo ao de outra máscara Fang, que inspirou pintores como Modigliani e Picasso no início do século 20, leiloa por um preço recorde de 5,9 milhões de euros em Paris em 2006.

"Isso é saque", exclamou do fundo da sala de leilões um homem que disse ser parte da comunidade gabonesa de Montpellier, informou um jornalista da AFP.

"Não se preocupe, vamos fazer uma denúncia. Para os nossos, meus ancestrais, da comunidade Fang, vamos recuperar esse objeto", um "ativo colonial adquirido ilegalmente", disse , acompanhado de meio dezenas de seus compatriotas.

Acompanhados pelo serviço de segurança, os manifestantes saíram calmamente da sala, continuando a protestar contra o leilão em curso de obras de arte africanas.

Entre os objetos à venda estava também um trono do Congo, vendido por 44 mil euros.

Disputada por dez licitantes, segundo a sala de leilões, a máscara Fang foi adquirida por um comprador por telefone.

A peça, com 55 cm de altura, chegou em 1917 em circunstâncias desconhecidas às mãos do governador colonial francês René-Victor Edward Maurice Fournier (1873-1931), provavelmente durante uma visita ao Gabão, segundo a casa de leilões.

O curador dpo leilão, Jean-Christophe Giuseppi, lembrou que existem apenas cerca de dez máscaras desse tipo no mundo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta sexta-feira que o persistente surto de febre amarela na África Central é "sério e passa muita preocupação", mas que não há necessidade de declarar emergência mundial.

Na quinta-feira, a agência das Nações Unidas convocou um comitê de especialistas para avaliar se a epidemia da doença seria uma emergência mundial de saúde. A última vez que a OMS declarou emergência foi no começo do ano, para o zika vírus. Antes disso, o termo foi utilizado em 2014, na época do surto da Ebola.

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Depois de horas reunião, o presidente do comitê, Oyewale Tomori, anunciou que, apesar de a febre amarela não apresentar todas as condições para ser declarada emergência internacional, será necessário "intensificar medidas de controle", como maior vigilância e mais políticas de vacinação.

O surto já atingiu mais de 2 mil pessoas e matou aproximadamente 300. Identificada pela primeira vez na Angola em dezembro de 2015, a doença já chegou ao Congo, à Quênia e à China. A febre amarela costuma ser comum em regiões tropicais na África e na América Latina, mas até este ano nunca havia chegado à Ásia.

Atualmente, não há nenhum tratamento para a doença transmitida por picada de mosquito. E, apesar de haver vacina, os estoques mundiais são limitados. Os sintomas mais comuns são febre, dores musculares e enjôo.

A decisão da OMS de não classificar a febre amarela como emergência global foi considerada um erro por alguns especialistas. "Por que esperar que a crise chegue a nós para agir?", questionou Michael Osterholm, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Minnesota.

"A África é como uma lata de gasolina esperando para ser atingida pela febre amarela", disse Osterholm. Ele também prevê que a doença, eventualmente, se espalhe, podendo chegar mesmo aos Estados Unidos.

Entomologista do Instituto Pasteur de Paris, Paul Reiter descreveu a habilidade do mundo de controlar mosquitos como "absolutamente nula", e alertou que a situação na África pode se transformar em uma "catátrofe global". Reiter ressaltou que o mesmo mosquito que transmite febre amarela, também transmite zika e dengue - e os casos desses dois últimos também aumentaram nos últimos meses.

"Não acho que deveríamos deixar de lado o potencial negativo desta epidemia", afirmou o diretor de operações do Médicos sem Fronteiras, Bart Janssens. "Trata-se de uma situação muito fora do comum", completou. Segundo o diretor da organização, a febre amarela está circulando em duas capitais africanas, Luanda e Kinshasa, o que aumenta o risco de disseminação internacional.

Fonte: Associated Press.

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